Um novo abrigo começou a receber pessoas impactadas pela enchente em Canoas nesta sexta-feira (10). O alojamento surgiu a partir da iniciativa de canoenses preocupadas com a segurança de mulheres em outros locais organizados emergencialmente.
Foto: Valentina Bressan/Especial
“Me envolvi diretamente nos abrigos e ouvi relatos de situações de abuso e assédio. Não tínhamos como provar, mas quis fazer alguma coisa. Eu mesma não me senti segura em alguns lugares”, narra Marianne Calixto, 33, advogada e uma das coordenadoras do novo abrigo.
Com ajuda de outras mulheres, Marianne mobilizou amigos e conhecidos para conseguir um espaço a ser cedido. Em poucas horas, reuniram doações e dinheiro. “Acordamos decididas a montar um abrigo só para mulheres, e à noite, já tínhamos conseguido”, comemora Marianne. As primeiras mulheres foram recebidas na manhã de sexta-feira (10).
A primeira a chegar foi Janice Casali, 48. Ela já tinha ficado em outro abrigo com o filho, Lucas, de 10 anos. “Somos bem atendidas, estão sempre vendo se a gente precisa de alguma coisa. Não tem perigo deixar teu filho solto aqui dentro”, conta.
Foto: Valentina Bressan/Especial
Para Janice, estar entre mulheres garantiu uma boa noite de sono depois de uma semana. “Consegui dormir depois de dias. E não fui só eu, de noite só ouvia um silêncio tão grande que acho que até as crianças dormiram”, conta.
Até o momento, o abrigo acolhe 75 pessoas, entre mulheres e seus filhos.
Podem ficar alojados meninos de até 13 anos. Todas as voluntárias também são mulheres – os homens podem ajudar em ações externas, como vigiar o depósito, organizar e buscar donativos. O abrigo conta com médica, enfermeira e há uma dentista e psicólogas à disposição.
As ex-BBBs e médicas Thelma Assis e Marcela McGowan trabalham como voluntárias no abrigo. Thelma conta que chegou ao Rio Grande do Sul na terça-feira (7) e começou a se voluntariar no Hospital Nossa Senhora das Graças, mas logo percebeu que havia muita demanda nos abrigos. “A gente entendeu que a gente precisava somar tanto com mão de obra quanto com visibilidade”, explica.
Foto: Valentina Bressan/Especial
Os relatos das abrigadas, até então, são de segurança e tranquilidade. “Minha mãe estava no abrigo e eu fui para não deixar ela sozinha, mas tenho uma filha e não quis levar ela para a Ulbra”, diz Vanessa dos Santos Ortiz, 33. Agora, as três estão juntas. “Aqui está muito bom para nós. Me sinto segura”, comenta.
O abrigo fica na rua Venâncio Aires, 2440, no bairro Niterói.
Iniciativa se espalha por Canoas
No último domingo (12), um abrigo exclusivo para mulheres e crianças foi inagurado pela Prefeitura, na Escola Municipal de Educação Infantil Professora Terezinha Tergolina. O abrigo fica no bairro Estância Velha e pode abrigar até 100 pessoas. O corpo de voluntários também é formado exclusivamente por mulheres.
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