O impacto causado pelas cheias e o consequente aumento da segurança pública em Canoas acabou gerando a diminuição dos índices de violência em Canoas. A cidade registra uma significativa redução de 20% nos homicídios em 2024.
Foram 38 crimes contra a vida de janeiro a agosto, conforme apontamento da Secretaria Estadual de Segurança Pública, que acaba de divulgar os números relativos à violência no Rio Grande do Sul.
Em números concretos, houve a redução de dez assassinatos no comparativo com o mesmo período de 2023, quando houve 48 homicídios. Essa redução, defendem as polícias, começou antes mesmo que as águas inundassem a cidade.
Embora com um começo de ano de muita violência, devido ao conflito armado entre facções criminosas, houve o gradual arrefecimento dos ataques a tiros, defende o comando da Brigada Militar (BM).
A lembrar, houve 34 assassinatos somente entre janeiro e março, porém, a partir de abril, o número despencou. Foram quatro mortes em abril, número que cairia a zero durante as cheias de maio.
Na avaliação do tenente-coronel Clóvis Ivan Alves, que responde pelo comando do 15º Batalhão da Polícia Militar (BPM) de Canoas, a diminuição é fruto de trabalho, já que os indicadores mostraram que a partir de março.
“Houve um trabalho gradual cujo resultado aparece agora”, frisa. “Reorganizamos o planejamento do policiamento ostensivo e forçamos as rondas, de modo que a produtividade aumentou bastante”, completa.
Roubos
Além da diminuição do número de homicídios, os indicadores do Estado apontaram queda de 50% nos roubos a estabelecimentos comerciais; mais de 50% nos roubos de carros; e 60% nos roubos a pedestres, crimes que causam grande impacto na sensação de segurança da população.
“Acreditamos que os números podem reduzir mais e vamos dar continuidade ao trabalho para garantir uma diminuição significativa como a que aconteceu neste segundo semestre do ano”, avisa o comandante.
Trabalho
O aumento das blitz, na avaliação do comando da Brigada Militar, é um fator a ser destacado. Quem vive no lado oeste, por exemplo, precisou se acostumar com a quantidade de barreiras em pontos considerados chave pela BM.
“Mapeamos os locais e horários em que aconteciam os crimes e, a partir deste importa estudo, elaboramos um plano objetivo de posicionamento do efetivo em pontos estratégicos”, explica o oficial.
O comandante também lembra que Canoas passou a contar, nos últimos meses, com forças de segurança oriundas de vários Estados. Isso colaborou decisivamente para o reforço no policiamento ostensivo.
“O Brasil inteiro passou a olhar para Canoas em meio a tragédia”, recorda. “Isso garantiu reforços importantes também para a segurança pública. A Força Nacional, por exemplo, seguiu dando apoio”.
Mês sem mortes
Não houve nenhum homicídio durante o mês de maio em Canoas, mas poderia. Isso as cheias obrigaram facções criminosas rivais a ter que conviver todas em um mesmo lado durante o período das inundações.
O comandante lembra que, somente um espaço garantido como abrigo em Canoas, estava abrigando quase sete mil pessoas, incluindo integrantes de facções distintas que precisaram passar a conviver lado a lado.
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“Foi um período bastante complicado para toda a população e muito sensível do ponto de vista da segurança pública”, recorda. “Felizmente, não houve confrontos durante o período no ginásio”.
Sem retorno
A reportagem entrou em contato com o Departamento Estadual de Homicídios, porém, até o fechamento desta matéria, não houve retorno.
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