Dia de caos após o temporal que voltou a atingir os municípios da Região Metropolitana e o Estado, na noite desta terça-feira (16) e que continuou pela madrugada. Nas ruas de Canoas, Nova Santa Rita, Cachoeirinha e Gravataí, na manhã da quarta-feira (17), o cenário era de destruição. Árvores que caíram arrancando cabos de energia elétrica e de telefonia, deixando as pessoas sem comunicação, trânsito com ruas interrompidas e moradores que amanheceram limpando os estragos causados pelos fortes ventos e pela chuva intensa.
Em cachoeirinha, um homem morreu e um motoqueiro ficou ferido, com o desabamento da marquise de um supermercado. Nos quatro municípios, muitos relatos de moradores que tiveram suas casas destelhadas e, mesmo com menos alagamentos, tiveram chuva caindo dentro de casa estragando móveis, eletrodomésticos e roupas. Também muitas reclamações sobre a falta de luz, de sinal telefônico e de internet e de falta de luz e de água nas cidades. “O teto de vidro da casa do meu vizinho sacudiu tanto com o vento que parecia que ia levantar tudo”, relatou Adrin Costa, do bairro Igara, que cedinho estava ajudando a recolher os galhos de árvore na rua, junto com a mãe.
No mesmo bairro, na rua Tupi, Luiz Felipe Bressane, teve sua casa atingida por duas árvores que caíram no portão da casa vizinha e atingiu parte do telhado, uma janela e uma porta da casa dele, que não puderam ser abertas. “Pedimos ajuda para resolver a situação o mais breve possível”, solicitou.
Gravataí também teve casas e estabelecimentos comerciais atingidos. A gerente de uma ferragem, Joice Müller, conta que teve prejuízo com algumas mercadorias que estavam no chão, quando a loja foi invadida pela água. “Ainda não contabilizamos o valor total do que perdemos”, disse.
Em Nova Santa Rita a situação foi parecida. “Não tivemos vítimas, apenas danos materiais com a queda de árvores, postes e fios”, relatou o secretário de Defesa Civil de Nova Santa Rita, Moacir Serpa Godoi. Foram poucos alagamentos.
Hospitais mantêm os atendimentos à população
Os hospitais de Canoas estão com o atendimento à população mantidos. No Hospital Universitário (HU, das 20 cirurgias agendadas apenas duas precisaram ser suspensas e 50% das consultas marcadas devem ser remarcadas em função de restrições do sistema. A instituição conta com o auxílio da usina de cogeração de energia e abastecimento permanente de água com caminhões-pipa.
O Hospital Nossa Senhora das Graças suspendeu, temporariamente, as cirurgias eletivas em função do destelhamento no Bloco Cirúrgico, que afetou o Centro de Esterilização. “Tivemos parte dos vidros do ambulatório quebrada, mas conseguimos remanejar os pacientes sem prejuízos para os atendimentos”, informou o secretário municipal de Saúde, Jurandir Maciel. O Graças está com o abastecimento garantido para as próximas horas, com o gerador.
O Hospital de Pronto Socorro (HPSC) mantém os atendimentos com o uso de geradores e com auxílio de caminhão-pipa para o abastecimento de água. A água entrou pelas frestas das janelas, na área de apoio, mas não houve prejuízos para a população. Sem sistema, os prontuários e laudos estão sendo feitos manualmente.
Canoas sem feridos e com 19 desabrigados
A Prefeitura divulgou balanços de ações e estratégias de atuação das equipes para a desobstrução de vias e retomada dos serviços essenciais na cidade. Não há registros de feridos. Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social, um grupo de 19 pessoas (sendo nove crianças) ficou desabrigado e foi acolhido no Centro de Convivência do Idoso (CCI), no bairro Nossa Senhora das Graças. Um balanço preliminar aponta que os bairros mais afetados foram Rio Branco, Niterói, Fátima, Centro e Mato Grande.
De acordo com o Eclima, as pancadas de chuva começaram por volta das 22h e seguiram até a uma hora da manhã. O Bairro Rio Branco apresentou o maior volume com 83.2 mm de chuva, seguido do Marechal Rondon (80.4 mm), Niterói (61.2mm), São Luís (60.6mm), Mathias Velho (54.2mm) e Estância Velha (32.4mm). As fortes rajadas de vento, segundo a Base Aérea de Canoas, atingiram a velocidade de 107 km/h. Novas ocorrências não estão descartadas.
Diante do cenário de destruição deixado pelo temporal em Canoas, o prefeito em exercício, Nedy de Vargas Marques, assinou decreto de emergência nível 2. que possibilita ao município adquirir os materiais e ferramentas necessários para as ações emergenciais e para receber recursos dos governos estadual e federal, de forma mais rápida.
Demandas
O soldado Sil Farnei Alves Mendes atuou nas demandas do temporal desta terça-feira (16), em Canoas. Ele relata que foram inúmeras chamadas e que a equipe precisou fazer uma triagem para atender as mais urgentes. Ele menciona o resgate de um casal com filhos gêmeos de oito meses e o vazamento de gás em um hipermercado, ocorrência que foi atendida por uma equipe de Alvorada.
Na ronda feita pela Reportagem do DC foram identificados várias quedas de painéis, como o de uma loja de materiais de construção, na Avenida Farroupilha, em Canoas. Em Gravataí, a fachada de uma famosa lanchonete ficou destruída. Em Cachoeirinha um enorme painel em um posto de gasolina veio à baixo, entre outras ocorrências.
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