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Incêndio em Canoas

Há uma semana, a capitã Júlia Calgaro comandou um combate

Ocorrência na empresa de plásticos exigiu cinco dias de trabalho até a eliminação das chamas. "A gente saiu do quartel temendo que havia vítimas", conta a oficial

Publicado em: 13/12/2023 às 12h:30 Última atualização: 13/12/2023 às 12h:31
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O incêndio no depósito da Indústria de Plásticos Herc Ltda, ocorrido no início da tarde de quarta-feira (6), causou pânico imediato em Canoas, assim que passaram a surgir os comentários sobre fogo em uma escola.

A capitã Júlia Calgaro coordenou a ação dos bombeiros na ocorrência no bairro Marechal Rondon



A capitã Júlia Calgaro coordenou a ação dos bombeiros na ocorrência no bairro Marechal Rondon

Foto: PAULO PIRES/GES

Exatamente uma semana após o incêndio, a oficial que coordenou a operação, a capitã Júlia Calgaro, recorda o impacto e a tensão vivida antes e depois da ocorrência no bairro Marechal Rondon.

Conforme a capitã, de imediato, os bombeiros de serviço que se deslocaram para o local temiam o pior. Isso porque as informações iniciais apontavam que o incêndio havia atingido a escola.

“A gente saiu do quartel temendo que havia vítimas”, recorda. “Mas após constatarmos que todos saíram bem da empresa e as crianças haviam evacuado a escola, foi possível trabalhar sem a preocupação do resgate”.

Ao contrário do que foi dito há uma semana, não havia risco de explosão. A principal preocupação dos bombeiros era não deixar que o vento propagasse o fogo sobre a escola e outras casas nas imediações.

“Até pelo material que era armazenado na empresa, não havia risco de explosão”, confirma. “Só que a preocupação era muito grande que o fogo pudesse se alastrar rapidamente devido ao vento”.

Outro fator que acabou prejudicando foi o acumulo de pessoas nas imediações da ocorrência. Isso mesmo após ser amplamente divulgado que as crianças do Colégio Leonardo Da Vinci estava fora de perigo.

“Atrapalha até pela questão da mobilidade, dos veículos de bombeiros e carros oficiais que precisam se deslocar para o local”, esclarece. “O melhor, nesse tipo de caso, é que as pessoas fiquem em casa”.

Trabalho em equipe

Conforme a capitã, ainda não é possível falar nas causas do incêndio. Sem discutir qualquer hipótese, ela observa que somente o laudo da perícia apontará o que houve na empresa naquela fatídica tarde.

A única certeza é que o fogo se alastrou rapidamente devido ao tipo de material. Ao todo, foram necessários cinco dias de trabalho até a eliminação completa dos focos de incêndio.

“Foram dez horas ininterruptas de combate às chamas e no restante do tempo as equipes se revezaram no trabalho do rescaldo, já que novos focos surgiam em meio ao material queimado de tempo em tempo”, esclarece.

Conforme divulgou o Comando do 8º Batalhão de Bombeiro Militar (CRBMRS), mais de 200 mil litros de água já foram usados para aplacar o fogo, o que seria o equivalente a 40 caminhões de bombeiros.

Ainda segundo a capitã, foram mobilizados mais de 60 bombeiros e o trabalho executado em equipe, até por pelotões que vieram colaborar de longe da cidade, garantiu o bom resultado da operação.

“Tem que ficar claro que o empenho de todos os envolvidos na ocorrência colaborou decisivamente para que tudo terminasse bem e ninguém ficasse ferido”, frisa. “Foi um desafio muito grande, mas conseguimos superá-lo”.

Trocou a Polícia Civil pelo Corpo de Bombeiros

Capitã do 8º Batalhão de Bombeiros Militar (BBM) de Canaos, a capitã Júlia Calgaro conta que sempre teve a vontade de ajudar pessoas, razão pelo qual desde criança mantém admiração no trabalho das forças de segurança e proteção.

Durante dois anos agente da Polícia Civil, resolveu ingressar na carreira como bombeiro militar por acreditar que estaria mais próxima do auxílio a quem mais precisa. Aos 29 anos, diz estar plenamente satisfeita com o trabalho que executa.

“Assim que anunciaram o concurso, me agarrei a oportunidade”, diz. “O trabalho na corporação exige uma entrega muito grande, mas, ao mesmo tempo, é gratificante por significar o auxílio imediato a quem mais precisa”.

Média de 150 ocorrências por mês

Na tarde desta segunda-feira (11), um incêndio atingiu um prédio, às margens da BR-116, na altura do bairro Niterói. O fogo foi controlado pelos bombeiros minutos depois e não houve feridos. Foi apenas uma das cinco ocorrências atendias na cidade na segunda.

Canoas registrou até agora 1.646 ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros. A média é de 150 chamadas por mês para os pelotões da Avenida Santos Ferreira e também do Mathias Velho. São, no mínimo, cinco ocorrências por dia. E a tendência é que o número aumente.

Preparada para o segundo verão atuando em Canoas, a capitã diz se preocupar com o aumento dos incêndios em vegetação, que criam uma enorme demanda para os bombeiros durante o período.

Além disso, os afogamentos, em especial na Prainha do Paquetá, deixam sempre um saldo negativo durante o período de veraneio, já que as cenas envolvendo álcool e água se repetem durante a temporada.

“É preciso que as pessoas se conscientizem da importância de não misturar álcool com banhos na Praia do Paquetá”, adverte. “Quase sempre as vítimas estão atreladas a esse tipo de comportamento, embora a gente avise muito do perigo”.

Entenda o caso

Foi no início da tarde de quarta-feira um incêndio começou na Indústria de Plásticos Herc Ltda. Inicialmente, por meio das redes sociais, houve a divulgação que era o Colégio Leonardo Da Vinci estava pegando fogo. Houve pânico e tumulto nas imediações da instituição, contudo as 372 crianças conseguiram deixar o local em segurança. Também não houve feridos na empresa, já que todos os trabalhadores conseguiram sair. Desde então, o Corpo de Bombeiros trabalha para conter as chamas.

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