CONTINUA DIFÍCIL

TRENSURB: Às vésperas da retomada até a Estação Farrapos, drama segue para milhares de passageiros

Volta dos trens até Porto Alegre está prevista para esta sexta-feira, o que deixa usuários do transporte público ansiosos

Publicado em: 17/09/2024 16:16
Última atualização: 17/09/2024 16:48

A Trensurb anunciou a retomada das operações até a Estação Farrapos para o feriado desta sexta-feira (20), o que criou enorme apreensão na população que depende do transporte público para se deslocar entre Canoas e Porto Alegre.

CLIQUE AQUI E INSCREVA-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Transbordo na Estação Mathias com os dias contados Foto: LEANDRO DOMINGOS/GES-ESPECIAL

ACOMPANHE: SIGA O ABCMAIS NO GOOGLE NOTÍCIAS!

Antes que isso ocorra, perdura a correria diária, dos trens para os ônibus, de milhares de pessoas na Estação Mathias Velho, em Canoas, onde ocorre o transbordo da empresa em direção à capital.

Embora exista o otimismo com a retomada até a Estação Farrapos, muitos dos passageiros lamentam que a mudança possa significar somente uma alteração do local onde serão formadas as filas.

A auxiliar de cozinha Natália Marques, 56 anos, sai de Sapucaia com destino ao camelódromo de Porto Alegre. Para ela, o melhor seria a retomada da operação normal de uma vez por todas.

FIQUE POR DENTRO: ENTRE NO NOSSO CANAL NO WHATSAPP

"Quem precisa ir para o Centro vai ter que continuar correndo e enfrentando fila todos os dias para chegar no serviço", reclama. "A única mudança é que agora as filas vão se formar em outro lugar."

Um pouco mais pessimista, o operador de máquinas Ademir Martins, 41 anos, diz que, do jeito que está, até já se acostumou, e, para ele, a tendência é de que o serviço piore com uma empresa de Porto Alegre passando a fazer o transbordo. "Hoje, pelo menos, largam a gente direitinho ali na [Rua] Júlio de Castilho, mas não sei se a empresa que assumir vai fazer isso direito", opina.

LOGÍSTICA: Como estão os estudos para garantir início das obras do Porto Meridional de Arroio do Sal?

Melhora na situação

Mesmo que a mudança pareça negativa para alguns, há aqueles que estão felizes porque cumprem horário na zona norte de Porto Alegre. Aos 24 anos, a jovem Andressa Bianchini trabalha em um escritório de engenharia na Avenida Assis Brasil. Morando a duas quadras da Estação Unisinos, ela relata que passou a ter que sair mais cedo de casa, algo que está com os dias contados.

PREVISÃO DO TEMPO: Chuva volumosa aguarda os gaúchos nos próximos dias; veja detalhes

"Consegui o estágio em um escritório bom, mas logo em seguida deu a enchente e minha rotina mudou do dia para a noite", relata. "Antes era só o trem e o ônibus, mas agora preciso correr todos os dias para não ficar de pé no ônibus até Porto Alegre", acrescenta.

Fluxo de veículos dificulta

É preciso atenção para os condutores e, principalmente, para os pedestres que circulam pela área da Estação Mathias Velho. Isso porque, além do grande movimento de passageiros que descem dos trens, existe a constante movimentação de veículos que operam por aplicativo pegando passageiros.

Os condutores operam como "solução" para muitos trabalhadores que, atrasados, se valem de motoristas profissionais para conseguir chegar a tempo no trabalho. Operário de uma estofaria, Elias Gonçalves, 31 anos, diz que sai de Esteio para trabalhar em uma estofaria em Canoas.

DIA DO GAÚCHO: 20 de setembro é feriado ou ponto facultativo? Entenda

"No começo, eu chegava atrasado e não dava nada, mas depois de um tempo reclamaram e comecei a usar aplicativo de vez em quando", conta. "Agora, não dá mais para ratear, porque não está fácil e não estou a fim de procurar emprego de novo tão cedo."

Quem reclama do "pare e arranque" e das freadas bruscas na área são os motoristas de táxi, que apontam ser problemático o movimento, já que há "trabalhadores clandestinos". "Tem gente que nem deveria dirigir que está se aproveitando da bagunça para ganhar", reclama o motorista Genésio Nascimento, de 54 anos.

Transbordo na Estação Mathias Velho obriga alguns passageiros a se espremer em ônibus Foto: LEANDRO DOMINGOS/GES-ESPECIAL

Viagem "espremido"

A reportagem encarou a fila para acessar os ônibus para se deslocar entre Canoas e Porto Alegre na manhã desta terça-feira (17). Para chegar à capital, havia duas opções: aguardar durante 25 minutos em um longa fila formada por passageiros ou entrar no ônibus direto, mas fazer a viagem de pé.

Ao encarar a segunda opção, o repórter sentiu aquilo que muitos passageiros reclamam. A viagem apertada até a capital é cansativa e torna a rotina mais dura para quem está começando o dia de expediente. Pior: a maioria de pé não é jovem, mas, sim, trabalhadores de meia-idade.

"Só passa por isso quem precisa muito do serviço", diz Aparício Gabriel Santana. Trabalhando na segurança de um prédio na capital, o aposentado de 63 diz conseguir complementar a renda, mas a rotina tem sido cansativa. "Preciso do emprego porque me aposentei mal."

Só xingamentos

Conforme um fiscal da Transcal ouvido pela reportagem, as brigas de passageiros com os funcionários eram diárias e demorou até que parte da população entendesse não ser culpa da empresa.

"Foi uma tragédia que acabou atingindo todo mundo, mas demorou para as pessoas entenderem que não foi a gente que começou isso", lamenta o trabalhador, que preferiu não ser identificado. "Agora melhorou, mas nos xingaram muito durante semanas."

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Matérias Relacionadas