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Esperança

Famílias que permanecem acolhidas devido às cheias organizam ceia de Natal, em Canoas

Chá será organizado na noite desta terça-feira (24) na estrutura montada no Centro Humanitário de Acolhimento Esperança

Publicado em: 23/12/2024 às 16h:29 Última atualização: 23/12/2024 às 16h:30
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Foi no início de julho, em meio a um cenário de começo da recuperação de Canoas do período das enchentes, que houve a inauguração do Centro Humanitário de Acolhimento Esperança.

O casal Ezequiel e Débora, com o pequeno Antony, vive um Natal diferente no Centro Esperança, devido à tragédia



O casal Ezequiel e Débora, com o pequeno Antony, vive um Natal diferente no Centro Esperança, devido à tragédia

Foto: LEANDRO DOMINGOS/GES-ESPECIAL

Pioneiro no Rio Grande do Sul para abrigar as vítimas da tragédia, o local montado no Centro Olímpico Municipal tinha 126 casas com capacidade para abrigar até 630 pessoas.

Passados quase seis meses desde a inauguração, são mais de 400 pessoas vivendo no endereço, cuja estrutura é mantida por órgãos do Estado e Município em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU).

A permanência no local levou a gerência do Centro Esperança a organizar uma ceia de Natal para os desalojados que permanecem bem longe de casa. O evento será realizado na noite desta terça-feira (24).

Conforme o coordenador Eugênio Guimarães, passado o período de enorme dificuldades que viveram as vítimas, é possível trabalhar para garantir um pouco do espírito natalino dentro do espaço.

“Acho que tivemos um ano muito difícil e é importante resgatar este espírito otimista de final de ano”, defende. “Começamos com a decoração e vamos continuar com as ceias de Natal e ano novo”.

Logo na entrada do Centro Esperança, é possível observar os enfeites natalinos e também uma árvore feita com material reciclado pelos próprios moradores do local, segundo Eugênio.

“Os próprios moradores trabalharam muito pela decoração e estão colaborando ativamente na ceia”, explica. “Acredito que todos entenderam a importância do momento”, avalia o profissional que diz serem organizadas também atividades lúdicas para as crianças.

“Chegou o período de férias escolares e então estamos montando uma programação para manter os pequenos em atividades sadias e educativas”.

Mudança

Os preparativos para a ceia de Natal ocorrem em paralelo à mudança das últimas famílias antes abrigadas em uma área pertencente à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) no Centro Esperança.

A movimentação, portanto, era grande de caminhões de mudança e homens na manhã desta segunda-feira (23), com os trabalhos concentrados nos acolhimentos, principalmente, de mulheres e crianças.

Houve inclusive reforço na vigilância. A segurança também foi reforçada no local de maneira a impedir que qualquer “estranho” ingressasse na área se fazendo passar por alguém acolhido.

“A área na Refap acabou desativada após a mudança dos últimos remanescentes e agora todos permanecem reunidos no Centro Esperança”, confirma Guimarães. “A estrutura deve ser mantida até junho do ano que vem”.

Chá Esperança

Batizada de Chá Esperança, a ceia de Natal que ocorre nesta terça-feira tem como protagonistas os próprios acolhidos. Ezequiel Dornelles foi um dos organizadores da iniciativa.

O mecânico de 39 anos vive com a mulher e o filho de apenas um ano e três meses no local. Ele diz que ajudar na decoração e com a festa mantém a mente ocupada durante um período que ainda é de dificuldade.

“Perdemos a casa e a oficina que eu mantinha no Mathias Velho”, relata. “Graças ao acolhimento que recebemos, continuamos de cabeça de pé, então montar a árvore de Natal é algo que dá gosto de fazer depois de um ano tão difícil”.

Sabendo da necessidade de retornar ao trabalho e para uma moradia segura, a esposa de Ezequiel, Débora Cristiane Dornelles, 38 anos, almeja um 2025 de esperança para ela, o marido e o filho pequeno.

“Acredito que o pior, mesmo, já passou, mas agora a gente precisa sair e voltar a trabalhar”, observa. “Anima um pouco saber que vamos ter até uma ceia de Natal. É como se as coisas estivessem voltando, aos pouquinhos, ao normal”.

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