Canoenses desabrigados pela enchente de maio começaram a ser encaminhados para o novo Centro Humanitário de Acolhimento da cidade, intitulado de Esperança, nesta segunda-feira (22). O espaço, que tem capacidade para acolher até 850 pessoas, foi financiado pela Sistema Fecomércio/Sesc/Senac e é gerido pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Localizado no estacionamento do Centro Olímpico Municipal (avenida Araguaia, 1151, bairro Igara), o Centro é o terceiro inaugurado pelo Estado para acolher atingidos pela enchente. O Centro Esperança se junta ao Recomeço, também em Canoas, e ao Vida, em Porto Alegre. As estruturas foram projetadas pelo governo estadual, em conjunto com as prefeituras municipais, além de empresas e organizações parceiras.
A ocupação do Centro Esperança ocorrerá de forma gradual. A expectativa é de que 40 pessoas que antes estavam abrigadas no Centro Olímpico Municipal e no ginásio da Escola Municipal de Ensino Fundamental Erna Würth sejam transferidas por dia para o novo local.
“Inauguramos o terceiro Centro Humanitário de Acolhimento na tarde desta segunda, com a ideia de zerar o número de pessoas em abrigos em Canoas. A Prefeitura nos informou que gostaria de acolher pessoas que estão tendo de sair de suas casas depois de retornar, devido à interdição das casas pela Defesa Civil Municipal”, afirma o vice-governador do Estado, Gabriel Souza. “Essas pessoas tem que ser acolhidas em algum lugar, e esse local serviria para tanto, bem como para famílias desalojadas que estão há muito tempo em casas de terceiros”, explica.
“Nosso objetivo é poder acolher e cuidar dessas pessoas para que possam dar o próximo passo rumo à reconstrução de suas vidas. O nome ‘Esperança’ simboliza aquilo que acreditamos”, sintetiza o coordenador de emergência da OIM, Joaquim Torrinha.
O secretário de Apoio à Reconstrução de Canoas, Roberto Tejadas, frisa que os centros contam com apoio de organizações especializadas em abrigamento. “Optamos pelo Centro Humanitário de Acolhimento porque, além de ser um espaço mais qualificado, ainda tem toda a experiência comprovada e atestada pelas agências da Organização das Nações Unidas. É um espaço que propicia maior individualidade, com uma família em cada unidade habitacional”, ressalta.
Na próxima quarta-feira (24), às 9h, o vice-governador e representantes do Estado e do município visitarão as instalações do centro.
Estrutura inaugurada nesta segunda-feira
O espaço de 9 mil m² inclui 122 dormitórios em tendas, distribuídos em alas destinadas a diferentes grupos: grupos familiares, homens, mulheres e pessoas LGBTQIA+.
São sete dormitórios masculinos e sete femininos, 96 unidades para grupos familiares de até cinco pessoas, seis unidades para grupos familiares de até dez pessoas e seis dormitórios LGBTQIA+ para até oito pessoas cada, além de 50 berços.
Um posto médico com consultório, duas salas de observação e farmácia estará disponível, bem como um espaço para crianças com brinquedos e profissionais especializados.
Há banheiros privativos para cada uma das alas, garantindo maior privacidade e individualidade aos acolhidos. São 64 banheiros, 48 chuveiros femininos e masculinos e seis chuveiros para pessoas com deficiência (PcD).
Oito máquinas de lavar e outo máquinas de secar estão disponíveis no espaço, bem como seis tanques e espaço para estender roupas. O refeitório coletivo tem capacidade para 400 pessoas e as três refeições diárias serão fornecidas por uma empresa contratada pela OIM.
Também há uma sala para lactantes e bebês, com berços, cadeiras de amamentação, trocar, geladeiras e equipamentos para esquentar mamadeiras.
Os animais das famílias acolhidas permanecerão no espaço já existente no Centro Olímpico Municipal.
Como será a entrada das famílias
As famílias serão acolhidas de forma gradativa, conforme triagem feita pela prefeitura de Canoas, em conjunto com a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes).
As primeiras 40 pessoas chegarão a partir das 14h. Na sequência, o processo de ingresso será progressivo, com uma média de 60 pessoas por dia, incluindo finais de semana. A expectativa é chegar à lotação máxima até a primeira quinzena de agosto.
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Critérios para adesão das primeiras famílias consideram se a família é monoparental; se há idosos; se há pessoas com deficiência; se há gestantes; se há pessoas com transtorno do espectro autista; qual o número de membros da família; dentre outras especificidades. O objetivo é assegurar o acolhimento adequado às famílias mais vulneráveis.