Trabalho

CONSEQUÊNCIA: Trabalhadores têm acréscimo de serviços devido aos estragos em Canoas

Eletricistas, técnicos em eletrônica e mecânicos tiveram a demanda aumentada; serviços passaram a ser selecionados nas últimas semanas

Publicado em: 12/06/2024 13:55
Última atualização: 12/06/2024 14:03

O impacto das chuvas e as consequentes cheias que atingiram Canoas durante o mês de maio segue reverberando durante junho, quando a procura por serviços essenciais aumentou bastante.

O eletricista Matheus Dullius tem se desdobrado para garantir atendimentos à população atingida pela tragédia Foto: LEANDRO DOMINGOS/GES-ESPECIAL

Em um cenário de retorno aos lares atingidos dos moradores que vivem no lado oeste da cidade, a demanda por eletricistas, técnicos em eletrônica e mecânicos triplicou na avaliação dos profissionais.

O eletricista Matheus Dullius, por exemplo, aponta trabalhar três vezes mais devido à demanda que surge sem parar na empresa que montou com o irmão antes que a tragédia atingisse a cidade.

“A gente trabalha de domingo a domingo”, explica. “São instalações residenciais, prediais e industriais que acabaram comprometidas. Pegamos um serviço após o outro desde que a água começou a baixar”.

Na avaliação do profissional de 30 anos, os preços de alguns dispositivos, por conta da procura, acabaram subindo, o que acaba impactando diretamente nos serviços cobrados à população.

“Conforme os dias foram passando, a gente notou que os preços foram subindo, porque a procura é muito grande e está todo mundo precisando”, frisa. “Então o negócio é pagar, senão a gente não consegue fazer o serviço”.

Sem conserto

Técnico em eletrônica há mais de 50 anos em Canoas, o veterano Luiz Passoni, 66 anos, recebeu uma enorme quantia de televisores para conserto desde o começo da tragédia. Com o passar dos dias, no entanto, passou a reavaliar os serviços.

“A maioria dos aparelhos que estavam chegando não possui condições de ser consertado”, esclarece. “Eles não apenas molharam, mas permanecer debaixo d’água por muito tempo e criou lama nos circuitos”.

O profissional com loja no Centro de Canoas observa que ainda recebem aparelhos, mesmo aqueles equipamentos menores, que acabaram molhados durante a cheia, mas qualquer resquício de lama acaba inviabilizando o serviço.

“O pessoal ainda traz os aparelhos na esperança de conserto, mas explico que só pego aqueles que consigo garantir o retorno do funcionamento”, reforça. “Se molhou, ok. Se tem lama, não adianta insistir em consertar”.

Mecânicas também têm enorme procura desde que a água recuou e os carros abandonados começaram a ser guinchados Foto: LEANDRO DOMINGOS/GES-ESPECIAL

Lodo no motor

Outro serviço considerado importante e que cresceu muito nas últimas semanas é a mecânica automotiva. Isso porque o número de veículos estragados durante a cheia é enorme e muitas seguradoras exigem avaliação.

Proprietário de uma oficina no bairro Marechal Rondon, Marcelino Klein, 60 anos, comenta já ter abandonado a tentativa de consertar veículos novos que ficaram por muito tempo debaixo d’água.

“No começo, eu estava recebendo direto o pedido de orçamento do pessoal, mas acontece que a elétrica destes carros mais novos é muito complexa e refazer um motor estragado pela água é bastante complicado”, afirma.

Problemas por panes mecânicas, portanto, seguem com o atendimento garantido na mecânica, segundo Klein, no entanto, qualquer veículo que passou semanas exposto à água está fora do planejamento.

“Explicamos a situação ao proprietário que não é todo o carro que pode ser salvo”, destaca. “O problema é que não há somente água, mas lodo e outras substâncias que acabaram absorvidas pelo motor”, conclui.

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