Adriana Ramos Lombardo chegou em casa quase ao meio-dia. Ela lembra de um dia ensolarado naquele 13 de agosto. Ao entrar, estranhou a claridade, mas somente ao olhar para cima é que percebeu o estrago.
“A maior parte do telhado havia sido arrancada”, conta. “Chamei os vizinhos para ver se alguém sabia o que aconteceu e contaram que um avião passou e deu o maior estrondo em cima das casas.”
Desde então, a moradora do bairro Niterói vem dizendo, a quem quiser ouvir, que um avião destruiu o telhado de sua casa. Ela afirma ser a única explicação possível diante do que aconteceu.
A casa da trabalhadora autônoma de 52 anos costeia o muro da Base Aérea de Canoas. O endereço, na Rua Itália, é rota por onde passam aviões comerciais desde a madrugada em Canoas.
Desde maio, a Base Aérea recebe voos comerciais devido ao fechamento do Aeroporto Salgado Filho, inundado durante o período mais crítico das cheias. Assim, os moradores precisaram se acostumar.
“Eu não durmo mais tranquila”, Adriana reclama. “Além do barulhão, agora a gente tem a preocupação de passar outro avião e carregar tudo pela frente. Porque o meu telhado já se foi”.
Destelhamento
Conforme a moradora, a Defesa Civil foi chamada no dia do episódio e garantiu a ela uma enorme lona que desde então serve para protegê-la da chuva e do vento em casa, mas o prejuízo continua.
“Sou trabalhadora autônoma e não tenho dinheiro para comprar um telhado novo”, afirma. “Acho que o mínimo que podem fazer é vir até aqui e me ajudar com o prejuízo que causaram, porque a lona não vai resistir para sempre.”
Adriana aponta que um documento deixado pela Defesa Civil na casa aponta “destelhamento em decorrência de aeronave”, não restando dúvidas do que aconteceu durante a curta ausência naquela manhã.
“Se eu pudesse, ainda teria o meu telhado direitinho”, desabafa. “Até os rapazes da Defesa Civil que estiveram aqui concordaram que um avião passou baixinho e acabei perdendo meu telhado.”
Defesa Civil acionou a Base Aérea
Por meio de nota encaminhada pelo Escritório de Comunicação, a Defesa Civil de Canoas informa que esteve no endereço e entrou em contato com a Base Aérea de Canoas para fazer a averiguação do fato e tome providências. Diante da situação emergencial no imóvel, a Defesa Civil explica que fez a entrega de lona para cobrir o telhado de modo provisório.
FAB aponta normalidade nos voos
Em nota, a Força Aérea Brasileira (FAB) informa que o único voo realizado neste dia ocorreu dentro dos procedimentos padrões da atividade operacional da Base Aérea de Canoas (BACO), que já opera na região há mais 80 anos.
Ainda segundo a nota da Força Aérea, é válido ressaltar, também, que os voos comerciais que passaram a ser realizados na BACO também têm ocorrido dentro da normalidade.
Por fim, a FAB destaca que, sem uma informação mais precisa, torna-se inviável apontar que o motivo causador do dano em questão tenha sido gerado pela atividade operacional da Base Aérea de Canoas.
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