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APÓS QUASE 15 ANOS

Técnica de enfermagem vai a júri popular acusada de tentar matar 11 bebês em hospital da região

Julgamento ocorre na manhã desta quinta-feira; relembre o caso

Taís Forgearini
Publicado em: 10/07/2024 às 17h:26
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Quase 15 anos após ser apontada como a responsável pela tentativa de homicídio qualificado por envenenamento de 11 bebês no Hospital Universitário (HU), a técnica em enfermagem Vanessa Pedroso Cordeiro vai a julgamento. O júri popular está marcado para esta quinta-feira (11), a partir das 9h30, no Foro de Canoas.

Júri Popular ocorre nesta quinta-feira



Júri Popular ocorre nesta quinta-feira

Foto: Paulo Pires/GES

Em novembro de 2009, a acusada, na época com 25 anos, foi indiciada pela aplicação de sedativos em 11 recém-nascidos, que devido à medicação apresentaram sintomas de intoxicação, sendo internados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal da casa de saúde.

Depois de ter sido presa em novembro de 2009, ela permaneceu no Instituto Psiquiátrico Forense (IPF) Maurício Cardoso, em Porto Alegre, até receber, em 2010, liberdade provisória. 

“Meu filho ficou 10 dias na UTI. Ele poderia ter morrido. Uma pessoa que envenena propositalmente inocentes não pode conviver em sociedade. Estamos há mais de uma década esperando por justiça”, frisa o pai de uma das vítimas, Alexandre Fagundes.

O menino, hoje com 14 anos, era um dos bebês que receberam uma mistura de diazepan e morfina via oral. Assim como os demais, ele não ficou com sequelas físicas. “Graças a Deus, o meu filho é saudável. Tento não pensar no que poderia ter acontecido”, salienta o pai.

A descoberta

Alexandre foi uma das primeiras pessoas que desconfiou do que estava acontecendo. No dia 13 de novembro de 2009, 13 bebês foram encaminhados para a UTI do hospital, sendo 11 recém-nascidos com os mesmos sintomas de intoxicação.

“Foi praticamente uma superlotação. Quando cheguei na UTI, observei que outros pais aguardavam por notícias dos filhos que haviam sido internados. Devido ao grande número de bebês hospitalizados, as informações eram escassas”, relembra. Quando os primeiros boletins saíram, eles apontavam para uma infeliz coincidência: os bebês apresentavam um quadro de intoxicação.

“Eu sabia que havia algo de errado, mas não sabia o que era [exatamente]. Nos primeiros dias, se cogitou a possibilidade de contaminação na água, porém, decidi abrir uma denúncia solicitando uma investigação do que estava acontecendo. Foi quando a Polícia e o hospital iniciaram processos de averiguação dos funcionários do HU.”

Na época, foram feitas buscas nos armários dos profissionais. No armário de Vanessa foram encontradas as medicações utilizadas nos bebês. Além das provas físicas, as internações dos recém-nascidos ocorreram durante o plantão de Vanessa, que assinou todos os encaminhamentos para a UTI.

“Lembro de estar retornando para o quarto quando a Vanessa passou correndo com meu filho nos braços. Quando entrei no quarto, minha esposa estava aos prantos, ela me informou que o nosso filho estava roxo e rígido e precisou ser levado às pressas para a UTI”, recorda.

Alexandre conta que anteriormente à situação, a técnica em enfermagem havia levado a criança para fazer um “teste”, sem dar mais informações.

Longa espera

Alexandre lamenta a longa espera por um desfecho da tentativa de homicídio do filho. “Meu maior medo e dos demais pais é que ela seja absolvida. A falta de uma condenação aumentaria o trauma. Foram dias de terror naquela UTI, não sabíamos o que poderia acontecer. Ela quase matou 11 inocentes. Queremos justiça”, enfatiza.

Para ele, a acusada “constituiu família sem aparentar qualquer tipo de remorso” em outra cidade. “Não me parece justo que ela siga livre. Desejo que finalmente pague pelo que fez.”

Silêncio

A reportagem procurou defesa da acusada. O advogado Flávio Barros de Lia Pires informou que neste momento não haverá manifestação sobre o assunto.

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