Foi em uma tarde do dia 3 de outubro que criminosos armados roubaram um Fiat Idea, na Rua Gildo de Freitas, no bairro Olaria. As vítimas haviam recém-saído de uma pet shop, quando houve o assalto.
Junto ao carro, os assaltantes acabaram levando dois cães da raça shitzu. O veículo foi encontrado pela Polícia Civil horas depois, abandonado já na vizinha cidade de Cachoeirinha. Um shitzu estava no carro. Já o outro não foi mais visto.
Embora ímpar, o caso registrado em Canoas está inserido em uma realidade que vem preocupando a polícia. Mesmo se tratando de seres vivos, os animais são vistos hoje por criminosos como “patrimônio”, tais quais aparelhos celulares, objetos pessoais ou mesmo dinheiro levado por criminosos.
A Polícia Civil ainda não tem um quantitativo detalhado dos crimes, mas existe a observação que em casos de furtos e arrombamentos, o cão ou gato de raça quase sempre é levado como moeda de troca por criminosos que visam faturar com a venda. Especialmente se são filhotes.
Quem explica o cenário é o delegado Newton Martins de Souza Filho. Hoje ele está à frente da 4ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas, também conhecida como a Delegacia Amiga dos Animais, que abraça crimes em toda a cidade.
Newton esclarece que se antes as ocorrências de furto apontavam inicialmente aqueles bens considerados mais valiosos, como aparelhos eletrodomésticos ou mobília, hoje são os pets que aparecem destacados primeiramente pelos donos.
“O cão ou o gato é tratado hoje como um membro da família”, reforça. “Então é natural a preocupação da pessoa ao chegar em casa e ver que o bichinho não está mais em casa e foi levado”, salienta.
Embora as ocorrências sejam inicialmente tratadas como casos de furtos simples, algumas fazem parte do milionário negócio envolvendo a venda de animais de raça pela internet, avalia o delegado.
“Há todo um mercado que movimenta muito dinheiro por meio da venda ilegal de animais”, frisa. “Os cães de raça, principalmente aqueles menores, têm um grande valor agregado a eles”.
Ainda segundo o delegado, existe a suspeita de criminosos que rondam casas, observando a movimentação de cães com a intenção de furtá-los.
“Existe todo um fator psicológico que acaba sendo ignorado pelos criminosos”, avalia. “Eles enxergam os animais como mera moeda de troca e não levam em conta o sofrimento consequente dos animais e também dos donos”.
Investigação
Foi no final do ano passado que a Polícia Civil fez um alerta a respeito dos furtos de animais de estimação na área central da cidade. Na época, o crescente desaparecimento de cães das raças como o spitz alemão, também conhecido como lulu-da-pomerânia, shitzu, maltês e Yorkshire terrier chamavam a atenção nas redes sociais.
Houve relatos de pelo menos 30 casos semelhantes nas imediações dos bairros Centro e Marechal Rondon. O pior dele era o de um Golden que havia sido tirado do pátio à força, de modo que os criminosos exigiram posteriormente um resgate.
Então responsável pela Delegacia Amiga dos Animais em Canoas, a delegada Tatiana Bastos chegou a suspeitar da atuação de uma quadrilha especializada nos crimes, contudo a apuração não levou até a identificação de um suspeito e acabou sendo abandonado por falta de evidências.
Confira cinco dicas da Polícia Civil para evitar os crimes:
1) Coloque um microchip de identificação: no Brasil não é uma prática tão comum ainda, mas é possível encontrar clínicas que oferecem o implante de microchip. Esse é o método mais seguro de manter a identificação do animal, mesmo após o roubo;
2) Proteja sua casa: os roubos podem acontecer dentro de casa também. Dessa forma, evite deixar o cachorro em ambientes da casa visíveis a estranhos, ainda mais sem supervisão e durante a noite;
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3)Cuidado com filhotes: os filhotes são mais propensos a serem roubados, por isso a atenção deve ser redobrada. É preciso ficar alerta com estranhos rondando a casa. Eles podem estar observando o animal para roubá-lo.