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SOLIDARIEDADE

Família une forças para acolher canoenses em abrigo voluntário

Mesmo afetados pela inundação, família e amigos fazem ação para atender comunidade

Publicado em: 30/05/2024 às 18h:30 Última atualização: 30/05/2024 às 18h:34
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A inundação que tomou mais da metade do município de Canoas tirou milhares de famílias de suas casas. Foi o que aconteceu com Juliano Morais, 38 anos, e Daniele Kaspary, 35: eles tiveram de deixar seu lar no bairro Harmonia e seguir para um abrigo. Mas o local que abrigou o casal também se tornou o teto de dezenas de outras famílias.

A família Kaspary e seus amigos se uniram para mobilizar a operação de um abrigo voluntário em Canoas



A família Kaspary e seus amigos se uniram para mobilizar a operação de um abrigo voluntário em Canoas

Foto: Valentina Bressan/Especial

No primeiro final de semana de maio, Juliano e seu filho, Henrique, já tinham decidido montar lanches para oferecer para pessoas desabrigadas. Quando Jacob Kaspary, pai de Daniele e sogro de Juliano, sugeriu que a família começasse a oferecer abrigo para outros canoenses atingidos pela enchente, todos toparam de imediato.

“Esse galpão era alugado para a empresa do meu filho. O Juliano, meu genro, viu que muitas pessoas desabrigadas não tinham para onde ir, e eu sugeri trazer para a empresa. Era para ser uma semana, mas já estamos funcionando há um mês”, conta Jacob Kaspary, 65. A empresa pertencia ao filho, Ricardo, que faleceu há dois meses.

Juliano, Daniele e o filho do casal passaram a dormir no abrigo também, já que estavam envolvidos com a operação de auxílio no local. Outros amigos da família logo se uniram à ação. Ana Paula, irmã de Juliano, Marta, mãe de Daniele, e o restante da família colocaram a mão na massa. Vizinhos também se juntaram à mobilização.

Juntos, eles circularam por locais para onde pessoas resgatadas estavam sendo direcionadas, e as convidaram para ir ao alojamento no bairro Estância Velha. “Começamos a divulgar e buscar as pessoas. Íamos com o carro em todo lugar que descobríamos que estava lotado. Depois, fizemos uma publicação no Instagram e conseguimos dinheiro e donativos”, conta Juliano.

O local antes vazio ficou repleto de doações – e de gente. No auge, cerca de 90 pessoas ocuparam o galpão. Foram recebidos tantos donativos que a família começou a repassá-los para outros abrigos e para a comunidade. No momento, cerca de 10 voluntários auxiliam nas atividades do local. No período de maior lotação, eram 40.

“Enquanto precisar vamos seguir. Juntamos bastantes doações para que as famílias vão para casa com um bom começo”, explica Juliano. Em um espaço do abrigo, os donativos são separados para que cada família não precise começar do zero ao retornar para suas casas. 

“É gratificante poder ajudar. Abrimos sem nada, fomos postando na rede e foi chegando gente e donativos. Eles não passaram nem fome nem trabalho”, diz Daniele. “Nossa família engoliu o luto para conseguir ajudar as outras pessoas. Ocupamos a cabeça”, comenta.

“O importante é ver a qualidade com que as pessoas foram atendidas aqui. Eu fiz pouco, eu só abri a empresa”, conta Jacob Kaspary. 

Os abrigados concordam. “Somos em 12 aqui. Chegamos bem no começo, moramos no Mato Grande. Ainda não tem como ir para casa, mas quando der, vamos todos juntos. Viramos tipo uma família aqui, vamos sentir falta de todo mundo. Não sei se tenho coragem de ver a minha casa”, conta Eliane da Silva Marques.

“Nos tornamos uma grande família aqui”, adiciona Camila Duarte, que chegou junto do marido, Agner Rodrigues no domingo, dia 5 de maio. “Chegamos só com a roupa do corpo. Estamos aqui há quatro semanas. Estou com saudade de casa, mas já fizemos até um grupo no Whatsapp com todos que estão aqui”, relata. 

A união da família foi transmitida para os abrigados. Desde o início da mobilização, três festas de aniversário para crianças alojadas no espaço foram organizadas. “No segundo dia que chegamos aqui fizeram uma festinha para minha filha, que fez sete anos. Tudo com muito amor e dedicação”, disse Fernanda Guimarães, que está no abrigo com o marido e as duas filhas. A festinha viralizou nas redes sociais. 

 

Para ajudar o abrigo, donativos podem ser entregues na Rua Latino Coelho, 379. Para agendar a entrega, o contato pode ser feito pelo telefone (51)991809431.

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