AMOR FORTALECIDO EM MEIO AO CAOS

"Além do que eu sonhava": Casal celebra união em casamento promovido em abrigo de Canoas

Depois do tão esperado "sim", Giovane Joras e Kauanny da Silva sonham em retornar para casa

Publicado em: 01/06/2024 17:58
Última atualização: 01/06/2024 19:54

O casamento era um desejo de longa data de Giovane Joras, 25 anos, e Kauanny da Silva, 21, moradores de Canoas. Mas a troca de alianças ocorreu em um cenário inesperado: voluntários organizaram a celebração para o casal no Clube dos Empregados da Petrobrás (Cepe), local que serve de abrigo para centenas de canoenses atingidos pelas enchentes.

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O casal celebrou o amor junto de familiares, voluntários e abrigados do Cepe Foto: Valentina Bressan/Especial

Na manhã de sol deste sábado (1º), a família dos jovens e outras pessoas abrigadas no Cepe acompanharam a cerimônia religiosa, realizada embaixo de uma figueira centenária na sede social do clube.

Voluntários se mobilizaram para garantir todos os detalhes. A noiva passou a manhã em um salão de beleza se preparando para o momento especial. Enquanto isso, o noivo aguardava, nervoso. “Foi tudo bem rápido. Estávamos planejando nos casar, mas aí aconteceu esse caos. Foi tudo feito com muito amor para a gente, estou feliz da vida agora”, contou Giovane.

A cerimônia contou com banda, fotógrafa, decoração e cerimonialista. O vestido e a maquiagem da noiva e o terno do noivo, bem como as alianças, foram fruto de parcerias e doações. A celebração foi feita pelo pastor da igreja que Giovane e Kauanny frequentam.

Os voluntários responsáveis pela organização do evento receberam uma salva de palmas durante a solenidade. O casal se emocionou ao recitar os votos, e o pastor ainda fez uma oração em homenagem a todas as pessoas afetadas pela enchente em Canoas.

O filho de Giovane, Samuel, ficou com a tarefa de levar as alianças até o altar. O pequeno Scott, filho do casal, foi pajem. Depois do tão esperado "sim", o casal comemorou com um almoço e bolo na Cepe. “Foi ainda mais do que pensei que seria. A gente planejava só casar no cartório, mas foi tudo além do que eu sonhava”, relatou Kauanny.

Celebração coletiva

A organização do evento foi fruto do trabalho de voluntários e funcionários do Cepe. Segundo Giovane, a assistente social Elise Wolff Müller foi a grande responsável pela realização do sonho do casal.

“Em um atendimento, eles colocaram essa vontade de casal que tinham desde antes do episódio das enchentes. Era uma intenção deles para ter mais forças daqui para frente”, conta Elise, diretora do Centro de Formação Teresa Verzeri de Esteio.

Voluntários e funcionários da rede ganharam agradecimento no altar Foto: Valentina Bressan/Especial

“Levei a fala deles para nossa reunião, e toparam o desafio”, recorda Elise. A intenção de se casar no cartório logo se transformou em uma força tarefa para realizar o casamento dos sonhos do casal. Ela destaca que toda a ajuda partiu de voluntários e parceiros do Cepe. “Foi um somatório de esforços”, conclui.

O casal e dois filhos estão abrigados na Cepe desde o início do mês. A mãe e o sobrinho de Giovane também estão alojados no local. “Está complicado voltar para casa, porque a estrutura dela foi comprometida. Não temos data para voltar, mas estamos correndo atrás”, explicou Giovane.

“Como a família perdeu tudo, estamos tentando conseguir doação de fogão, geladeira e outros eletrodomésticos para eles. Também queremos ajudar a arrumar a estrutura da casa, que foi comprometida, para que eles possam voltar em segurança”, afirmou o presidente do Cepe, Sérgio Boniatti.

Como contribuir

As demandas de doações para pessoas abrigadas estão sendo divulgadas nas redes sociais do Cepe. Pessoas interessadas em ajudar Kauanny e Giovane também podem entrar em contato por lá. No Instagram, o usuário é @cepecanoas.

Depois do tão esperado "sim", o casal sonha em retornar para casa Foto: Valentina Bressan/Especial

Desde que abriu as portas no início do mês de maio, o Cepe abriga centenas de pessoas desalojadas devido às enchentes que atingiram o município de Canoas. No momento de maior lotação, cerca de 600 pessoas estavam ali. Agora, a direção estima que 400 sigam alojadas na sede social do clube.

A sede esportiva foi atingida pelas cheias, mas já passou por limpeza e está em funcionamento para os associados. A previsão é de que o abrigamento siga durante a primeira quinzena de junho. Além de alimentos, a necessidade mais urgente do abrigo é a doação de pallets para evitar o frio e a umidade no espaço onde as pessoas dormem.

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