A água voltou a invadir pátios e casa na manhã de sexta-feira (13), fazendo com que parte da população ribeirinha de Canoas voltasse a abandonar residências para buscar abrigo em casas de parentes ou amigos.
Já faz mais de um mês que os moradores do Paquetá vivem uma rotina de constantes transtornos devido ao acúmulo de água causado pela cheia do Rio dos Sinos, que causa a inundação no local.
Regiane Dias, 44 anos, lamenta ter que conviver com água pela canela há mais de 30 dias. Ela diz não ter saído de casa, mas confessa que às vezes tem vontade em meio, já que a única coisa que enxerga ao olhar pela janela de fora da casa, é água.
“Já cansamos de ver água”, dá uma suspirada ao falar. “A gente sabe que não tem a quem culpar. Que é algo da natureza o ciclone que aconteceu, mas é muito triste ver os amigos e os vizinhos saindo de casa sem saber quando vão voltar”, acrescenta.
Regiane aponta que até mesmo os vizinhos que haviam retornado na última semana, acabaram novamente saindo diante do quadro. Isso porque a situação, quando parecia que iria melhorar, piorou bastante.
“Baixou na semana passada até quase sumir, mas voltou a subir. É brabo, porque ninguém aqui lembra há quanto tempo o rio não enchia tanto assim. Parece que não vai baixar nunca mais”.
Cenário desanimador
Margarida Menezes, 49 anos, foi visitar a irmã na manhã de sexta-feira e acabou sendo surpreendida com a água acumulada na entrada do Paquetá. Acabou tendo que esperar um barco para conseguir chegar na casa.
“Pensei que iria entrar de carro na rua, porque já tinha baixado muito a água”, argumenta. “Então chego aqui e dou de cara com a água tapando a entrada e um monte de barcos. Olha, é desanimador”.
Prejuízos diários
Entre os problemas encarados pelos moradores do Paquetá estão os prejuízos devido à inundação. Alberi Fagundes, 63 anos, acabou deixando o Fiat Uno no pátio. A água inundou tudo e ele acabou com o carro debaixo d´água.
“O problema é que entrou água no motor e o carro não quer ligar mais”, reclama. “Quando eu pensei em tirar o carro e levar para um ponto seco, a água já tinha invadido o pátio e não dava mais para tirar. Demorei demais”.
Melhora só na semana que vem
Segundo o secretário adjunto da Defesa Civil, Igor Sousa, o monitoramento na área continua e água e mantimentos seguem sendo entregues periodicamente os moradores que permanecem no local.
Na avaliação de Sousa, a instabilidade que marcou o tempo nas últimas semanas prejudicou muito a situação no Paquetá, com o rio descendo em um dia para voltar a subir novamente no outro.
“Acreditamos que a partir do meio da semana que vem a situação possa melhorar e a água baixar de verdade”, aponta. “Porque tem muita água ainda sendo represada pelo vento não só do Sinos, mas também do Guaíba”.
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