EDUCAÇÃO
Busca Ativa de alunos tenta reverter evasão escolar em Canoas
Em 2022, quase mil estudantes da rede voltaram à sala de aula graças à visitas de professores e equipes diretivas
Última atualização: 04/03/2024 10:21
Com mais de 32 mil alunos na rede municipal, entre Ensino Infantil e Ensino Médio, Canoas luta contra a evasão escolar. Segundo a Secretaria Municipal da Educação (SME), o ano de 2022 terminou com 5% dos alunos fora de sala de aula.
Para mudar esse cenário a SME trabalha para o retorno dos estudantes. Isso ocorre através da busca ativa. Segundo a secretária adjunta da Educação, Cinara de Souza, 965 alunos retornaram ao ambiente escolar no último ano. "Em algum momento eles abandonaram a escola."
De acordo com Cinara, a busca ativa é feita em parceria sempre com as instituições de ensino da rede. "Primeiro utilizamos o vínculo afetivo com o aluno. Por isso contamos com os professores ou algum outro funcionário da escola."
A direção também é fundamental conforme a secretária adjunta. "São criadas algumas alternativas. Quando isso se esgota, a SME acaba assumindo a busca."
Soluções
Após assumir a busca ativa, a SME trata de disparar e-mails para outras Secretarias da Educação na região metropolitana. "Assim conseguimos saber se os alunos que procuramos estão em alguma outra instituição da região."
No caso de a SME também não encontrar o aluno, o Conselho Tutelar é acionado. "O dever da família é matricular e acompanhar o aluno", destaca Cinara.
Outra solução encontrada em 2022 foram os chamados 'Dias D'. "Nosso objetivo é não deixar nenhum aluno para trás. Muitos fatores podem fazer com que a criança deixe a escola: bullying, problemas familiares."
A secretária adjunta diz que muitas famílias se mudaram para Canoas durante a pandemia, atraídas pelos programas sociais. "Depois foram embora, se mudaram." Cinara explica que é necessário um atestado de vaga, mostrando que o estudante está matriculado em outro local. "Assim a vaga é liberada e podemos matricular outro aluno."
Buscas de casa em casa no bairro Fátima
Para evitar que mais alunos fiquem do lado de fora da escola, o trabalho é intenso na Escola Paulo IV. A Escola de Ensino Fundamental (Emef) fica no bairro Fátima e conta com muitos alunos de baixa renda. De acordo com a diretora Maristela de Oliveira, o contato é feito por etapas. "Primeiro tentamos o telefone, depois o WhatsApp e por fim vamos até o endereço do estudante."
Recentemente a equipe conseguiu levar de volta à sala de aula um aluno de 13 anos que frequenta o 6.º ano. "Ele não vinha para a escola desde o início do ano letivo, em fevereiro", explica a orientadora Tatiana Aguiar.
Em conversa com o aluno, a orientadora afirma ter ouvido que a escola não era mais importante. "Conversamos e mostrei que sim, estudar é fundamental para um futuro melhor. Me prometeu que não vai mais deixar de vir. Fiquei emocionada", reitera Tatiana.
Em outro caso, após a busca ativa foi constatado que o aluno procurado não morava mais em Canoas. "Ele se mudou com a família para Lajeado e estava estudando lá, em uma Escola Estadual. Ficamos com a vaga presa por um bom tempo", afirmou a diretora Maristela.
Existem buscas que também não dão certo. Como aconteceu nesta segunda-feira (10). "Vamos continuar buscando."