"Afirmo que Canoas não vai virar o Rio de Janeiro", diz secretário de Segurança

Ao reassumir a Prefeitura de Canoas no início do mês, o prefeito Jairo Jorge trouxe de volta ao secretariado o experiente delegado Guilherme Pacífico, que havia assumido a Secretaria de Segurança Pública em maio de 2023.

Pacífico afirma que desde a retomada está empenhado em dar continuidade a um projeto que, caso não houvesse o afastamento de Jairo em 2023, já estaria bem mais adiantado: o fortalecimento, por meio da integração, das polícias contra a criminalidade.

Na avaliação do secretário, somente a integração dos que chama “atores da segurança pública” pode garantir um combate com as facções armadas responsáveis por grande parte da violência que impacta Canoas.

“É preciso pensar na segurança pública na totalidade e isso compreende o necessário fortalecimento da integração entre os atores responsáveis pela segurança para o desenvolvimento de um trabalho direcionado contra o crime”, afirma.

Em seus primeiros dias na retomada do cargo, Pacífico disse já ter reunido os órgãos que respondem pela segurança na cidade para discutir estratégias e defender a ideia de uma centralização de forças no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) da administração.

“Retomamos o trabalho do nosso Gabinete de Gestão Integrada para reiniciar um diálogo e retomar uma política da segurança, muito importante para o desenvolvimento de ações visando a segurança hoje e amanhã”, frisa.

A retomada da política teve como garantia imediata a retomada dos repasses da administração para o Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro), algo que havia sido relegado a um segundo plano pela gestão anterior.

“Os repasses firmados pelo Município para a segurança já foram retomados porque o prefeito entende a importância do auxílio ao setor”, frisa. “Assumimos um compromisso e afirmo que Canoas não vai virar o Rio de Janeiro”.

Preocupação

Pacífico lembra que a discussão com o comando da Brigada Militar (BM) e a chefia da Polícia Civil teve como pauta também a segurança no bairro Guajuviras, onde a violência no início do ano incluiu duas crianças baleadas.

“É inadmissível que um bairro de Canoas se transforme em terreno de violência e morte”, defende. “É necessário um eixo de proteção policial e a Brigada Militar e a Polícia Civil estão empenhadas, cabendo ao Município reforçar esta luta”.

Ao defender que o bairro necessita de atenção especial, o secretário ser errado imaginar que somente o policiamento garantirá o fim da violência na área, já que é necessário um trabalho social em paralelo.

“Já passou o tempo em que se imaginava que a polícia era a única solução para a violência”, argumenta. “Trabalhamos em parceria com outras secretarias de maneira a desenvolver políticas sociais visando melhorias de vida na comunidade. A educação é a chave”.

Confiança

Pacífico aponta o incremento de 29 novos servidores da Guarda Municipal como um importante reforço no combate a crimes como o roubo a pedestre, que causa temor na maior parte da população.

O secretário aponta que prisões têm sido executadas em locais públicos e também as chamadas “áreas universais”, como estações de trem, pontos de ônibus e passarelas de grande movimentação na cidade.

“A Guarda Municipal hoje tem protagonismo na segurança pública de todo o Brasil e o reforço de agentes somou, desde o ano passado, a vigilância em pontos importantes de circulação na cidade”, garante.

Embora sem um número específico a ser divulgado, o delegado aponta que houve aumento no número de chamadas para o 153, o que sinaliza que a Guarda vem ganhando espaço na memória da população.

“Cerca de 90% das chamadas que acontecem quando o assunto é segurança, são para o 190”, avalia. “É importante notar, contudo, o aumento significativo de novas chamadas para o 153 diante da confiança que a Guarda vem conquistando da população”.

Observatório de Segurança

Ferramenta classificada como importante para a segurança pública, o Observatório de Segurança via passar a ter os números divulgados publicamente pela Prefeitura de Canoas, algo que não acontece há meses.

O secretário avalia como importante que a população saiba onde e a que horas acontecem os crimes. A informação, afinal de contas, é uma forma de combate à violência cotidiana e deve ser compartilhada, conforme defende.

“Não adianta computarmos números para ficarem armazenados nos computadores da Secretaria de Segurança”, argumenta. “Isso precisa ser amplamente divulgado e trabalhado. Em local X vêm acontecendo muitos assaltos? Então a população tem que saber e vamos trabalhar em cima.”

Para isso, Pacífico ressalta que é fundamental o registro da ocorrência, já que somente baseado em dados concretos é possível agir.

“O item subtraído pode ser pequeno, mas é de grande importância o dado do que foi levado, em que local e a que hora”, aponta. “Isso acaba sendo levando em conta na hora de montar uma estratégia para que o crime não seja repetido”.