MORADIA

Canoenses enfrentam dificuldades para alugar imóveis

Na busca por um novo lar, atingidos pela enchente encontram escassez de opções e alta nos preços

Publicado em: 15/05/2024 17:22
Última atualização: 15/05/2024 17:58

Antes da enchente atingir a casa onde Renan Kayser, 37 anos, morava com a esposa e seus 3 filhos, ele já estava buscando uma nova moradia para a família. A situação que Renan encontra no mercado imobiliário agora, depois da enchente, é bem diferente do que ele estava acostumado.

Imóveis disponíveis se tornaram raridade em Canoas Foto: Paulo Pires/GES

“A busca está bem caótica”, relata. O morador do bairro Harmonia está alojado na casa de parentes, em Gravataí. “Quando encontramos lugares disponíveis para alugar e tentamos agendar ou visitar, não temos retorno”, comenta Renan.

Ligações para imobiliárias ficaram sem resposta, e os valores de aluguel encontrados assustaram o canoense. “Imóveis de três quartos que eu já tinha mapeado e custavam cerca de 2 mil reais não baixam mais de 3 mil”, diz.

Como Renan e sua esposa trabalham com eventos em Canoas, precisam voltar à cidade para trabalhar. Mas com a escassez, já considerou até buscar imóveis na praia. O cenário que encontrou foi parecido: segundo ele, os preços em Capão da Canoas já dispararam.

O bombeiro militar Clarito Zappaz, 53, passa pelas mesmas dificuldades desde o último sábado (10). Morador da Mathias Velho, ele também precisou deixar sua casa devido à inundação. “Para começar, não encontro imóveis mobiliados. Os que têm, dobraram de preço”, desabafa. “Procurei em todos os bairros de cima exceto Niterói, pelo risco de alagamento”.

Como mora junto de seus sogros idosos, com problemas de mobilidade, Clarito precisa encontrar um apartamento ou casa no térreo. O único lugar em que conseguiu uma moradia fica longe de Canoas. “Levei toda minha família para a praia. Venho trabalhar e fico no quartel. Mas é difícil ficar tranquilo quando a família está mal”.

Além da escassez de imóveis, Clarito se deparou com práticas abusivas por parte dos proprietários. “Cheguei a conseguir um imóvel disponível, mas só fazem contratos por um ano. Quando pedi para alugar por seis meses, disseram que só aceitariam se eu pagasse o valor de um ano por seis meses. Não quero de graça, mas as pessoas não se sensibilizam”.

O vice-presidente de locações da Associação do Mercado Imobiliário de Canoas e Nova Santa Rita (ASSOCI), Daniel Silveira, diz que esse tipo de prática é proibida pelo código do Conselho de Corretores de Imóveis (CRECI). Casos como estes devem ser denunciados para a entidade. Mais informações podem ser solicitadas no Instagram da ASSOCI: @associcanoas.

Também é vedado cobrar taxas de reserva para o inquilino ou solicitar dois tipos de garantia ao mesmo tempo (como fiador e caução). Segundo ele, o aluguel via imobiliária garante mais segurança para os locatários.

A escassez, no entanto, é fruto da situação de calamidade. “Já tínhamos uma carência de imóveis em Canoas. Agora a demanda dobrou, enquanto a oferta diminuiu”, explica. As mudanças em relação ao preço serão vistas ao longo do tempo, mas ele relata que a previsão é de alta no lado leste da cidade.

Na opinião de Daniel, a impressão de alta nos preços se dá porque os imóveis mais acessíveis já foram ocupados. A falta é acentuada porque muitos lugares antes disponíveis foram emprestados para familiares ou amigos de proprietários.

Quanto a multas rescisórias de imóveis alugados atingidos pela enchente, não há uma decisão geral para estes casos. “Vai ir do bom senso de cada um, porque o código não é preciso quanto a isso”, diz Daniel.

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