A reportagem do Diário de Canoas visitou a Casa de Bombas Nº 7, no bairro Mathias Velho, para entender sobre o funcionamento desta e de outras sete unidades espalhadas pela cidade e as razões pelas quais os alagamentos têm ocorrido com frequência no município, deixando famílias com enormes prejuízos. Conversamos com o secretário de Obras, Marco Antônio Oliveira.
Ele explicou como as casas funcionam, mencionou o que a Prefeitura pretende fazer para amenizar o problema nos períodos de fortes chuvas e respondeu ao principal questionamento das famílias que tiveram suas residências invadidas pela água. Pode ocorrer das casas de bombas não serem ligadas durante os temporais? De acordo com o secretário a resposta é não. “Não há razão para isso acontecer. Em todas as casas de bombastemosplantões24horas, todos os dias”, afirmou.
O que ocorre, explicou Oliveira, é que para entrar em funcionamento as bombas precisam receber um determinado volume de água. Com as bocas de lobo obstruídas o percurso das águas é interrompido e isso afeta todo o sistema de drenagem. “As máquinas não entram em funcionamento com o nível baixo, pois podem estragar”, esclarece o secretário,
O acionamento das bombas é manual, a partir do monitoramento do nível de água que chega às comportas de gravidade. Elas entram em funcionamento quando a água atinge um nível mínimo estipulado. Cada bomba puxa cerca de 2,6 mil litros por segundo. O sistema de drenagem em Canoas conta com três casas de bombas no bairro Mathias Velho, duas no Niterói, uma no Rio Branco, uma no Fátima e outra no Cinco Colônias. Esta última encaminha a água para bombeamento.
Principais causas do entupimento de bueiros
O secretário municipal Marco Antônio Oliveira citou o descarte incorreto do lixo nas ruas como uma das principais causas do entupimento, mas não a única. Ele falou também da falta de manutenção nas bocas de lobo, nos últimos meses. As construções na cidade e as ruas asfaltadas são outros fatores que interferem.
“De fato as construções e asfalto contribuem, mas não são fatores determinantes. Quando estas obras são projetadas, os técnicos consideram sua ligação no sistema público”, esclarece. Sobre o lixo que entope bueiros, a população pode ajudar com ações simples. Separando o lixo seco do orgânico, por exemplo. Com o material misturado, os catadores remexem os sacos, deixando o que não os interessa pelas ruas
Estratégias para resolver alagamentos em Canoas
Das oito casas de bombas em funcionamento hoje no município, cinco foram construídas no final da década de 1960, comenta o secretário de Obras Marco Antônio Oliveira. Muitas décadas se passaram desde que o sistema de drenagem foi instalado na cidade e se faz necessário modernizar para minimizar os transtornos causados pelas fortes chuvas na cidade que já foi considerada dormitório e hoje não para de receber projetos arquitetônicos e novas famílias. Entre 1968 e 2024, a população cresceu mais de 184,3%.
Há uma boa notícia. O secretário comentou que em breve sairá um processo licitatório para a modernização de duas casas de bombas do bairro Mathias Velho, região que também conta com a unidade mais recente do sistema. Será contratado um serviço para instalar bombas mais eficientes, para reformar as estruturas prediais e para novos painéis de acionamento.
Oliveira menciona ainda que os geradores que atualmente são locados por evento, de acordo com a previsão climática, terão locação permanente. “Teremos pelo menos um gerador permanente em cada casa de bombas”, informou. Evitar os alagamentos é um grande desafio, pois a natureza surpreende. Ele comentou que o monitoramento climático leva em consideração a curva IDF (Intensidade, Densidade e Frequência) de cem anos. Isso significa que não tem como identificar quando exatamente as tempestades, vendavais e chuvas torrenciais ocorrerão.
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