Nova cheia
CATÁSTROFE NO RS: "Consegui aguentar dez dias ilhado", diz comerciante resgatado em Canoas
Defesa Civil mobiliza resgates a pessoas que permanecem ilhadas nesta segunda-feira. Previsão é que a água continue subindo
Última atualização: 13/05/2024 12:50
A chuva forte do final de semana acabou com a esperança de quem pensava em voltar para casa no início desta semana. A alta dos rios voltou a fazer subir a água nos pontos mais críticos de Canoas.
Coube à Defesa Civil, na manhã desta segunda-feira (13), dar início a uma nova operação de resgate à parcela da população que permanece ilhada nos bairros Rio Branco, Fátima e Mathias Velho.
Na avaliação da Defesa Civil, a água sobe rapidamente, sendo muito arriscado permanecer em casa aguardando um cenário pior que o já existente desde que os diques no Rio Branco e Mathias Velho romperam.
“Não para de descer água vinda do Taquari e do Caí, então a água está subindo rapidamente e o nível deve ultrapassar aquele que já era visto até o final de semana passado”, disse o coordenador Rafael Oliveira.
Atuando com uma equipe de voluntários oriunda de Campinas, em São Paulo, Oliveira disse ter criado uma lista no qual são atendidas as demandas da comunidade diante da urgência de cada caso.
“Os barcos sobem e descem durante o dia inteiro”, aponta. “Tem gente que não quer sair, mas estamos insistindo, e há quem decidiu sair e esses ganham prioridade, porque representam vítimas em potencial.”
O casal de comerciantes Jairo e Inês Jutowski acabou decidindo sair de casa na manhã desta segunda-feira, após onze dias completamente ilhados no bairro Rio Branco.
A chegada no viaduto de entrada do bairro Rio Branco foi de emoção para parentes e amigos, que aguardavam ansiosamente a saída do casal preso em uma casa de dois pisos há uma semana e meia.
"Consegui aguentar dez dias ilhado", aponta Jairo. "Além de ver a água só subindo, a gente entendeu que estava mais incomodando do que colaborando com a situação, porque sempre que necessitava de alguma coisa, alguém precisava levar de barco”, explicou.
Angústia na espera
Um dos homens de frente da Defesa Civil, Igor Sousa estava encarregado de resgates e atendimentos das demandas nesta manhã, conforme a lista criada pelos agentes.
“Pego o barco e saio para atender uma demanda, vou lá e ajudo, retorno para a base e pego um novo serviço, e assim vai”, explicou.
Jane Oliveira, 52, fazia parte da lista de espera. O drama da moradora do bairro Rio Branco é o resgate de onze animais que permanecem presos na Rua Boa Saúde desde o início da tragédia.
“Eles são cachorros enormes e se eu não for até lá, ninguém vai chegar perto para alimentar e vão acabar morrendo”, contou. “Tentei ajuda no domingo (12), mas o barco que foi me ajudar quebrou e precisei voltar novamente”, desabafa.