Está difícil de fazer a Carteira de Identidade em Canoas, conforme relatos de quem tem buscado o serviço em um ponto de identificação. Falta celeridade ao processo, reclamam os moradores.
Foto: LEANDRO DOMINGOS/GES-ESPECIAL
As cheias que atingiram Canoas causaram enorme impacto na população que vive no lado oeste da cidade e seguem dificultando a vida para moradores que já voltaram para casa.
Não foram poucos os que perderam documentos pessoais de identificação em meio à confusão que aconteceu durante a fuga da população da água que inundou milhares de moradias.
Após a catástrofe natural, o processo de reconstrução inclui a recuperação de documentos importantes e, nesse sentido, a Carteira de Identidade é a mais exigida devido à importância que tem.
Depois de perder tudo em casa devido à enchente, Jonatan Souza, 29 anos, relata que a Caixa Econômica Federal exige um documento com fotografia para liberar os valores, mas desde as cheias não consegue fazer a carteira.
Ele procurou o posto do Instituto Geral de Perícias (IGP) que funciona no Centro de Acesso a Direitos (CAD), no bairro Niterói, após passar duas semanas tentando agendar horário sem sucesso pela internet.
“A dificuldade é muito grande, porque saio às três da madrugada do trabalho e teria que estar às cinco da manhã no posto para pegar uma ficha”, explica. “Até hoje eu não consegui”.
Na mesma situação, o aposentado Romeu Spohr, 68 anos, possuía uma Carteira de Identidade datada em 1950. Ela molhou na enchente e agora não é mais possível reconhecê-lo, razão pelo qual acordou às cinco da madrugada na terça-feira (24) para ir até o posto no Niterói.
“Achei que o sacrifício valeria a pena, mas é quase dez da manhã e só chamaram duas pessoas para atendimento”, reclamou. “Eu não sei qual é a dificuldade que demoram tanto para atender”.
Distância
Em busca do documento, a diarista Analice Braga, 48 anos, aponta já ter “perdido o serviço” três vezes na tentativa de buscar o atendimento no posto que fica no Niterói, contudo sempre há um “problema” que impede o atendimento.
“Saio lá do Olaria sempre para nada”, reclama. “Teve um dia que não consegui atendimento porque a pessoa que era a responsável não veio trabalhar. É o fim da picada uma coisa dessas acontecer”.
Canoenses reclamam faz tempo
Vem de longa data as reclamações dos canoenses para tirar a carteira de identidade em Canoas. O serviço chegou a ser interrompido durante muito tempo em meio a pandemia, entre 2020 e 2022.
Antes mesmo disso, a sede do IGP que ficava na Rua Domingos Martins, no Centro, acabou sofrendo uma série de furtos e arrombamentos que interrompiam constantemente o atendimento à população.
Por fim, a mudança para a Rua São Pedro, no bairro Marechal Rondon, criou uma “descentralização” do órgão que desagradou muito quem precisava do serviço. De lá a unidade passou para o endereço no bairro Niterói, criando uma nova bronca para quem procura atendimento.
Responsabilidade é da Prefeitura, diz IGP
Em nota encaminhada pela assessoria de comunicação, o Instituto Geral de Perícias (IGP) informa que o atendimento de encaminhamento de Carteira de Identidade em Canoas é de responsabilidade da Prefeitura de Canoas, conforme um Termo de Cooperação firmado entre o Município com o Estado do Rio Grande do Sul e IGP. Assim, cabe ao Município prestar informações sobre o atendimento à população que necessita dos serviços. A respeito dos problemas de agendamento na internet, não houve posicionamento.
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Encaixes durante a parte da tarde
Canoas hoje tem unidades de atendimento para quem precisa fazer a Carteira de Identidade na Rua Barão do Rio Branco 91, no bairro Niterói, além do atendimento garantido na Rua General Salustiano 142, no bairro Marechal Rondon.
Por meio de assessoria de imprensa, a Prefeitura de Canoas informa que além das fichas distribuídas pela manhã, existem aquelas que são distribuídas a partir de uma da tarde, como forma de encaixe para pessoas idosas, gestantes, pessoas com deficiência e mães com crianças no colo, conforme previsto em lei.
Já sobre o agendamento para quem busca atendimento, a administração informa que tudo é feito pelo site do Instituto Geral de Perícias, que é do Estado, e não há como o Município interferir no agendamento de qualquer forma.