ALTERNATIVA

GOSTO RUIM: Procura por água mineral aumenta após problemas na qualidade do abastecimento em Canoas

Consumo é observado por comerciantes desde o fim de semana, quando moradores de diversos bairros passaram a perceber gosto ruim e odor do líquido que sai das torneiras

Publicado em: 09/05/2023 12:12
Última atualização: 07/03/2024 16:23

Foi no sábado que Isabela Sousa notou o gosto ruim da água que saía da torneira, no apartamento em que vive, no bairro Fátima, em Canoas. Como o quadro não mudou, nem pensou duas vezes e correu até o "mercado da esquina" para comprar garrafas de água mineral.

Régis Furtado precisou buscar mais água após a enorme procura em Canoas Foto: PAULO PIRES/GES
"Foi meu filho quem reclamou primeiro", conta. "Ele não tem o costume de pegar água gelada, então toma direto da torneira. Fui experimentar e percebi que estava horrível. Corri no mercado e peguei uma bombona".

Ela não foi a única. Outros moradores também notaram alteração no gosto, além do odor não característico em diversos bairros. Isso levou a uma procura significativa por água mineral em mercados e estabelecimentos que trabalham com a entrega de galões.

Com um serviço de tele-entrega de água que funciona há anos em um estabelecimento na Avenida das Canoas, Régis Furtado costuma comprar em média 170 galões de água para distribuição à clientela. Ele só não imaginava que iria perder dinheiro em pleno mês de maio.

"Quando esfria, as pessoas tomam menos água. Isso é algo natural", observa. "Só que eu nunca poderia imaginar que a água iria ficar tão ruim e todo mundo iria fazer pedidos ao mesmo tempo. Eu não dava conta de atender e chegou a faltar durante o final de semana", diz o trabalhador de 45 anos.

Atendendo em um mini-mercado no bairro Rio Branco, Graziele Almeida relata que também no estabelecimento onde trabalha houve uma enorme procura por água durante os últimos dias.
"As garrafas que a gente tinha sumiram das prateleiras entre domingo e segunda", aponta. "Até as pequeninhas levaram de uma hora para outra".

Prefeitura de Canoas monitora situação

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente monitora a situação desde o final de semana. O problema observado seriam aguapés acumulados, influenciando no gosto da água, devido à proximidade com os pontos de captação. Na Prainha do Paquetá, por exemplo, é possível observar a densa vegetação em vários pontos da margem.

"Notamos o problema e estamos monitorando a situação desde então", avisa. "Fomos até o Paquetá e observamos a movimentação que aconteceu. A margem está cheia de algas e não há muito o que possa ser feito por enquanto".

O aguapé é uma planta aquática flutuante com folhas grandes e redondas que pode chegar a um metro de cumprimento. Embora bonito de se ver, acaba se tornando um problema para reservatórios, rios ou açudes, diz o secretário.

"Acreditamos que a solução a longo prazo está em mudanças no saneamento e no tratamento do esgoto, porque esta movimentação de algas se deve a matéria orgânica que acaba sendo jogada nas bacias hidrográficas que banham Canoas indevidamente".


Água não faz mal à saúde, alerta Corsan

"Em relação ao abastecimento de água de Canoas, Cachoeirinha e Gravataí, a Corsan informa que, devido ao acúmulo de sedimentos nas margens e nos leitos dos mananciais afluentes, ocasionado pela estiagem, na ocorrência das chuvas há o carregamento e revolvimento deste material, acarretando maior presença de substâncias que podem causar odor e gosto na água captada. Nesse sentido, a Companhia realiza adequações no tratamento visando à maior remoção possível das referidas substâncias. Porém, ressaltamos que essas substâncias são reduzidas a baixas concentrações e não fazem mal à saúde. A água distribuída pela Corsan é tratada e monitorada atendendo ao Padrão de Potabilidade estabelecido pelo Ministério da Saúde (Anexo XX da Portaria de Consolidação N°05/2017, alterado pela Portaria GM/MS n° 888/2021 e Portaria GM/MS n° 2472/2021). Assim, reitera-se que a água distribuída à população é própria para o consumo humano".

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