As intempéries climáticas que castigaram Canoas no fim de 2023 e no começo de 2024 deixaram um rastro de prejuízos para moradores de diferentes bairros. Em novembro, a cheia do Rio dos Sinos inundou centenas de residências do município. Passados dois meses, a cidade foi novamente acometida por eventos adversos. No temporal do dia 16 de janeiro, a Defesa Civil atendeu mais de 2 mil chamados em decorrência da chuva e dos ventos que ultrapassaram os 100 km/h.
Foto: PAULO PIRES/GES
Em ambos os casos, a Prefeitura de Canoas decretou situação de emergência. Entre as atribuições, o decreto possibilita a solicitação de valores do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A demora para a liberação dos recursos tem causado apreensão entre os canoenses atingidos pelos eventos climáticos.
Segundo a Defesa Civil de Canoas, o município aguarda viabilização da liberação dos recursos por parte do Governo Federal. “O processo mais antigo [de novembro] foi reconhecido no início de fevereiro, entretanto, ainda carece de detalhes burocráticos para a efetivação do saque do FGTS. Fizemos uma nova reunião com a Caixa Econômica Federal visando acelerar a liberação”, afirma o secretário adjunto do Escritório de Resiliência Climática, Igor Sousa.
De acordo com o órgão, a proposta contempla cerca de 500 endereços. “Se houver mais de uma pessoa naquele endereço que possua FGTS, não tem problema, ambas poderão fazer o Saque Calamidade.”
Ajuda necessária
Morador da rua da Prainha, no Paquetá, Cristiano André Silveira Pastoriza, de 44 anos, lamenta a demora para a liberação do Saque Calamidade. “Estragou muita coisa. Precisei trocar parte das madeiras que sustentam a casa. A enchente acabou com a durabilidade do material. A pintura se foi também. O galpão ficou danificado. Perdi equipamentos de solda e uma máquina de lavar roupas”, relembra o pescador.
Sem condições de comprar uma nova máquina de lavar roupas, o Cristiano e a esposa estão utilizando uma máquina de lavar emprestada. “Se não fosse meu irmão teríamos que lavar tudo na mão. Não é fácil perder as coisas. Eu e minha esposa trabalhamos para conquistar nossa casa.”
O morador reclama da falta de informação e orientação por parte da Prefeitura. “Não fomos informados de nada. Até o momento, não sabemos se teremos direito, a minha esposa trabalha no regime CLT. Aguardamos uma resposta.”
Cadastramento
A Defesa Civil do município iniciou nesta terça-feira (20), o cadastramento de moradores afetados pelas cheias de novembro, que tenham interesse em solicitar o Saque Calamidade FGTS. As equipes começaram as inscrições pela região da Praia do Paquetá e Rua da Prainha, no bairro Mato Grande, e na Rua da Barca, no Harmonia. O prazo para demonstrar o interesse encerra na próxima segunda-feira (26).
Temporal
Segundo balanço da Defesa Civil de Canoas, o evento climático do dia 16 de janeiro afetou 8.800 pessoas e atingiu 2.200 residências. O número foi comunicado pelo órgão junto ao Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD) do Sistema Nacional e Proteção e Defesa Civil do Governo Federal.
Na terça-feira, Canoas teve reconhecida a situação de emergência em virtude das fortes chuvas e vendaval do último dia 16 de janeiro. O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), através da Defesa Civil Nacional, publicou a portaria em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).
Classificado com nível II, o documento possibilita o Saque Calamidade do FGTS por parte da população atingida pelo fenômeno.
Segundo o secretário adjunto do Escritório de Resiliência Climática (Eclima) e Defesa Civil, Igor Sousa, ao longo desta quarta-feira (21) será divulgada a plataforma para os canoenses interessados no benefício cadastrarem as informações.
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