Após a a empresa Medlife Serviços Médicos rescindir o contrato com a gestora das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Niterói, Rio Branco e Boqueirão, os atendimentos foram diretamente afetados. Cerca de 100 profissionais deixaram de atuar nas UPAs e Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Canoas.
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Segundo a Medlife, o rompimento da prestação de serviço junto à administradora das unidades, o Instituto Brasileiro de Saúde, Ensino, Pesquisa e Extensão para o Desenvolvimento Humano (IB Saúde), ocorre devido à falta de pagamento dos salários dos médicos. O valor estimado é de mais de R$ 5 milhões.
Em busca de atendimento para o filho, Sandra Regina Maria da Silva, 56 anos, classifica a saúde de Canoas como “morta”. A moradora do bairro Estância Velha relata dificuldades para conseguir assistência na rede pública.
“Faltam médicos. A UPA Boqueirão estava lotada na segunda-feira [18]. Fui informada que levaria de seis a oito horas para meu filho ser atendido. Desistimos. Ele está com febre e ferimentos nas extremidades do corpo. Não sabemos o que pode ser”, conta.
Mãe e filho voltaram a procurar atendimento nesta terça-feira (19).
“Tentamos consultar na UBS Estância Velha, mas não havia ficha e nem médico. Fomos até o Hospital Nossa Senhora das Graças. Ficamos duas horas aguardando. Quando chegou a vez, o médico olhou para o meu filho e disse que nada podia fazer. Sem explicação, ele o encaminhou para a UPA Boqueirão.”
Até a tarde desta terça-feira, mãe e filho aguardavam atendimento na UPA Boqueirão. O fluxo de pessoas registrado nesta terça era menor que o dia anterior. No entanto, a espera por atendimento era superior a duas horas, segundo o paciente Guilherme da Costa Heinck, 20.
“Fui atendido por um clínico geral. Quem precisava de pediatra, eles encaminhavam para a UPA Caçapava porque não tinha nenhum profissional para atender as crianças”, diz.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), responsável pela contratação e o repasse de valores para o IB Saúde, afirma que notificou o IB Saúde para que seja encontrada uma solução para a complementação dos profissionais. A situação, segundo a entidade, deverá ser normalizada nesta quarta-feira (20).
“Neste momento, todas as UPAs estão com cobertura clínica. Em relação aos atendimentos pediátricos, que hoje só estão ocorrendo na UPA Caçapava, os casos mais graves são encaminhados à retaguarda pediátrica do Hospital Universitário, até que a situação seja normalizada”, diz o comunicado.
Até o fechamento desta matéria, o IB Saúde não retornou os questionamentos da reportagem.
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