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LONGE DO RETORNO

Falta do trem pesa no bolso e dificulta a mobilidade de estudantes

Comerciantes no entorno das estações do Trensurb, moradores e estudantes são prejudicados com falta do trem

Publicado em: 21/06/2024 às 10h:18 Última atualização: 21/06/2024 às 10h:41
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A operação parcial do Trensurb tem pesado nos bolsos de comerciantes que trabalham no entorno das estações do Trensurb. Em Canoas, no ponto de táxi ao lado da Estação Fátima, a estimativa é de que 90% da clientela viesse do trem.

Márcio Lang, taxista há 20 anos, relaciona a falta de clientela à inatividade do Trensurb na Estação Fátima



Márcio Lang, taxista há 20 anos, relaciona a falta de clientela à inatividade do Trensurb na Estação Fátima

Foto: Paulo Pires/GES

“Estamos começando a rodar para tentar achar serviço. Estamos apavorados com a previsão de 150 dias para retorno do trem”, conta o taxista Márcio Lang. “Dificulta para todos. Estou tendo serviço só no centro, quando o pessoal vai fazer compras e no shopping, por conta do Terminal”, comenta.

Proprietário de um minimercado junto à Estação Fátima há 30 anos, Juarez Rottoli começou a abrir aos domingos para atender a população que retorna para casa e para tentar cobrir os prejuízos. “Foram 22 dias fechado. O pessoal que pegava o trem não aparece mais. Tenho que abrir aos domingos, pois há poucos negócios funcionando”, explica.

Juarez Rottoli, dono de um minimercado no bairro Fátima, começou a abrir aos domingos para atender a população e compensar baixa de cllientes



Juarez Rottoli, dono de um minimercado no bairro Fátima, começou a abrir aos domingos para atender a população e compensar baixa de cllientes

Foto: Paulo Pires/GES

Ulbra preocupada com o transporte

Além da falta de trens, o horário de operação do Trensurb preocupa a direção das universidades. “Levamos essa questão para o governador, para mostrar que a universidade e a cadeia produtiva dos municípios precisam retomar a normalidade”, diz o reitor da Ulbra Thomas Heimann.

Como as aulas noturnas no campus vão até as 22 horas, para atender os alunos no retorno para casa, o Trensurb precisaria operar, no mínimo, até as 23 horas. A reitoria estima que cerca de 200 alunos estejam impossibilitados de comparecer às atividades presenciais devido aos transtornos no transporte público.

“Estamos trabalhando em um plano B para atender os alunos. Nesse semestre, estamos em uma operação emergencial, mas como há previsão de que o Trensurb siga inoperante até o final do ano, todo o segundo semestre nos preocupa”, afirma Heimann.

A universidade está em diálogo com a Trensurb e a Transcal. Apesar da possibilidade de flexibilização, não há como alterar o horário das aulas. A Ulbra retomou as aulas presenciais no último dia 17.

Difícil para quem vai de ônibus comum ou seletivo

Para quem precisa chegar ao trabalho em Porto Alegre, a falta dos trens tem lotado as opções de transporte rodoviário. Há 3 anos, Joice Pereira, 52 anos, usa a linha seletiva da Transcal que faz o trajeto Guajuviras – Praia de Belas.

“É o único transporte que leva até o bairro Menino Deus, onde trabalho”, conta. “A volta passa pelo trajeto normal, mas na ida de Canoas para Porto Alegre o ônibus está indo pela Farrapos em vez da Castello Branco. Ele vai parando e isso nos atrasa em quase 2 horas”, explica Joice.

A linha seletiva retornou há 3 semanas. Joice relata que os ônibus utilizados para fazer o itinerário têm até goteiras, e passageiros reclamam da mudança do ponto final da linha. “Antes parava no camelódromo, agora para no viaduto da Conceição. É um lugar mais perigoso, tem passageiras gestantes que precisam caminhar por ali no escuro para chegar ao trabalho”, diz Joice.

A passagem do ônibus seletivo da Transcal custa R$13,40. “Só queremos que volte a ser o que era. Queremos receber pelo valor que pagamos.”

Questionada sobre as demandas dos usuários, a Transcal respondeu que a rota da linha seletiva Guajuviras foi alterada com o propósito de atender a um maior número de usuários e o retorno via Avenida Castelo Branco não será retomado. Sobre os casos de goteiras, a empresa afirma que são encaminhados ao departamento de manutenção para os devidos reparos.

O que diz a Trensurb

A Trensurb afirma, em nota, que a estimativa de 150 dias se deve ao trabalho de recuperação das subestações de energia Fátima e Farrapos. Sem elas, o trem não pode avançar além da estação Mathias Velho. Em outros momentos de inundação em estações da Trensurb, ônibus foram fretados para atender a população. Nesse momento, a Trensurb afirma que a responsabilidade fica com a Metroplan, que oferece transporte por meio da Transcal.

 

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