“Estamos tentando nos reerguer. O mais difícil é que as pessoas já ganhavam pouco e toda a fonte de renda é tirada daqui”, conta Janaína Moura Pinto, 30 anos, coordenadora da Cooperativa de reciclagem Mãos Dadas, no bairro Fátima, em Canoas.
Como muitas empresas, a cooperativa foi atingida pelas cheias e agora tenta recomeçar. A água levou o material que seria vendido e danificou máquinas e veículos. “A água passou do segundo piso. O que sobrou foi fora porque foi contaminado”, lamenta Janaína.
Quatro caminhões costumavam ser processados a cada dia pela Mãos Dadas. Agora, além de muitas ruas estarem bloqueadas pelo entulho, poucas pessoas seguem separando o lixo orgânico do reciclável. “Sempre tivemos apoio entre as cooperativas, então outras encaminham os recicláveis para cá”, conta Janaína. Por ora, a cooperativa só consegue recolher os resíduos no bairro São Luís. Não há previsão de retorno da rota normal.
Todos os 26 cooperados da Mãos Dadas moram no bairro Fátima e tiveram suas casas e vidas abaladas pela enchente.
Campanha Recomeçar
A campanha do Movimento ODS-RS foi lançada para apoiar as cooperativas de Canoas. “Queremos auxiliar eles a voltar ao trabalho, para gerar renda para suas famílias de forma digna. Toda ajuda é bem vinda”, explica a coordenadora do Movimento, Rossana Parizotto. “Pretendemos ampliar a campanha para outras cidades, mas antes precisamos ajudar as cooperativas de Canoas.”
Das oito cooperativas de reciclagem canoense, quatro foram inundadas. Elas coletavam 40 toneladas de resíduos diariamente, em 60% da área da cidade. Estima-se que 200 pessoas estão impedidas de trabalhar.
Cooperados lutam para reconstruir suas vidas
Rosa Marques de Oliveira, 48, trabalha na cooperativa há quase 4 anos. Como muitos cooperados, foi forçada a sair de casa e se alojar em um abrigo após a cheia que atingiu o bairro Fátima. Quando pôde voltar à casa onde mora com o filho e o neto, ao lado da cooperativa, encontrou o telhado caído. Com ajuda dos colegas de trabalho, conseguiu limpar sua moradia e retornar. “Minha casa está caída, eu tô vivendo de doações. A maioria aqui come marmitas e vem para o trabalho para apoiar o caminhão que chega”, conta Rosa.
Como a geladeira e o fogão da cooperativa foram estragados pela enchente, os trabalhadores não podem mais cozinhar ali. Resta buscar marmitas em pontos de distribuição.
“Ou salvava as pessoas ou os materiais”
Além de auxiliar os colegas da cooperativa neste momento de retorno, Alex Sandro dos Santos, 48, ofereceu uma mão amiga para a comunidade durante os momentos mais críticos da enchente. “Quando a Rio Branco estava enchendo de água, meu amigo barqueiro me chamou para ir lá ajudar”, conta. “Peguei o barco e fiquei salvando gente na sexta, no sábado e no domingo”.
De barco, ele resgatou até a própria família, no bairro Fátima. Ele é casado com Janaína, coordenadora da Mãos Dadas. Na cooperativa, só deu tempo de salvar o cachorrinho comunitário dos trabalhadores. “Eu poderia ter vindo aqui e tirado o carro, o caminhão, os equipamentos. Mas e as pessoas? Muita gente ia ter se afogado”, relata Alex. “Agora, estamos recomeçando”, diz.
Veja como você pode ajudar
A Campanha Recomeçar arrecada valores em dinheiro e itens como fogões, geladeiras, computadores, impressoras, prensas para resíduos e balanças para equipar as cooperativas. A ação solidária também solicita apoio com mão de obra capacitada para reparar os equipamentos danificados pela enchente.
Ajuda para os cooperados também é necessária. Quem puder ajudar com cestas básicas e roupas de inverno podem fazer a entrega nas oito cooperativas de Canoas.
O pix para contribuir é rs@movimentoods.org.br. Para doar equipamentos, oferecer mão de obra ou serviços, o telefone para contato é (51)99926-2307.
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