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VÍTIMA DE CRUELDADE

Cachorra Preta nasceu de novo após ser esfaqueada em Canoas

Cadela comunitária vítima de ataque criminoso foi resgatada e salva; agora, ela está sob proteção de moradores para evitar nova agressão

Publicado em: 26/01/2023 às 12h:03 Última atualização: 22/01/2024 às 09h:41
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No bairro Fátima, em Canoas, existe uma pequena comunidade de comerciantes que ama e protege os animais. O cachorro Bicudo e a cachorra Preta, portanto, são privilegiados. Os dois vivem pelas ruas daquela área e, diariamente, recebem cuidados e são alimentados. Por isso, os moradores ficaram assustados quando encontraram a Preta ensanguentada na manhã de 7 de janeiro.

Preta permanece sob vigilância constante dos comerciantes do bairro Fátima



Preta permanece sob vigilância constante dos comerciantes do bairro Fátima

Foto: LEANDRO DOMINGOS/GES-ESPECIAL

“Era manhã de sábado”, conta o açougueiro Sérgio Rodrigues da Silva. “Cheguei para abrir [o comércio] e notei que a Preta estava andando estranho, com muita dificuldade. Fui ver o que estava acontecendo com ela e percebi que estava completamente ensanguentada. Colocamos ela no carro e corremos para a clínica.”

Preta foi encaminhada para o Centro de Bem Estar Animal. Devido à perda de sangue, estava quase morrendo. Passou por procedimento cirúrgico e teve os ferimentos fechados. Foi quando se descobriu que o animal foi atingido por facadas. Uma delas bem próxima ao coração.

“O próprio veterinário que atendeu disse que aquilo foi uma crueldade muito grande”, explica o trabalhador de 53 anos. “Levantaram a patinha dela e tentaram acertar o coração para matar. O corte foi profundo e a sorte dela é enorme de ainda estar viva. Não tem cabimento o que fizeram.”

Outra comerciante, Isabel Ruziski, 51, conta que o procedimento no Bem Estar Animal não foi suficiente para garantir a vida de Preta. Então os comerciantes fizeram uma vaquinha e levaram o animal até uma clínica particular em Porto Alegre, onde ela passou por novo procedimento.

“Os pontos abriram e ela continuava sofrendo muito”, relata. “A gente reuniu um dinheiro aqui e ali e acabamos conseguindo pagar o tratamento necessário para ela estar ficar bem de novo não, mas não foi fácil. Tadinha. Ela passou muito mal e chegamos a pensar que não iria resistir aos ferimentos.”

Sob vigilância

Preta hoje está bem e vive sob constante vigilância. Inclusive é abrigada por uma comerciante durante a noite porque a comunidade teme que aconteça mais um ataque e ela não resista. Conforme a atendente de loja, Raíssa Marcon, 21 anos, a cachorra fica presa no pátio durante a noite.

“Além da gente não saber o que pode acontecer, tem o fato que ela recém está se recuperando do primeiro ataque. É melhor que durma quietinha e em segurança para não correr o risco de outro problema ou até de abrir os pontos de novo”, explica. “Ela está bem protegida agora”.

Bicudo é 'arteiro'

Morador do bairro Fátima, Carlos Eduardo Zanella imagina que, embora Preta tenha sofrido o ataque, existe a possibilidade que o verdadeiro “alvo” do agressor foi Bicudo. O cachorro é considerado “arteiro” e corre atrás de motociclistas e ciclistas que passam pela esquina das ruas Paes Leme e Rui Barbosa.

“A gurizada precisa descer do skate para passar por ele, mas só late e finge ser brabo. Na verdade, ele só quer brincar. Os meninos que conhecem chamam o Bicudo e ele fica todo bobo. Só quer atenção. Nunca foi uma ameaça para ninguém”, opina o aposentado de 65 anos.

Conforme a comerciante Isabel Ruziski, o fato de Bicudo ser mais jovem e rápido, acabou sendo determinante para que conseguisse fugir do ataque. Isso porque Preta é uma cachorra de 12 anos e tem sono profundo durante a noite.

“Eles dormiam sempre juntos”, lembra. “A gente imagina que quem fez isso conseguiu se aproximar da Preta porque ela já não tem a mesma velocidade e dorme muito. Acabou sofrendo uma violência que talvez fosse dirigida ao Bicudo.”

Polícia está atrás de um suspeito

O esfaqueamento da cachorra Preta é tratado pela Polícia Civil. O caso é apurado pela 4ª Delegacia de Polícia (DP), conhecida também como Delegacia Amiga dos Animais, que fica a cerca de 500 metros do local onde aconteceu o crime.

Conforme o delegado Mario Souza, que responde pela Polícia Civil de Canoas, a Polícia trabalha na tentativa de encontrar imagens que possam levar ao paradeiro do suspeito pelo ataque. Para o delegado, não resta dúvida que se trata de um caso de crueldade contra os animais.

“A Polícia Civil está ciente do caso e vamos atrás do suspeito para prendê-lo. Esse tipo de conduta não é aceitável e hoje há toda uma jurisdição que protege os animais contra crimes assim”, defende. “Em Canoas há uma preocupação especial contra crimes assim e garanto que vamos levar o responsável a responder pelo crime”.

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