ENCONTRADA EM BANHEIRA

"Difícil aceitar que nunca mais vou ver a minha filha": Mãe de professora de Canoas morta na Austrália fala sobre o caso

Eliaide Machado aponta que o namorado da filha, Catiúscia Machado, nunca a olhava nos olhos, como se escondesse alguma coisa; corpo deve ser trazido a Canoas na semana que vem

Publicado em: 29/11/2023 11:27
Última atualização: 29/11/2023 11:30

“Uma mãe sempre sabe, na verdade, ela sente, quando algo que não é bom está acontecendo com a filha”, desabafa Eliaide Machado, mãe da professora Catiúscia Machado, 43 anos, encontrada morta em uma banheira na noite do último sábado (25), em um apartamento em Sidney, na Austrália.

Catiúscia Machado morreu em um apartamento na Austrália na noite do último sábado (25) Foto: REPRODUÇÃO

Eliaide Machado conta que ao receber a ligação da Austrália, na madrugada de segunda-feira (27), já esperava pelo pior. Tratava-se de um investigador australiano que entrava em contato para comunicar a triste morte da filha.

“Como não falo inglês, foi difícil entender”, lembra. “Então ouvi que ele pediu para aguardar um momento e chamou outra pessoa que traduziu o que queria dizer. Está sendo difícil desde então aceitar que nunca mais vou poder ver a minha filha”, lamenta.

A mãe relata que conversava diariamente com a filha, quando ela contava como estavam as coisas. Eliaide acredita que ela mantinha em segredo, contudo, a relação que tinha com o namorado Diogo de Oliveira.

“Ela sempre dizia que estava tudo bem”, revela. “Mas eu sempre imaginava que não. Porque desde o começo eu sabia que havia algo de errado com ele. Nunca me olhava nos olhos, como se estivesse sempre escondendo alguma coisa. Sentia que havia algo de ruim nele”, suspira ao dizer.

Eliaide suspeitou que algo não estava certo quando, na manhã da última sexta-feira (24), a filha não atendeu o celular e não respondeu mensagens. Ela permanecia on-line, mas sem se comunicar.

“Eu imaginava que algo estava muito errado, só não pensava que algo tão ruim pudesse acontecer”, observa. “Eu via que ela estava on-line, mas não queria falar. É lógico que não estava bem, mas a distância tornava muito difícil ajudá-la”.

Sepultamento em Canoas

Catiúscia pretendia voltar ao Brasil, relata a mãe, que agora aguarda receber somente o corpo da filha para o sepultamento. Isso deve acontecer na próxima semana, já que o Consulado Australiano tem sido muito atencioso desde o início do caso.

“Morei em Canoas por 37 anos e minha filha nasceu no hospital da aeronáutica”, relata. “Vamos organizar os rituais fúnebres no Cemitério São Vicente. Acredito que isso aconteça até o final da semana que vem, já que estamos dependendo somente do atestado de óbito para a liberação do corpo.”

Entenda o caso

Foi na noite de sábado (25), pouco depois das 21 horas, que a polícia de Sidney, na Austrália, foi acionada para averiguar o que parecia ser um acidente doméstico envolvendo a professora, encontrada caída em uma banheira.

O acidente se transformou em suspeita de homicídio quando a polícia descobriu evidências de que a vítima havia sido agredida. O suspeito do crime é o namorado da professora. Diogo de Oliveira, 40 anos, foi preso ainda durante a noite do crime e levado à corte australiana na manhã de segunda-feira (27), quando alegou inocência.

Conforme os hematomas achados no rosto da vítima, a suspeita da polícia é que namorado tenha atingido Catiúscia com um soco, levando a professora a cair de cabeça na banheira. Segundo a polícia, ainda não foi confirmada a causa da morte, porém os peritos foram incisivos que a vítima morreu entre as 18 horas e 19h30 de sábado, com o corpo descoberto somente horas depois.

Daniel acabou sendo preso por suspeita de homicídio em decorrência da violência doméstica. O advogado tentou a conseguir a fiança do brasileiro, mas ela foi negada. Ele tem um novo encontro com o tribunal local marcado somente no dia 24 de janeiro.

“Eu acredito na justiça de Deus e também na dos homens”, afirma a mãe Eliaide Machado. “Ele é uma sementinha do mal. E será condenado e vai pagar pelo que fez com a minha filha”, acrescenta.

“Não merecia o que aconteceu”

Eliaide vive hoje na praia de Itaparica, em Vila Velha, no Espírito Santo. Ela conta que a filha deixou o Rio Grande do Sul há cerca de oito anos. Conheceu o namorado Diogo no Mato Grosso do Sul e algum tempo depois decidiu acompanhá-lo para viver na Austrália.

Aos 43 anos, Catiúscia dava aula para crianças especiais em uma associação em Sidney. Bem antes disso, entre os anos de 2011 e 2012, havia lecionado para os pequenos, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Gomes Jasmelino Jardim, em Canoas.

“Ela tinha um coração muito grande e gostava muito do que fazia ajudando crianças”, observa a mãe. “Não merecia o que aconteceu”, conclui.

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