Foi em meio ao ápice da cheia causada pelas chuvas que a água do Rio Gravataí rompeu o dique e inundou uma empresa de Canoas, espalhando tonéis com resíduos químicos por todo o bairro Fátima.
Na manhã deste domingo (2), quase um mês após o acidente, as Forças Armadas reuniram aparato de manuseio de produtos químicos para verificar a situação da empresa que permanece em uma área alagadiça.
A ação, batizada de Operação Taquari II, incluiu dezenas de soldados, veículos anfíbios e o uso de roupas, acessórios e equipamentos sofisticados para identificar o nível de poluição da água escura que corre pela Avenida Engenheiro Irineu Carvalho Braga.
Muitos moradores se mostraram surpresos pela manobra “de guerra” ser organizada em função dos “tonéis azuis”, já que os enormes recipientes acabaram se tornando item para que a população atingida usasse de balsa para conseguir se mover nas águas.
“Acho que eles vieram um pouco tarde”, dispara Mário Ademir Moraes. “Teve gente que amarrou os tonéis e criou jangada. Aí eles vieram só agora?”, argumenta o ex-policial ferroviário de 77 anos.
Também moradora do bairro Fátima, Denise Harzheim, 44 anos, reforça que todo mundo achou estranho a demora para que alguma atitude fosse tomada quanto aos tonéis de resíduos. Isso porque a sujeita contida estava sendo depositada por muitos na água.
“Desde o começou, houve essa polêmica com os tonéis aqui no bairro Fátima”, lembra a enfermeira. “Teve gente que abriu os tonéis para armazenar mantimentos. Eu vi isso e achava muito perigoso, porque estava largando sujeita na água”.
Tonéis percorreram dois quilômetros
Engenheira química da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Fabiani Vitt salienta que houve denúncias a respeito dos tonéis e a própria empresa foi acionada para retirá-los da água o mais depressa possível.
“Os tonéis deixaram a empresa boiando e chegaram a percorrer dois quilômetros de distância do ponto em que saíram”, frisa. “Existia a preocupação com o material desde que soubemos do caso”.
Reconhecimento da área
Comandante da 14ª Brigada de Infantaria Motorizada, o general Márcio Trindade coordenou a operação. Ele explica que os soldados farão uma varredura da área para verificar se há algum risco no local.
“O procedimento é uma verificação da área atingida para ver se houve dano e qual o risco imediato à população”, afirmou. “Precisamos saber com que tipo de material estamos lidando inicialmente”.
Conforme o tenente Rafael Castro, responsável pela equipe de campo destacada para reconhecer o terreno, qualquer material nocivo será identificado por aparelhos usados no Brasil e no mundo em tragédias ambientais.
“O reconhecimento da área é importante para que a gente possa reconhecer qualquer agente nocivo à saúde”, esclarece. “Encontrado o agente, montamos o procedimento para a execução do trabalho de remoção”.
LEIA TAMBÉM