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CATÁSTROFE NO RS: Busca por desaparecidos em meio a enchente é prioridade da Polícia Civil

São 149 desaparecidos no Estado; índice de localizados, no entanto, é alto, aponta o delegado Mario Souza. "São 20 ou 30 achados diariamente", explica

Publicado em: 15/05/2024 11:56
Última atualização: 15/05/2024 11:57

Em meio ao desespero para escapar da inundação que assolou Canoas, a aposentada Juliana Azevedo perdeu o neto de 16 anos que estava com ela durante a fuga do bairro Mathias Velho. Ela acabou encontrando o adolescente somente no dia seguinte em um abrigo no bairro Estância Velha.

Polícia Civil trabalha na busca por pessoas desaparecidas, no bairro Rio Branco, em Canoas Foto: PAULO PIRES/GES

“Foi uma noite inteira de desespero, porque eu não sabia se ele estava bem”, conta a ex-professora de 62 anos. “A gente se separou no tumulto e não teve jeito de achar. Gritei muito, mas ninguém me ouvia”.

Nem todos, entretanto, tiveram a mesma sorte e há um número expressivo de pessoas desaparecidas durante a tragédia. São 149 no Estado, conforme o boletim da Defesa Civil divulgado nesta quarta-feira (15). Já em Canoas, há 19 desaparecidos.

Objetivando garantir a localização, o mais depressa possível, dos desaparecidos, a Polícia Civil reforçou o trabalho da batizada Delegacia de Investigação de Pessoas Desaparecidas (DIDP) e deu início a uma operação que tirou até policiais do serviço administrativo para agir em pontos críticos.

Conforme explica o diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa, o delegado Mario Souza, existe a necessidade de localização da população diante do aumento de casos, que acontece diariamente diante do aumento das águas.

O número de novos casos não para de subir e deve seguir neste patamar. São dois ou três novos desaparecidos por dia somente em Canoas, no entanto são 20 ou 30 localizados por dia no RS, aponta o delegado, graças ao trabalho de identificação em comunidades atingidas pela água e igualmente nos abrigos.

“O serviço que começa com uma simples ligação termina com os agentes vasculhando abrigos e áreas inundadas em busca do desaparecido ou desaparecida”, defende. “Estamos sem pessoal administrativo, porque a ordem é garantir um retorno quanto antes à parcela da população que já está sofrendo”.

É preciso comunicar de imediato

Segundo o delegado, é importante que a pessoa não espere 24 ou 72 horas para informar o desaparecimento. Isso porque a Polícia Civil trabalha diante de uma tragédia em que o tempo é questão essencial para que a vítima seja localizada o mais breve possível.

“Estamos com vários canais à disposição e a pessoa pode usar qualquer um para comunicar o desaparecimento”, avisa. “Porque se a pessoa desapareceu em um ponto X e isso é comunicado de imediato, fica mais fácil para o agente correr ao local para tentar achar a vítima do que esperar um ou três dias”.

Segundo Souza, a operação vai se manter e não há como fugir da realidade: há desaparecidos que podem estar mortos devido às inundações, já que nem todos conseguiram escapar a tempo.

“Infelizmente, existem vítimas que estão sendo encontradas sem vida”, lamenta. “É preciso somente ficar claro que a Polícia Civil não vai descansar até que todos os desaparecidos sejam encontrados”.

Cuidado com as vítimas

Na manhã da última sexta-feira (10), um cadáver foi localizado pelo Corpo de Bombeiros boiando perto da Paróquia Nossa Senhora de Fátima. A Polícia Civil, em parceria com a Guarda Nacional, isolou quase meio quilômetro da área visando que ninguém se aproximasse do local.

“As pessoas precisam entender que diante da tragédia, não há nenhum saldo em expor as vítimas com fotografias e vídeos”, frisa o delegado. “A tristeza já é grande o suficiente e não há porque propagar imagens que vão ferir e traumatizar pessoas que já estão sofrendo. Por isso, o cuidado tem sido tão grande às vítimas”, conclui.

Como informar desaparecimento?

A Polícia Civil aponta que, em caso de pessoa desaparecida devido às fortes chuvas que afetam o Rio Grande do Sul, é preciso entrar em contato imediatamente com a Delegacia de Investigação de Pessoas Desaparecidas (DIPD) pelo número (51)3288-2651 ou (51)3288-2653. Também estão à disposição o 197 da Polícia Civil; o disque-denúncia 0800-642-0121; e o WhatsApp (51)9416-7109.

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