Os temporais e os alagamentos que devastaram áreas urbanas em Canoas e também em Nova Santa Rita, trazendo estragos para inúmeras famílias, felizmente, não trouxeram muitos prejuízos para as áreas rurais dos dois municípios, conforme informações das unidades da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS). No entanto, para procurar as feiras e supermercados para a compra de hortaliças, legumes e especialmente de frutas, é preciso preparar o bolso, pois os preços estão lá em cima.
A justificativa que feirantes como o canoense Tiago Bairros, que tem uma banca no centro de Canoas, têm ouvido dos seus fornecedores ao comprar os produtos para revender é que as chuvas e as enchentes prejudicaram o plantio. “Os preços da batata, da maçã, da laranja, do abacate, do melão, entre outros itens, subiram muito, uma média de 40%. Mas os 25 quilos de batata, por exemplo, que eu pagava em torno de R$ 40,00, na última compra paguei mais do que o dobro”, exemplifica o feirante.
Bairros menciona que o repolho foi outro item que subiu absurdamente. Com esse cenário a alternativa é fazer promoções para atrair os clientes, ainda que a margem de lucro fique menor. “Na manga, a caixa que eu costumava pagar aproximadamente R$ 60,00 subiu para R$ 180,00”, complementa.
De acordo com o engenheiro agrônomo do escritório da Emater/RS em Nova Santa Rita Igor De Bearzi, no município vizinho não houve relatos significativos de perdas agrícolas em decorrência do granizo e das chuvas do mês de janeiro, apesar dos grandes estragos nas áreas urbanas.
“A impressão que tenho é que as perdas foram bem maiores nas áreas urbanas. O excesso de chuvas e o granizo não pegaram muito as regiões dos bairros Cajú e Sanga Funda, onde está localizada a maior parcela da produção de hortaliças. Sobre a produção de arroz, não tivemos relatos de grandes perdas também”, informa.
Com isso, a unidade da Emater na cidade não precisou desenvolver ações específicas para esses eventos climáticos. “Como ainda não fizemos levantamento, não tenho muitos dados”, conclui, destacando as produções de hortaliças, frutas como o melão, do arroz, da soja e do milho.
Dica é pesquisar e aproveitar as promoções
Com os preços elevados dos legumes, frutas e hortaliças, o jeito é pesquisar os menores preços e aproveitar as promoções. A moradora do bairro Mathias Velho Tamira Gabriele reclama dos preços.“Aumentou o valor de tudo na feira, está realmente muito caro. O caminho é pesquisar e buscar os locais com os menores preços.”
Já a empresária Gleici Oliveira tem optado por aproveitar as promoções do hortifruti do supermercado que fica próximo a sua cada, no bairro Nossa Senhora das Graças. “Aproveito para comprar em dias de promoção. Na semana passada achei os produtos mais caros. Consegui comprar as mesmas hortaliças que paguei R$ 2,00 na semana passada, por R$ 0,99.Mas tem umas frutas que não tem como comprar, pelo preço absurdo. Então, vou escolhendo o que está mais barato e comprando poucos itens do que está caro, mas não dá para ficar sem, como o tomate e a cebola”.
Danos na cultura de hortaliças em Canoas
Canoas tem uma produção expressiva de hortaliças, e essa cultura, por ser bastante sensível, sofreu alguns danos. “Conforme o nosso último laudo, houve algumas perdas causadas por ventos”, informa a engenheira agrônoma do escritório da Emater-RS em Canoas Caroline de Lima.
São 22 famílias produtoras e cerca de 80% delas estão no bairro Mato Grande. “Mas encontramos famílias em áreas de cultivos também nos bairros Harmonia, Fátima, Niterói e Guajuviras”, esclarece. Ela comenta que, embora o perfil agrícola não tenha mudado tanto nos últimos anos, houve uma diminuição de famílias de agricultores.
Segundo a engenheira, além das hortaliças, Canoas tem uma zona de arroz e soja, áreas próximas à BR-448.“Mas com essas famílias temos muita dificuldade de obter informações. A soja, não vi plantada essa safra. E o arroz, com a enchente do ano passado, teria atraso no plantio. Não são informações precisas.”
Prejuízos em horta comunitária
Os prejuízos do temporal nas hortaliças também estão exemplificados na Horta Comunitária do bairro Mathias Velho. Após o temporal, os pequenos produtores tiveram que fazer o descarte de parte do plantio.
“No momento estamos nos organizando para substituir o que foi danificado, para manter a produção ativa, que atende a população local que vem adquirir hortaliças e legumes orgânicos a preços populares”, afirma o administrador do local, Marton Eduardo Costa. Costa narra que houve danos em duas estufas. O plástico que recobre a estrutura superior foi rasgado em ambas as extremidades e a estufa pequena das mudas teve o teto e a porta arrancados pela força do vento.
Incentivo aos produtores rurais de Nova Santa Rita
A Prefeitura de Nova Santa Rita iniciou, nessa segunda-feira, 29,o Programa de Horas Máquina, através da Secretaria Municipal de Agricultura. Em 2024, esta edição do programa tem o registro de 182 famílias de agricultores inscritas.
Este é um dos programas de incentivo à agricultura, gerenciados pelo município, informa o secretário de Agricultura, Emerson Giacomelli. “A previsão é de que sejam executadas mais de duas mil horas de trabalho”, informa o secretário. Nos anos de 2023 e 2022 foram contemplados 120 agricultores com este projeto, enquanto que em 2021 foram 67 as famílias que participaram do programa.
LEIA TAMBÉM