CATÁSTROFE NO RS
DIA DAS MÃES: "As crianças vão passar o dia grudadas em mim", diz mãe que perdeu casa em enchente
Domingo atípico começou sob muita chuva e pouca esperança para quem quer voltar para casa em Canoas
Última atualização: 12/05/2024 15:15
O Dia das Mães começou em Canoas sob forte chuva e apenas um fio de esperança para quem quer voltar para casa. Isso porque o acúmulo de chuva durante a sexta-feira (10) e sábado (11) fez subir a água que inundou a cidade.
Na manhã deste domingo (12), moradores dos bairros Rio Branco e Fátima cumpriram a rotina diária de voltar até o ponto da Estação Fátima que concentra os resgates para verificar a situação.
O que se viu, uma vez mais, é o cenário desolador da água e lixo soterrando qualquer possibilidade de retomar o lar, conforme constatou Celiane Santos Chagas, 35 anos, que mora no bairro Fátima.
Ela conta ter deixado a residência no dia 3 em meio a correria dos moradores que reuniam pertences e abandonavam casas. Celiane, no entanto, se preocupou somente com as quatro crianças.
“Peguei minhas meninas e corri o mais depressa que pude”, lembra. “A gente acabou surpreendido, porque não houve nenhum comunicado para sair de casa no bairro Fátima, então quando decidi sair, a gente já estava com água batendo na canela”.
Sobre o Dia das Mães, Celiane diz não ser possível celebrar a data com a importância que ela tem, já que o domingo bem longe de casa carece de conforto, embora não falte carinho.
“As crianças vão passar o dia grudadas em mim e isso já é uma benção muito grande e meu maior presente”, diz. “O resto eu vou correr atrás depois, porque o mais importante está são e salvo”, acrescenta.
Menos voluntários
Mesmo com o Corpo de Bombeiros, Brigada Militar e soldados das Forças Armadas mobilizados no centro de comando improvisado no bairro Fátima, o domingo começou com poucos voluntários na água.
A ausência do movimento de barqueiros na área que cobre os bairros Rio Branco e Fátima é explicada não somente pela data, segundo os bombeiros, mas ainda pelo cansaço e a possibilidade de novos temporais.
“O pessoal estava pegando junto e direto”, elogiou o bombeiro Marcos Antônio Santos. “Só que o tempo ruim e o cansaço fizeram com que vários voluntários que estavam trabalhando não aparecessem hoje [domingo]”.
Já o policial militar Victor Andrade alertou que, embora muitos queiram voltar para casa, toda a área é de grande risco e não há possibilidade de um retorno seguro, razão pelo qual ninguém está sendo transportado de volta para casa.
“Está aparecendo muita gente querendo voltar, mas não dá”, observou. “E também a maioria que permanece em casa quer continuar lá, o que torna o processo de convencimento bem mais difícil”, completou.
Mais segurança
A Brigada Militar reforçou a segurança na Estação Niterói neste sábado (11), onde só é possível acesso após a devida identificação, já que o local é epicentro do verdadeiro lago em que se transformou o bairro Rio Branco.
Assim, há PMs fazendo a guarda pela entrada não inundada na Avenida Getúlio Vargas. Conforme a BM, a restrição visa colaborar com os trabalhos, já que no local circulam órgão oficiais e responsáveis pelos resgates.