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INFORMAÇÕES VAZADAS

Esquema de roubo de cargas tinha apoio de funcionário de empresa de cigarros e de dono de posto de gasolina; entenda

Operação Abuse Of Truste foi lançada na manhã desta quarta-feira (6) em Canoas, Esteio e Gravataí

Publicado em: 06/12/2023 às 13h:57 Última atualização: 06/12/2023 às 13h:58
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O número de cigarros comercializados irregularmente no Brasil a cada ano supera a quantidade de produtos vendidos legalmente, segundo uma pesquisa encomendada pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO). Estima-se que quase 60 bilhões de cigarros entre os mais de 100 bilhões consumidos no País partem de um mercado paralelo.

Ação lançada na manhã desta quarta-feira (6) mira quadrilha especializada em roubos de cargas  | Jornal NH



Ação lançada na manhã desta quarta-feira (6) mira quadrilha especializada em roubos de cargas

Foto: POLÍCIA CIVIL/DIVULGAÇÃO

A demanda em torno do mercado paralelo impulsiona quadrilhas especializadas a agirem por meio de violência no roubo de cargas. Eis a razão pela qual a Polícia Civil desencadeou, na manhã desta quarta-feira (6), uma nova ofensiva mirando um dos principais grupos de criminosos que atuavam no Rio Grande do Sul.

Os alvos da ação contavam com o apoio de um funcionário de uma grande empresa do ramo e de um empresário, dono de um posto de gasolina, que encomendava os assaltos, conforme a Polícia. No esquema, o empregado, que atuava como motorista e levava cargas do produto, repassava informações sobre a rota e sistemas de segurança de empresas que seriam roubadas.

 

A investigação conduzida pela Delegacia de Repressão a Roubo e ao Furto de Cargas (DRFC), ligada ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) apontou que o empresário envolvido no esquema teria até emprestado o carro para que fossem praticados os crimes. Foram pelo menos cinco cometidos na capital e na região metropolitana de Porto Alegre.

Foram 119 policiais reunidos para a execução da batizada Operação Abuse Of Truste (Abuso de Confiança, na tradução do inglês). A ação teve mandados cumpridos em Canoas, Esteio e Gravataí. Foram 34 ordens judiciais de busca e apreensão e mais 12 de cautelares diversas da prisão comumente pedida.

Modus operandi

Conforme o delegado Eibert Moreira, um dos responsáveis por coordenar a apuração, os criminosos interceptavam furgões carregados, durante o trajeto do depósito das empresas até os lojistas.

Aproveitavam um ponto de pequena movimentação, rendiam os motoristas e conduziam o veículo até uma rua deserta, onde as caixas eram descarregadas para um veículo da quadrilha.

Ele aponta que apuração partiu de um crime cometido em 14 de abril do ano passado, quando o funcionário da empresa, além de encaminhar todas as informações pertinentes a carga, encaminhou até a localização em tempo real do veículo aos criminosos. O prejuízo na época foi de 64 mil à empresa.

“Era um esquema bem organizado e facilitado por informações privilegiadas que garantiam a eficácia de cada ação. O funcionário ganhava R$ 1.500 pelo serviço”, explica. “Houve pelo menos cinco crimes seguindo o mesmo modus operandi”, acrescenta.

Periculosidade

Conforme a Polícia Civil, todos os alvos investigados possuem extensa ficha criminal com envolvimento em homicídios, roubos, sequestros e tráfico de drogas e entorpecentes.

Apesar da periculosidade dos alvos, a Justiça não chegou a conceder mandados de prisão pedidos pela Polícia Civil. Preferiu conceder o monitoramento por tornozeleira eletrônica de cada um dos envolvidos.

Eibert chegou a se manifestar contra a medida, tendo em vista que um dos alvos da operação, capturado em Gravataí, já estava com uma tornozeleira eletrônica, de modo que agora, em vez de ficar preso, receberá outra.

Somente um dos alvos da ação, é investigado por pelo menos 13 mortes, aponta o Deic.

Facção organiza crimes

A ação dos criminosos ligados a roubos de cargas está diretamente associada a uma perigosa facção que atua na Capital, confirmou a apuração conduzida pela Delegacia de Roubos ao apurar os envolvidos nos crimes.

O dinheiro usado na venda dos cigarros, aponta a diretora do Departamento Estadual de Investigações Criminais, Vanessa Pitrez, acaba sendo usado para financiar a compra de armas e munições; drogas e entorpecentes.

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