CANOAS
Entenda o plano que busca solucionar crise financeira milionária do Hospital Universitário
O HU de Canoas é referência para 150 cidades e enfrenta dificuldades com dívida de R$ 30 milhões
Última atualização: 27/02/2024 16:21
A segunda-feira (9) foi de explicações e planejamento por parte da prefeitura de Canoas no que diz respeito à situação da saúde, especialmente do Hospital Universitário (HU). Em coletiva de imprensa no Paço Municipal, o prefeito Jairo Jorge detalhou o cenário financeiro e as dificuldades enfrentadas para manter o HU funcionando plenamente.
Entre os principais motivos para a queda nos atendimentos, o prefeito cita o Programa Assistir do governo estadual. "De janeiro a setembro deste ano, recebemos R$ 97,7 milhões do Estado. Em 2022, no mesmo período, foram R$ 117,8 milhões. Isso significa uma redução de R$ 20,1 milhões. O Assistir tirou recursos dos hospitais da região metropolitana para repassar aos hospitais do interior." Jairo reitera não ser contra as casas de saúde destas cidades, "o problema é retirar as verbas daqueles hospitais que estão funcionando".
Os R$ 20,1 milhões citados pelo prefeito são referentes apenas aos recursos da saúde. "O ICMS, por exemplo, retirou mais de R$ 13 milhões. Somando tudo isso, ultrapassamos os R$ 33 milhões em perdas entre os meses de janeiro e setembro." Ainda em relação ao Assistir, a Prefeitura detalhou o quanto o Hospital Universitário e o Hospital de Pronto Socorro (HPSC) deixaram de receber entre julho de 2022 e setembro deste ano. "O HU deixou de faturar cerca de R$ 612,3 mil mensais e o HPSC, em torno de R$ 607,1 mil. Nos últimos 15 meses já perdemos R$ 18,2 milhões nos dois hospitais."
Situação do HU
Com 546 leitos, o HU é referência para mais de 150 municípios, ou seja, atende cerca de 30% da população do Estado. Atualmente são 1,4 mil funcionários, 300 médicos, 121 residentes e 520 graduandos, com 39 especialidades. Considerada a maior instituição de saúde em referência fora da capital, são necessários aproximadamente R$ 14 milhões para manter a estrutura.
Com uma dívida na casa dos R$ 30 milhões, Jairo confirmou os problemas relacionados às finanças e reiterou a busca por soluções em curto, médio e longo prazo.
"O Hospital Universitário de Canoas vive um momento difícil, mas a prefeitura vem fazendo todos os esforços para superar essas dificuldades. Somos solidários com todos os pacientes que sofrem com atrasos nos procedimentos."
Em relação às cirurgias represadas, o prefeito confirmou ter recursos para cerca de 2 mil operações. "Eu preciso que o hospital funcione. Recentemente o doutor Mauro [diretor geral] esteve em Brasília e conseguiu recursos. Fizemos 1,8 mil cirurgias no semestre, o Nossa Senhora das Graças faz 1,3 mil por mês. O potencial do HU é muito maior. Precisamos fazer o hospital render", completa.
Ações para recuperar o Hospital Universitário
Para recuperar a capacidade de atendimentos e conseguir o equilíbrio financeiro do HU, o Executivo programou um conjunto de dez medidas. As ações abrangem o repasse de valores, leilão de terrenos públicos e discussões para estancar os cortes do programa Assistir.
Referente aos repasses do Executivo, isso ocorrerá a partir da arrecadação de valores do Fundo Municipal de Saúde, emendas parlamentares, repasses do Ministério da Saúde e da Câmara de Vereadores. Segundo o prefeito, será possível aplicar no HU cerca de R$ 6 milhões nos próximos dez dias.
O leilão de três terrenos pode arrecadar entre R$ 20 e R$ 25 milhões. Dois deles ficam próximos ao ParkShopping e o terceiro na área central. "Os lotes devem ter valorizado nos últimos anos, estamos sendo cautelosos" afirma Jairo. A nova licitacão do HU também é parte do planejamento. Outra alternativa é a busca por uma Parceria Público-Privada. O Paço também está estipulando um programa de economia interna, que será apresentado até o fim do mês.
A Prefeitura também busca aumento do valor repassado pelo Ministério da Saúde. Atualmente são R$ 7,1 milhões. A diferença requerida é de R$ 1,5 milhões retroativos desde janeiro de 2023, gerando inicialmente R$ 15 milhões em parcela única para saldar dívidas com fornecedores.
Edital em andamento
Sob intervenção municipal desde o dia 27 de maio de 2022, o Hospital Universitário deve continuar sendo administrado pela Prefeitura de Canoas até janeiro de 2024. Enquanto isso, equipes da Secretaria da Saúde (SMS) e da Gestão Hospitalar preparam o lançamento do edital para que uma nova empresa assuma a administração da casa de saúde.
"Já passamos por toda fase de orçamentação, que é bastante difícil, todo o processo de tempo de referência e agora estamos na fase final de lançamento. Nossa meta é o dia 18 de outubro, podemos antecipar, mas o prazo é esse. Até o final de dezembro, início de janeiro, teremos uma nova instituição."
Questionado sobre os contratempos ocorridos na administração da Fundação Educacional Alto Médio São Francisco (Funam), o prefeito explicou como pretende afastar "aventureiros" da administração do hospital. "Estamos fazendo uma licitação que não é emergencial. Aquela de 2021 era emergencial por seis meses. Agora o prazo é de 60 meses e os critérios serão 60% técnicos e 40% financeiros. A Funam colocou um valor inferior, mas não podia ser desclassificado. Nossa leitura é de que a empresa tinha o interesse em adquirir a Universidade Luterana do Brasil, e ao perder o leilão, perdeu o interesse no HU."
Jairo citou o exemplo do Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde (IAHCS), atual gestor do HPSC como um case de sucesso. "Eles estão fazendo um excelente trabalho. Isso mostra que é possível ter um trabalho sério", reitera o prefeito.
A segunda-feira (9) foi de explicações e planejamento por parte da prefeitura de Canoas no que diz respeito à situação da saúde, especialmente do Hospital Universitário (HU). Em coletiva de imprensa no Paço Municipal, o prefeito Jairo Jorge detalhou o cenário financeiro e as dificuldades enfrentadas para manter o HU funcionando plenamente.
Entre os principais motivos para a queda nos atendimentos, o prefeito cita o Programa Assistir do governo estadual. "De janeiro a setembro deste ano, recebemos R$ 97,7 milhões do Estado. Em 2022, no mesmo período, foram R$ 117,8 milhões. Isso significa uma redução de R$ 20,1 milhões. O Assistir tirou recursos dos hospitais da região metropolitana para repassar aos hospitais do interior." Jairo reitera não ser contra as casas de saúde destas cidades, "o problema é retirar as verbas daqueles hospitais que estão funcionando".
Os R$ 20,1 milhões citados pelo prefeito são referentes apenas aos recursos da saúde. "O ICMS, por exemplo, retirou mais de R$ 13 milhões. Somando tudo isso, ultrapassamos os R$ 33 milhões em perdas entre os meses de janeiro e setembro." Ainda em relação ao Assistir, a Prefeitura detalhou o quanto o Hospital Universitário e o Hospital de Pronto Socorro (HPSC) deixaram de receber entre julho de 2022 e setembro deste ano. "O HU deixou de faturar cerca de R$ 612,3 mil mensais e o HPSC, em torno de R$ 607,1 mil. Nos últimos 15 meses já perdemos R$ 18,2 milhões nos dois hospitais."
Situação do HU
Com 546 leitos, o HU é referência para mais de 150 municípios, ou seja, atende cerca de 30% da população do Estado. Atualmente são 1,4 mil funcionários, 300 médicos, 121 residentes e 520 graduandos, com 39 especialidades. Considerada a maior instituição de saúde em referência fora da capital, são necessários aproximadamente R$ 14 milhões para manter a estrutura.
Com uma dívida na casa dos R$ 30 milhões, Jairo confirmou os problemas relacionados às finanças e reiterou a busca por soluções em curto, médio e longo prazo.
"O Hospital Universitário de Canoas vive um momento difícil, mas a prefeitura vem fazendo todos os esforços para superar essas dificuldades. Somos solidários com todos os pacientes que sofrem com atrasos nos procedimentos."
Em relação às cirurgias represadas, o prefeito confirmou ter recursos para cerca de 2 mil operações. "Eu preciso que o hospital funcione. Recentemente o doutor Mauro [diretor geral] esteve em Brasília e conseguiu recursos. Fizemos 1,8 mil cirurgias no semestre, o Nossa Senhora das Graças faz 1,3 mil por mês. O potencial do HU é muito maior. Precisamos fazer o hospital render", completa.
Ações para recuperar o Hospital Universitário
Para recuperar a capacidade de atendimentos e conseguir o equilíbrio financeiro do HU, o Executivo programou um conjunto de dez medidas. As ações abrangem o repasse de valores, leilão de terrenos públicos e discussões para estancar os cortes do programa Assistir.
Referente aos repasses do Executivo, isso ocorrerá a partir da arrecadação de valores do Fundo Municipal de Saúde, emendas parlamentares, repasses do Ministério da Saúde e da Câmara de Vereadores. Segundo o prefeito, será possível aplicar no HU cerca de R$ 6 milhões nos próximos dez dias.
O leilão de três terrenos pode arrecadar entre R$ 20 e R$ 25 milhões. Dois deles ficam próximos ao ParkShopping e o terceiro na área central. "Os lotes devem ter valorizado nos últimos anos, estamos sendo cautelosos" afirma Jairo. A nova licitacão do HU também é parte do planejamento. Outra alternativa é a busca por uma Parceria Público-Privada. O Paço também está estipulando um programa de economia interna, que será apresentado até o fim do mês.
A Prefeitura também busca aumento do valor repassado pelo Ministério da Saúde. Atualmente são R$ 7,1 milhões. A diferença requerida é de R$ 1,5 milhões retroativos desde janeiro de 2023, gerando inicialmente R$ 15 milhões em parcela única para saldar dívidas com fornecedores.
Edital em andamento
Sob intervenção municipal desde o dia 27 de maio de 2022, o Hospital Universitário deve continuar sendo administrado pela Prefeitura de Canoas até janeiro de 2024. Enquanto isso, equipes da Secretaria da Saúde (SMS) e da Gestão Hospitalar preparam o lançamento do edital para que uma nova empresa assuma a administração da casa de saúde.
"Já passamos por toda fase de orçamentação, que é bastante difícil, todo o processo de tempo de referência e agora estamos na fase final de lançamento. Nossa meta é o dia 18 de outubro, podemos antecipar, mas o prazo é esse. Até o final de dezembro, início de janeiro, teremos uma nova instituição."
Questionado sobre os contratempos ocorridos na administração da Fundação Educacional Alto Médio São Francisco (Funam), o prefeito explicou como pretende afastar "aventureiros" da administração do hospital. "Estamos fazendo uma licitação que não é emergencial. Aquela de 2021 era emergencial por seis meses. Agora o prazo é de 60 meses e os critérios serão 60% técnicos e 40% financeiros. A Funam colocou um valor inferior, mas não podia ser desclassificado. Nossa leitura é de que a empresa tinha o interesse em adquirir a Universidade Luterana do Brasil, e ao perder o leilão, perdeu o interesse no HU."
Jairo citou o exemplo do Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde (IAHCS), atual gestor do HPSC como um case de sucesso. "Eles estão fazendo um excelente trabalho. Isso mostra que é possível ter um trabalho sério", reitera o prefeito.