Após a passagem do ciclone, a chuva deu uma trégua nesta quarta-feira (27). A situação em Canoas, porém, segue delicada devido aos alagamentos em pelo menos seis bairros, obrigando moradores a saírem de casa com água pelo joelho.
Ao todo, 34 pessoas foram parar em abrigos criados pela prefeitura. Contudo, a maioria da população atingida se recusa a sair de casa e faz o que pode para tentar salvar os pertences.
O bairro Mato Grande é uma das áreas onde a água permanece acumulada desde o início da semana. É quase impossível para os moradores que vivem nas imediações da Rua Antônio Wobeto deixar o local sem molhar os pés.
A costureira Adriana Ponzela, 50 anos, viu o marido e o filho saírem, no início da manhã desta quarta, em meio ao alagamento. Ela continua em casa levantando os móveis enquanto observa a elevação da água.
“Meu marido e meu filho trabalham e tiveram que sair de casa do jeito que deu”, conta. “Fiquei em casa e levantei os móveis do quarto, onde a água já entrou, mas pelo jeito não vai ser suficiente, porque não para de subir”.
O comerciante Itiberê Dutra Moreira, 57 anos, disse estar com o estabelecimento fechado, somente contabilizando os prejuízos, porque não há acesso a via. Ele mesmo não sai de casa há dias.
“A gente não consegue fazer nada, porque não dá para sair”, reclama. “Acho que desde 2015 quem mora no Mato Grande não via isso, porque a água subiu a rua e não desceu mais. Fico empurrando com os olhos, mas ela só sobe.”
Além do bairro Mato Grande, há áreas completamente alagadas nos bairros Rio Branco, Fátima, Estância Velha, Olaria e Guajuviras. Todas ficam próximas a valas que acabaram inundadas devido às constantes chuvas.
Ações do poder público
Já a Prainha do Paquetá segue completamente inundada pela cheia do Rio dos Sinos, segundo o secretário adjunto da Defesa Civil de Canoas, Igor Sousa. “O ciclone já passou e não temos mais risco de chuva, granizo e ventania”, afirma”. “No entanto, o nível do Rio dos Sinos e do Gravataí não param de subir e a situação permanece preocupante”, observa. “Estamos concentrando esforços justamente nessas áreas.”
A Prefeitura de Canoas decretou situação de emergência ainda na tarde de terça-feira. O secretário esclarece que a medida era necessária para ampliar o atendimento à população. Foram quase 4 mil residências atingidas pelo granizo.
“Além do temporal de granizo, o excesso de chuva e a cheia dos rios justificam a medida, que vai possibilitar ao Município receber recursos para serem comprados mais equipamentos, materiais e cestas básicas que a população tanto precisa”, esclarece.
LEIA TAMBÉM