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Prejuízo

Após a água baixar, retorno para casa em Canoas é marcado pelo choque com a realidade

Moradores que perderam os bens com a inundação começam a voltar no bairro Fátima na manhã desta segunda-feira (20)

Publicado em: 20/05/2024 às 14h:52 Última atualização: 20/05/2024 às 14h:53
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Os sofás, a cama e o colchão; a geladeira e o micro-ondas; a televisão e as roupas. Tudo o que Alice Dias da Silva tinha em casa se transformou em uma montanha de entulhos em frente a residência.

Mesmo alta, a casa de Alice acabou inundada após o rompimento do dique em Canoas



Mesmo alta, a casa de Alice acabou inundada após o rompimento do dique em Canoas

Foto: PAULO PIRES/GES

A aposentada de 66 anos viu a vida construída no bairro Fátima, em Canoas, ser retirada de casa com um carrinho de mão, agora que a água baixou e conseguiu voltar a para casa.

“Não tenho mais nada, porque estava tudo virado em lama quando conseguimos entrar em casa”, desabafa. “E como moro em casa de madeira, acho que em pouco tempo vai acabar tudo podre”.

Alice faz parte da população do Fátima que retorna, gradativamente, agora que a água está baixando nas imediações. O cenário, entretanto, é desolador, com a lama impregnada sobre tudo.

Ricardo Smidt também voltou ao bairro Fátima nesta segunda-feira. O técnico agrônomo trabalha no que sobrou na casa da mãe. A idosa de 73 anos fugiu quando o dique rompeu no início do mês.

“Isso não é trabalho de limpeza”, aponta o trabalhador de 40 anos. “É só uma triagem do que presta e o que não presta. Até agora, não se salvou nada. Tudo que estava na casa virou lixo”, completa.

Conforme Smidt, a falta de água acaba criando um problema, por não ser possível limpar nada. É preciso, portanto, trabalhar suportando o mau cheiro devido à água de esgoto ainda acumulada a poucos metros do local.

“Nem dá para falar em limpeza ainda devido à falta de água”, reclama. “A situação é muito problemática e a gente não sabe nem quando vai poder trazer a mãe de volta. Ela está muito abalada ainda”.

Creche perdida

Os estabelecimentos também acabaram fortemente afetados. Amanda Gonçalves, 38 anos, perdeu a creche que atendia a 48 crianças no Fátima. O local acabara de passar por uma reforma.

“A gente não sabe nem por onde começar”, lamenta. “Só ficou o espaço físico da creche, porque todo o investimento que a gente tinha feito se perdeu na água durante esse tempo inundado”.

Moradora do bairro Mathias Velho, a dona da creche ainda diz que precisa lidar com a perda da casa, que permanece inundada em uma área considerada mais baixa e de difícil vazão da água.

“Para piorar, moro na área do Mathias [Velho] que todo mundo sabe ser a mais baixa do bairro”, baixa a cabeça ao dizer. “A água continua no telhado e vai levar dias até que eu consiga chegar em casa”.

Limpeza

A Prefeitura de Canoas deu início, nesta segunda-feira, aos trabalhos de limpeza das áreas atingidas pela enchente na cidade. A operação começou pelos bairros São Luís, Mato Grande e Fátima, onde o nível das águas já recuou o suficiente para possibilitar o serviço.

A orientação é que quem teve móveis, eletrodomésticos e outros itens danificados pelas enchentes devem deixá-los em frente às duas casas, para que os caminhões façam a retirada.

Para intensificar o serviço, fez a locação emergencial de 40 retroescavadeiras, 120 caminhões caçamba basculante, 10 caminhões garra, duas motoniveladoras e quatro pás carregadeiras, pelo prazo de 90 dias. 

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