O domingo (19) foi de celebração de todas as cores e luta contra o preconceito. A 11ª Parada Livre organizada em Canoas reuniu milhares de pessoas no Parque Eduardo Gomes.
Debaixo de sol forte, a retomada do evento foi marcada por um desfile de fantasias exóticas, com bandeiras erguidas orgulhosamente para evidenciar a luta da população LGBTQIAPN+ contra a homotransfobia.
Apresentações com DJs especialmente convidados e performances de drag queens, músicos, cantores e dançarinos gogo boys animou o público presente desde a abertura do evento às 14 horas.
“É muito especial a gente estar neste palco em Canoas e observar a alegria de um público que abraça as diferenças”, disse o mestre de cerimônias Xandy Mattos. “Não foi fácil a gente chegar aqui hoje, mas continuamos de pé e lutando”.
O tom político e de manifesto da festa ficava evidenciado também fora do palco, entre os jovens presentes, cantando e dançando, sozinhos ou em grupo, com faixas e cartazes em apoio ao movimento LGBT.
Poliana Einsfeld pulava segurando um cartaz que dizia “Jesus Cristo cura a homofobia”. Ela contou ser integrante do grupo Coletivo Abrigo, cujo chamamento é que “Deus não faz acepção de pessoas”.
“É ótimo ver Canoas organizando uma festa bonita que celebra a liberdade”, elogiou. “Porque não importa a letra ou a sigla, nada deve impedir a pessoa de ser quem ela realmente é”.
Fantasias
Nem todos os participantes, no entanto, estavam preocupados em deixar uma mensagem. A maioria só queria mesmo se divertir com a festa como visto pelo desfile carnavalesco de fantasias.
Juarez Freitas, por exemplo, chamava a atenção do público por onde passava. Ele saiu da casa em que vive vestido de Deus do Olimpo, como a deixar bem claro que era um dos donos da festa.
“Já que marcaram a festa, resolvi vir participar com a melhor roupa que tinha em casa”, brincou. “Vim de Deus grego, porque acredito ser a oportunidade ideal para me apresentar bem-vestido”.
Já a jovem Cristiane Oliveira estava vestida como uma colegial saída de um mangá japonês.
“A Parada Livre é o melhor lugar para a gente inventar e se soltar”, afirmou. “Eu não tenho medo de ser feliz e desde que me aceitei, parece que o mundo inteiro me aceitou também”.
Aliados
O evento organizado em um enorme palco ao ladinho do Parque do Gaúcho não reuniu somente os aliados, mas, também, possíveis novos aliados.
O aposentado Carlos Eduardo Ourique só se dirigiu até o Parcão para acompanhar a filha adolescente, já que não achou prudente a curiosa menor de 16 anos ir sozinha.
“Admito que nunca vim a uma parada”, disse”. Mas achei a festa muito bonita e pode ter certeza que vou começar a ter outra visão do movimento”.
Comes e bebes
O colorido visto no palco e na pista se estendia também pelos vários quiosques montados, com muita comida, bebida e objetivos variados colocados à venda.
Alexandre Silveira Ávila estava vendendo capeta em meio a uma tenda ornamentada por bandeiras e objetos em alusão ao movimento.
“Eu costumo sempre participar”, confirmou. “É claro que trabalho com isso e sempre dá para faturar bem, mas acredito que esta é uma bandeira que vale a pena erguer”.
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Sem esquecer da saúde
O evento também abriu espaço para a saúde, por meio do importante reforço pela prevenção de IST/Aids. Representando a Vigilância em Saúde da Prefeitura de Canoas, Aneara Regina Schons apontou a importância do ponto montado pela administração com a distribuição de camisinhas e o encaminhamento para testes de HIV. “A gente sabe a importância que essa luta tem, mas não dá para deixar de falar em saúde”, afirmou. “As doenças existem e não podem ser ignoradas”.