A cheia do Rio dos Sinos causa enorme impacto na população que vive às margens. Devido à situação, uma dúzia de famílias na Rua da Barca, em Canoas, terminou passando a primeira noite debaixo do viaduto da BR-116.
Daiana Flores, de 34 anos, teve que sair de casa com os seis filhos na madrugada de segunda-feira (20), quando a água invadiu a pequena casa em que vivia com as crianças e o marido.
Ela lembra que o mesmo já havia acontecido em 2015, quando uma grande cheia atingiu a comunidade da Barca e o viaduto acabou sendo o único refúgio possível para quem vivia no local.
“Eu pensava que nunca mais teria que passar por algo parecido de novo”, desabafa. “A gente não teve tempo de fazer nada e, quando viu, a água já tinha tomado tudo dentro de casa. Consegui sair só com o que tinha no corpo”.
Para abrigar os moradores da Barca, uma estrutura com lonas foi montada pelos moradores, contando com o auxílio da Defesa Civil, foi garantido pensando especialmente nas dezenas de crianças que permanecem sem um teto.
Líder comunitário na Barca, Vagner dos Santos, 42 anos, contou com o apoio de um amigo e montou até uma cozinha improvisada em um reboque para garantir um prato de comida aos vizinhos.
“A gente se virou do jeito que deu”, diz. “A Defesa Civil ajudou com mantimentos e comida, mas a gente mesmo teve que correr atrás de muita coisa para as crianças não passarem mais dificuldade”.
Destruição
Um dos mais antigos moradores da Barca, o pescador Sebastião Müller, 55 anos, vive há mais de 30 anos no local, razão pelo qual já estava acostumado a ver o Rio dos Sinos subir, mas não tanto quanto dessa última vez.
“Na última grande enchente que deu, isso lá em 2015, eu fiz a marcação e resolvi cobrir o terreno para impedir que a água voltasse a subir”, conta. “Só que agora o rio foi muito além da marcação e fiquei debaixo d’água”.
O trabalhador afirma ter perdido tudo que tinha em casa. Isso porque não houve tempo hábil para tentar tirar qualquer eletrodoméstico ou móvel. Ele, no entanto, diz não reclamar de nada.
“Perto da destruição e do número de mortes que a chuva causou em outras cidades, o que aconteceu em Canoas é pouca coisa”, opina. “A gente sofreu por perder coisas materiais, mas muita gente morreu”.
Resgate
Conforme o secretário Igor Sousa, a Defesa Civil passou toda a segunda-feira auxiliando moradores a deixar residências inundadas. Por não quererem se afastar de casa, eles foram encaminhados para o viaduto debaixo da BR-116.
“O ideal era que fossem para um ginásio, mas eles não querem se afastar de casa e única alternativa foi mantê-los debaixo do viaduto”, explica.
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