O Grupo Teatro, Ideia e Ação, conhecido como Grupo TIA, completou 20 anos de dedicação à arte. Fundado em 2004 por Marcelo Militão e Mariana Abreu, o grupo celebra a diversidade e a potência do teatro popular itinerante.
Foto: Ademar Júnior/Divulgação
Os integrantes trabalham com teatro de rua, teatro comunitário, cenopoesia, palhaçaria e mamulengo. Ao longo desses anos, foram mais 15 prêmios e um público superior a 500 mil pessoas. Além de se apresentar em Canoas e em outras cidades gaúchas, o grupo já passou por Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Rondônia, Mato Grosso do Sul e Uruguai.
“Os espetáculos partem muito das nossas vontades, das nossas inquietações, o que estamos com vontade de trabalhar. Não tem uma receita específica”, afirmou Mariana sobre as inspirações do grupo para criar as peças.
“Trabalhamos com teatro popular para estar em todos os lugares. É para favela, sertão, comunidades ribeirinhas”, destacou a co-fundadora. “Os espetáculos foram justamente pensados para circular. Nenhum espetáculo é cheio de material que dificulta a viagem”, completou.
“Acho que permanecemos em atividade nesses 20 anos por causa da teimosia, porque o cenário é difícil. Viver de arte, assim, nesses anos todos, foi na teimosia, no amor, amor e teimosia”, afirmou Mariana sobre a longevidade do grupo.
Foto: Tiemy Saito/Divulgação
“Nunca é fácil. Para ganhar um projeto, tem que fazer um edital e se concorre com vários participantes. Para conseguir vender uma apresentação é difícil também”, confessou. O grupo se inscreveu no edital da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e aguarda o resultado para comemorar os 20 anos. “Se formos contemplados, vai ter uma programação bem específica. Esse projeto é uma amostra de repertório com todos os espetáculos, oficinas e exposição de fotografias”, explicaram.
“Tínhamos uma programação antes da enchente. O desastre no Rio Grande do Sul mudou todo o gráfico. Tudo ficou mais desorganizado. As agendas que já tínhamos marcado, por exemplo, mudaram. Nós fomos atingidos, na verdade. E agora que parece que tá começando a melhorar um pouco”, contou o ator e professor de teatro Marcelo Militão.
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Foram muitas formações ao longos dos anos, mas atualmente Marcelo e Mariana contam com a presença da filha Sofia, do técnico de luz Edgar Alves, 57 anos, e do técnico de som Mário Ferrolho, 41 anos.
Mário entrou em 2013 para tocar violão na peça João Jiló e hoje toca vários instrumentos nos outros espetáculo. “Compartilhamos das mesmas ideais. Tanto que eu fiquei todos esses anos por isso. É o que faz durar tanto, esse pensamento em comum”, comentou Mário.
Edgar já conhecia o TIA há bastante tempo e veio se aproximando do grupo desde 2014, inclusive como babá da Sofia em uma das viagens para se apresentar, mas se tornou membro oficial depois da pandemia.
Aulas de teatro
Além dos espetáculos, a trupe se reúne às segundas e sextas-feiras para dar aula de teatro no Sesc Canoas. “A aula aqui no Sesc é para a turma infantil e juvenil todas as segundas. Esse tá sendo o terceiro ano. Já estamos entrando no processo de montar de espetáculo com eles. Sempre tem no final do ano uma mostra, onde vem as famílias para assistir”, contou Mariana.
As aulas acontecem das 16 horas até às 17h30. Recentemente, o Sesc Canoas abriu uma turma para adultos, com aulas nas sextas-feiras, das 19h horas às 21h40, também ministradas pelo GRUPO TIA.
A fundadora celebra a oportunidade de poder trabalhar com a formação de atores. “É um trabalho bem bacana. Tem alunos aqui que estão desde a primeira edição. Tem uns que entraram esse ano, mas tem uns aqui que fazem desde a primeira vez. É legal, vai criando esse vínculo”, contou.
Festia
Realizado desde 2011, em Canoas, o Festival de Teatro Popular, o Festia, também é uma das áreas de atuação do Grupo TIA. Neste ano, mesmo com as enchentes, a trupe conseguiu organizar as apresentações de grupos convidados. O evento aconteceu entre os dias 8 e 12 de agosto em diferentes pontos da cidade.
Foto: Paulo Pires/GES
“Ele é um festival de teatro popular que atende principalmente as periferias. A ideia é isso, é dialogar com espetáculos populares, que têm essa estética, essa possibilidade de ir para qualquer lugar. Porque um dia a programação é no Sesc, outro dia numa associação comunitária, ou na praça na rua”, afirmou Mariana.
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