Drama no Paquetá

Defesa Civil auxilia moradores a deixar casas inundadas, durante a madrugada, em Canoas

Rio dos Sinos subiu nesta segunda-feira (20), forçando população ribeirinha a abandonar residências. "É a pior cheia que já vi", aponta moradora

Publicado em: 20/11/2023 16:28
Última atualização: 20/11/2023 16:29

Rio dos Sinos subiu até dois metros e meio nesta segunda-feira (20), forçando população ribeirinha a abandonar residências. “É a pior cheia que já vi”, aponta moradora

Defesa Civil auxiliou moradores nesta segunda-feira (20) após a cheia do Sinos Foto: LEANDRO DOMINGOS/GES-ESPECIAL
A cheia do Rio dos Sinos obrigou pelo menos 25 famílias a deixarem suas casas nesta segunda-feira (20). A Defesa Civil auxiliou moradores no resgate na Prainha do Paquetá e também no Rua da Barca ao longo do dia.

O drama começou ainda no meio da madrugada, quando a água do Rio dos Sinos ultrapassou os dois metros e começou a atingir as casas, obrigando muitos moradores a tomarem medidas para salvar o que havia em casa.

“A água subiu em minutos”, conta o pescador Nelson Tadeu Santos. “Já era madrugada quando deitei. Acordei por volta de 3h30 e a água já estava nos meus pés. Não deu tempo de levantar as coisas em casa”.

A situação obrigou moradores a sair de casa. Alguns, temendo mais chuva, aproveitaram o sol do início da semana para remover móveis e eletrodomésticos, temendo perder tudo.

Elisabete Saroba observou com tristeza a geladeira e o freezer serem transportados de barco até a entrada do Paquetá, na Avenida das Canoas, onde um veículo aguardava para levar os eletrodomésticos para casa de parentes.

“É a pior cheia que já vi”, desabafa a moradora. “A gente se criou aqui e nunca viu algo tão difícil assim. Não tem uma casa que não tenha sido invadida pela água. Está tudo inundado e muita gente perdeu tudo. É muito triste”.

Cláudia Muradas também deixou a residência em que vivia ondem à tarde. Ela já havia saído da casa em setembro devido à cheia, e não imaginava que teria que voltar a se abrigar com parentes.

“A gente recém estava se arrumando depois da última chuvarada e agora começou tudo de novo”, suspira. “É muito difícil viver assim até para quem já mora no Paquetá faz tempo. Porque nunca vimos nada parecido”.

Resgate

Secretário da Defesa Civil, Igor Sousa aponta que a situação em Canoas é pior que aquela vista em setembro, quando as chuvas atingiram recordes. Isso porque a cheia do Guaíba em Porto Alegre está impedindo que a água escoe.

“O Rio dos Sinos não para de subir, porque a água da Serra não para de descer”, explica. “E como o Guaíba em Porto Alegre está cheio com a água da Lagoa dos Patos, não tem para onde toda essa água em Canoas escoar”, acrescenta.

Conforme Sousa, a estimativa é que o Rio dos Sinos suba mais, já que a água oriunda da Serra deve continuar descendo nas próximas horas, impactando mais a situação da população ribeirinha.

“A população da Rua da Barca também foi afetada e estamos montando uma estrutura para atendê-los”, avisa. “Provavelmente mais pessoas terão que sair de casa nas próximas horas”.

Mais chuva

Além da Praia do Paquetá e Rua da Barca, a área da Fazendinha e Rua Berto Círio foram atingidas pela cheia do Sinos. Há casos também de alagamentos na rua Hermes da Fonseca, no bairro Rio Branco, na rua General Sebastião Barreto, no bairro Niterói, e uma fina lâmina de água cobre parte da Rua Antônio Wobeto. As situações observadas no Niterói são decorrentes da cheia do Rio Gravataí, segundo a Prefeitura de Canoas. O acompanhamento das condições climáticas no município é feito em tempo real pelo Escritório de Resiliência Climática (Eclima), que estima o retorno da chuva à cidade para a quarta-feira (22).

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