O julgamento da técnica de enfermagem Vanessa Pedroso Cordeiro, 40 anos, acusada de tentar matar 11 recém-nascidos no Hospital Universitário (HU) com aplicação de medicamentos controlados, já dura mais de dez horas em Canoas.
O júri, que começou na manhã desta quinta-feira (11), ocorre após quase 15 anos do caso e a ré responde o processo em liberdade provisória.
Agora a noite, o primeiro a sustentar foi o promotor de justiça Rafael Russomanno Gonçalves. “Não tenho a menor dúvida. Tenho a absoluta convicção que ela assumiu o risco de produzir o dolo. Foi um resultado previsível. Ela sabia o que ia acontecer e sabia o que estava aplicando. Não havia morfina no bebedouro, ela teve que pegar uma ampola para aplicar”, afirma.
O promotor alega que não foi a Vanessa que salvou os bebês. “Houve um crime contra a vida. Já havia recém-nascidos na UTI e ela seguia aplicando medicação. Em nenhum momento ela falou o que estava acontecendo quando não se sabia o que os bebês tinham. Não foram atos tão impulsivos como a defesa alega. Houve um planejamento prévio.”
“Havia uma preferência. Ela escolhia aqueles bebês considerados de “capa de revista”, ou seja, os mais bonitos e saudáveis.”
Após as falas do promotor, a defesa de Vanessa iniciou sustentou que a ré possui um histórico psicossocial extenso. “Desde a infância, ela apresentava questões de impulsividade. Ela não tinha autodeterminação, ou seja, não entendia o que fazia desde criança. Ela tem uma má formação psíquica. Uma falta de capacidade de se determinar. Na infância ela foi molestada. Na adolescência ela se cortava. Na vida adulta, vimos o reflexo de uma pessoa doente”, alega o advogado Flávio Barros de Lia Pires.
“Não é justo ela ir para o sistema prisional, a Vanessa precisa de cuidados médicos para poder viver em sociedade”, pondera.
“A Vanessa ficou presa um ano no Forense [Instituto Psiquiátrico]. Três peritos avaliaram ela, e chegaram a conclusão que ela tinha capacidade parcial do que estava fazendo. Mesmo sabendo da conduta errada, ela não conseguia parar. A Vanessa sabia que era errado, mas não tinha controle dos impulsos.”
Sobre o Tribunal do Júri
O julgamento iniciou com relatos de testemunhas de acusação e de defesa. O júri foi sorteado pelo juiz Diogo de Souza Mazzucatto Esteves. O Conselho de Sentença está formado por três mulheres e quatro homens.
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