Houve beijos, abraços e sorrisos na volta às aulas de oito Escolas de Ensino Fundamental de Canoas, na manhã desta terça-feira (18), após mais de 45 dias de interrupção do ensino devido às cheias.
Conforme planejamento da Prefeitura de Canoas, retornaram Sete de Setembro, General Neto, Tancredo Neves, Leonel Brizola, Theodoro Bogen, Santos Dumont, Ícaro e Rio Grande do Sul.
Localizada no Mato Grande, a Rio Grande do Sul é um símbolo por se tratar de uma das primeiras instituições do lado oeste da cidade a retomar o ensino e devolver aos estudantes uma “certa sensação de normalidade”.
Segundo o diretor, Fernando Lazzaretti, foram necessárias duas semanas de muito trabalho para que a instituição ficasse pronta para receber os 279 estudantes matriculados na escola.
“Felizmente, a água alcançou somente a altura três tijolos da escola, então acabamos descartando pouco do mobiliário, mas houve a necessidade de uma limpeza pesada para garantir este retorno”.
Na avaliação do diretor, a retomada é especialmente importante porque 95% da comunidade do bairro Mato Grande acabou afetada pela cheia e nenhuma criança aguenta mais ouvir falar em enchente, abrigo ou perdas.
“O retorno é necessário para que estas crianças e adolescente possam se sentir novamente acolhidos e longe da realidade da tragédia”, afirma. “Eles precisam deste contato com o ensino até para voltar a pensar em outras coisas”.
Estudante do 9º ano da instituição, Giovana da Silva Padilha, 14 anos, disse que o retorno é um alívio após muito tempo longe de amigos e colegas que tem na Rio Grande do Sul.
“Tive que sair de barco da minha casa quando tudo começou e admito que a gente já está cansado de ouvir falar disso”, diz. “Foi ótimo o reencontro com colegas e professores, porque estava há semanas me sentido perdida. É um recomeço que a gente precisava”.
Referência
Embora se fale em retorno à normalidade, quem passa pela Escola Rio Grande do Sul, pode observar a quadra de esportes cheia de pessoas atingidas pela enchente à espera de mantimentos.
É que com o recuo das águas, o local pode se tornar ponto de doações, razão pelo qual, na manhã desta terça-feira, havia um caminhão do Exército entregando água para a população à espera na fila.
“A escola é uma referência para a comunidade e se tornar um ponto para doações é importante até para que a comunidade não precise se deslocar até o Centro em busca de mantimentos”, esclareceu o diretor.
Presença
O retorno nesta terça-feira ocorreu em seis escolas do lado leste e mais duas do oeste — EMEFs Ícaro e Rio Grande do Sul – seguindo o planejamento da Secretaria Municipal de Educação.
A estimativa era que as instituições de ensino reabertas receberão até 4.893 alunos. Porém, há estudantes que permanecem longe de casa devido às cheias. A Rio Grande do Sul, por exemplo, recebeu 181 estudantes.
“Esperávamos um pouco mais”, observa o diretor. “Mas a gente sabe que há muitos problemas ainda e que muitos estudantes ainda não conseguiram nem voltar para casa e estão em outras cidades ou até outros estados”, conclui Fernando.
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