É um começo de ano atípico na rede de ensino do Estado. Isso porque, pela primeira vez em anos, não foi necessário quebrar a cabeça para garantir professores na sala de aula.
Foi no finalzinho do ano passado que o Estado autorizou o chamamento de 1.542 professores para atuar na rede pública. O chamamento em caráter de urgência visava suprir hiatos no quadro.
A 27ª Coordenadoria Regional de Canoas (CRE) recebeu 66 profissionais, distribuídos nas 36 instituições mantidas pelo Estado na cidade para ensino infantil, fundamental e médio.
Um dos maiores de Canoas, atendendo quase 1.300 alunos durante três turnos, o Colégio Marechal Rondon, por exemplo, recebeu quatro novos mestres para as disciplinas de matemática, inglês e biologia.
A professora Janaína Dias Godinho é uma das novas profissionais que reforçaram o ensino da instituição. Primeira colocada no concurso, chega, aos 45 anos, com uma experiência de sobra no Rondon.
“Já terminei meu mestrado e doutorado e continuo dando aula em um colégio particular”, explica. “Para mim, é muito gratificante poder ingressar no ensino público e abraçar um projeto de melhoria na educação do Estado.”
Professora das séries finais do Ensino Médio, Janaína diz trabalhar com uma disciplina curinga na hora do estudo para o vestibular e o Enem, razão pelo qual é necessário trabalhar de maneira dinâmica com o conteúdo.
“Eu converso e explicam que compreender o conteúdo é a melhor forma de aprender. Muito melhor que decorar. E como muitos estudantes já estão mirando a aprovação no vestibular, o resultado está sendo ótimo”, observa.
E como tratar da biologia em sala de aula sem fazer o conteúdo parecer chato ou datado? A professora explica: “Uso uma linguagem que a aproxima a biologia do dia a dia e a relação de cada um com a própria vida. Fica fácil de aprender”, conclui.
Mirando vestibular
Quem passa na frente do colégio Marechal Rondon, pode observar uma faixa com uma dúzia de nomes de estudantes aprovados no vestibular da UFRGS. E a ideia é que o bom exemplo seja repetido, afirma o diretor Felipe Britto.
“A gente conversa com os estudantes e esclarece que, apesar de todo o discurso em sala de aula, depende do esforço de cada um deles para que o resultado apareça”, afirma. “A prova está na faixa ali na frente do colégio.”
O diretor lembra que anualmente a apreensão era grande para saber se o quadro de mestres estaria completo. O reforço deste ano acaba deixando tempo para pensar na qualidade de ensino.
“A apreensão é sempre grande, mas nesse ano ocorreu tudo bem”, diz. “Tivemos um 2022 difícil e ainda com resquícios da pandemia, mas agora estamos conseguindo conduzir o ensino com mais tranquilidade.”
Comunicação
“O incremento de profissionais que ocorreu graças ao chamamento do Estado garantiu em sala de aula uma nova geração especialmente antenada da importância da comunicação com o jovem hoje”, avalia. “E o melhor é que não são contratações emergenciais, mas professores que chegaram para ficar e construir uma importante relação com o nosso ensino.”
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