EDUCAÇÃO

"É uma oportunidade para nós depois de tudo que aconteceu": jovens canoenses participam do Partiu Futuro Reconstrução

250 estudantes recebem aulas teóricas no contraturno escolar antes de ingressar no Jovem Aprendiz

Publicado em: 29/11/2024 09:03
Última atualização: 29/11/2024 09:18

Oportunidade foi a palavra usada por Victor Gabriel Silva Silva e Nataly Silva, ambos de 15 anos, para se referirem ao Partiu Futuro Reconstrução, programa estadual que qualifica e direciona estudantes da rede pública dentro do Jovem Aprendiz.

A iniciativa do governo do Rio Grande do Sul, lançada em agosto deste ano, contemplou 250 estudantes em Canoas com contrato de até um ano em órgãos públicos e bolsa auxílio de meio salário mínimo. Os jovens foram convocados no final de outubro e começaram a ter a formação teórica para o setor administrativo no dia 11 de novembro.

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Aulas teóricas do Partiu Futuro Reconstrução acontecem no contraturno escolar na Uninter, em Canoas Foto: Paulo Pires/GES

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Nestes primeiros 30 dias, os jovens têm aulas de conteúdos que atendem os requisitos definidos na Classificação Brasileiras de Ocupações (CBO), como administração, atendimento ao cliente, almoxarifado e finanças. Além disso, são ofertadas aulas de direitos humanos, sustentabilidade, diversidade e meio ambiente.

Segundo a gerente da Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi), Andrea Alves, a formação teórica vai além do mercado de trabalho. “Estamos trazendo qualquer assunto que seja pertinente para formar esses jovens também como cidadãos”, afirma.

Em Canoas, as aulas são na sede da Uninter, na Avenida Getúlio Vargas, no bairro Marechal Rondon. Para Victor, que estuda na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ministro Rubem Carlos Ludwig, no Mathias Velho, a oportunidade é para melhorar de vida. “Estou achando bom. É uma oportunidade para nós depois de tudo que aconteceu. Vai ficar no meu currículo e isso é bom para mim”, define. 

O estudante Victor Gabriel Silva Silva acredita que o programa é uma oportunidade depois do desastre climático de maio Foto: Paulo Pires/GES

Na manhã de quinta-feira (21), a estudante Nataly Silva, da Escola Estadual de Ensino Médio Bento Gonçalves, no Mathias Velho, estava tendo aula sobre autoconhecimento. “Eu estou bem interessante porque nos ensina a como se comportar no trabalho. A professora também é legal e as aulas são divertidas”, ressalta.

As aulas acontecem no contraturno escolar de segunda a sexta-feira, das 8 às 12 horas para o turno da manhã, e das 14 às 18 horas para a tarde. Após este período de 30 dias, os jovens começam a trabalhar nas repartições públicas indicadas pelo município quatro vezes na semana. As aulas continuam uma vez na semana até o final do contrato.

Para a gerente da Renapsi, este é um dos diferenciais do programa. “Antes, os jovens já eram inseridos no mercado de trabalho sem muita preparação. Agora, ter essas aulas faz toda a diferença para eles. Desenvolve o protagonismo deles, a comunicação, e melhora as relações interpessoais”, observa Andrea.

Um jovem, uma família

Durante a vigência do Partiu Futuro Reconstrução, os estudantes vão receber uma bolsa de R$786,95, que corresponde a 50% do salário mínimo. De acordo com o programa, os jovens são contratados com Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), tendo acesso a todos os direitos assegurados em lei, como recolhimento ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), férias e 13º salário.

Para Victor, que está com a família em um Centro Humanitário de Acolhimento (CHA), os valores são bem-vindos. “Quando eu ganhar a primeira bolsa, vou comprar roupas porque eu perdi as minhas na enchente. E também vou ajudar a minha família”, conta.

Com Nataly não será muito diferente. “Eu planejo começar um curso de teatro porque eu gosto muito. Mas também quero ajudar em casa. Estamos morando na casa da minha avó e vamos nos mudar. Então, tem que comprar móveis, perdemos muita coisa na enchente”, comenta.

Participar do programa permite a estudante Nataly Silva fazer planos para o futuro Foto: Paulo Pires/GES

“Quando tem um impacto para o jovem, tem um impacto na família, comunidade. É uma bola de neve. Toda a sociedade se beneficia quando o jovem opta pela educação, quando busca pelo conhecimento”, argumenta a gerente da Renapsi.

Uniformizados

Todos os alunos contemplados no Partiu Futuro Reconstrução receberam duas camisas e uma jaqueta com as cores e a identidade visual da iniciativa. “O uniforme é uma identificação dos jovens e programa. Nos órgãos que eles vão trabalhar, as pessoas vão saber que ele é um jovem aprendiz, que está aprendendo”, explica Andrea.

“É também um pertencimento. O uniforme é um padrão e já que muitos foram atingidos, tira a diferença de estar ou não arrumado. Fica todo mundo igual”, reafirma.

Solenidade de boas vindas

Na próxima segunda-feira (2), 750 jovens aprendizes do programa Partiu Futuro Reconstrução dos municípios de Porto Alegre e Canoas serão recebidos em uma solenidade de boas vindas, a partir das 14 horas, na sede da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa).

De acordo com a organização, o evento será um "momento especial para celebrar com os jovens e seus familiares o início de uma jornada transformadora, marcada pela oportunidade e pela ampliação das perspectivas para os jovens que estão dando os primeiros passos no mundo do trabalho."

Devem participar da solenidade o governador Eduardo Leite, o vice-governador Gabriel Souza e o secretário de Desenvolvimento Social, Beto Fantinel.

Processo seletivo

O Programa Partiu Futuro Reconstrução, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social (Sedes) do governo estadual, selecionou jovens entre 14 e 22 anos, egressos ou matriculados e frequentes na rede pública de ensino. Pessoas Com Deficiências (PCDs) foram selecionadas sem limite de idade.

Os interessados em participar também precisaram comprovar inscrição no CadÚnico e ter sido atingidos pelas enchentes. Só puderam se inscrever aqueles moradores de municípios em estado de calamidade pública e que aderiram ao programa estadual.

Conforme informado pelo governo estadual, a seleção dos jovens foi realizada utilizando um em sistema de pontuações, considerando renda per capita, grupos populacionais, cor/raça e participação em outros programas sociais. Ao todo, 1.500 jovens de 23 municípios participam da iniciativa.

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