Saudades e lembranças; lágrimas e sorrisos; orações e meditações. Os cemitérios de Canoas receberam uma grande movimentação de pessoas desde o início da manhã desta quinta-feira (2).
O Dia dos Finados é marcado tradicionalmente por homenagens aqueles entes que partiram. O amor é expresso em flores, velas acesas e outros objetos colocados sobre em lápides, jazigos.
No Cemitério Santo Antônio, no bairro Nossa Senhora das Graças, centenas de pessoas podiam ser vistas desde as primeiras horas não apenas prestando homenagens, mas também com tarefas como limpeza e cuidados com os túmulos.
A aposentada Manoela Marques saiu de casa logo cedo para dar início a maratona que mantém anualmente, nesta mesma época do ano, para lembrar parentes e amigos que morreram há anos.
A idosa de 81 deixou a casa em que vive no bairro Harmonia de ônibus só para, como ela mesmo diz, “passar um tempinho”, com pessoas que marcaram sua vida. Dedicou um tempo em especial ao irmão que morreu em 1971.
“Ele morreu muito novinho em um acidente de carro”, recorda emocionada. “Todos na época ficaram chocados e ninguém aceitou muito bem, porque era um rapaz ótimo e não merecia o que aconteceu”.
Também cemitério público, o Chácara Barreto recebeu público neste Dia dos Finados. O aposentado Milton Andrade, 79 anos, disse que desde a pandemia que não visitava o túmulo da mãe.
Já acreditando não existir o risco de contaminação pela Covid-19, levou um balde com produtos de limpeza para cuidar do local onde ele disse que dona Ilda descansa há doze anos.
“Era algo que eu sempre fazia, mas que acabei deixando durante a pandemia, por medo de ficar em aglomerações”, observa. “Agora me sinto seguro e posso voltar à rotina de limpar o túmulo dela”.
Comércio necessário
Como sempre acontece nesta época do ano, comerciantes vendendo flores podem ser vistos nas imediações da Avenida Santos Ferreira, que concentra o maior número de cemitérios em Canoas.
A comerciante Cristiane Figueira, 41 anos, lucra com a venda de flores, tanto vivas, quanto de plástico, além de vender também velas e outros itens relacionados com a data de homenagens.
“Acho que meu trabalho é necessário nessa época”, diz. “Nem todo mundo se prepara de vir e alguns preferem comprar flores na hora mesmo, porque não precisa se preocupar em cuidar em casa para não morrer”.
Já o aposentado Ademir Maieski, 59 anos, disse ter aproveitado a movimentação para incrementar a renda em casa, vendendo pastéis, água, suco e refrigerante para quem sentir sede ou fome.
“Tem gente que vem e passa alguns minutos, mas há pessoas que trazem a família inteira e continuam horas”, explica. “A gente sabe que sempre tem alguém que sente fome ou sede na hora e resolvi vir para atender a quem precisa”.
Ciclone atrapalhou
A instabilidade no tempo atrapalhou até mesmo o Dia de Finados. Devido ao novo ciclone que se forma no sul do Brasil, o vento é forte desde a noite desta quarta-feira (1º).
Apesar do sol forte em Canoas, o vento acaba atrapalhando pessoas que querem manter velas acesas sobre lápides e jazigos, conforme observou a reportagem na manhã desta quinta-feira.
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“Trouxe uma porção de velas, mas está muito difícil manter qualquer uma acesa e acho que vou ter que voltar outro dia”, lamentou a aposentada Zeli Maria Dutra, 69 anos. “O tempo anda muito ruim faz tempo”, completou.
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