Mutirão
Feriado de Corpus Christi é dedicado à limpeza por milhares de canoenses atingidos
Voluntários oriundos de partes não atingidas do Estado reforçam o trabalho nesta quinta-feira (30)
Última atualização: 30/05/2024 13:26
Não houve descanso neste feriado de Corpus Christi para milhares de canoenses atingidos pelas cheias. A ensolarada quinta-feira (30) serviu para o trabalho de limpeza para aqueles que conseguiram voltar para casa.
A aposentada Elinara Belo, 64 anos, criou coragem para voltar e começar a tirar de casa os móveis e eletrodomésticos que acabaram destruídos após dias sob a água suja.
“O desânimo é muito grande de ver as minhas coisinhas de casa virarem lixo, mas estou viva e bem de saúde”, diz. “Muitas pessoas perderam bem mais que isso e acho que não estou no direito de reclamar”.
Após também formar uma montanha de entulhos com os pertences perdidos, Elias Barbosa aproveitou o retorno da água para começar a tirar a lama acumulada na casa, em que vive há cinco anos, bairro Mathias Velho.
“Já encontrei tudo estragado e então só coloquei para fora como todo mundo está fazendo”, conta o operário de 52 anos. “E como voltou a água, agora comecei a limpeza para tirar a lama, mas vai demorar, porque não é fácil”.
E não eram só os canoenses que estavam trabalhando na limpeza de casas no Mathias Velho. Havia também grupos de voluntários vindos de partes não atingidas pela tragédia no Rio Grande do Sul.
Carlos Rodrigues, por exemplo, chegou a Canoas com um grupo de onze voluntários vindo de Caxias do Sul. A ideia era ajudar a limpar o maior número de residências fazendo uso de potentes lava jatos.
“A gente faz parte de uma igreja que decidiu ajudar o povo gaúcho”, explicou o aposentado de 64 anos. “Fomos destacados para Canoas porque é uma cidade que vive grande dificuldade e precisa de auxílio”.
Angústia
Além da população que conseguiu voltar para casa, existe ainda aquela enorme parcela que permanece angustiada pelo retorno, mas impedida devido à água que continua acumulada sobre as ruas do Mathias Velho.
O vigilante Cristian Serpini, 32 anos, “cumpre horário” todos os dias na Avenida Rio Grande do Sul para ver se a água baixou e consegue retornar para caso, o que percebeu ainda não ser possível.
“A gente nota que está baixando, mas é muito lento o processo, porque daqui a pouco vai fazer um mês que estou longe de casa”, dispara. “Tenho certeza que perdi tudo o que tinha lá”.
Já a assistente comercial Kelly Silveira, 35 anos, calçou um par de botas e caminhou até a área inundada de casa só para ver se a residência havia sido saqueada por criminosos que circulam pelo bairro.
“Foi bom descobrir que o portão continua fechado”, conta. “Só que o medo é muito grande porque eu sei que tem coisas que ainda dá para salvar, mas estão roubando em todo o lugar e a gente não tem como fazer nada”.
Prefeitura
Em paralelo ao trabalho de limpeza individual em casas e comércios, há homens e máquinas da Prefeitura Canoas dando início ao processo de limpeza do bairro graças a trégua dada pelas chuvas.