ESPORTE

6ª edição dos Jogos Pan-americanos de Surdos reúne atletas de 18 países em Canoas

Jogos de diversas modalidades ocorrem até domingo no Complexo Esportivo da Ulbra

Publicado em: 12/11/2024 18:57
Última atualização: 12/11/2024 18:57

O Complexo Esportivo da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), no bairro São José, em Canoas, recebe até o dia 17 de novembro a 6ª edição dos Jogos Pan-americanos de Surdos. O evento volta a acontecer após 12 anos, e reúne cerca de 1.000 surdoatletas de 18 países desde o último domingo (10).

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Partidas de 12 modalidades voltam a acontecer após 12 anos sem Jogos Pan-americanos Foto: Paulo Pires/GES

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Um deles é o jogador de vôlei Jefferson Luiz Lealdini, 44 anos, que já esteve em outras competições nacionais e internacionais na modalidade. Para o surdoatleta, o evento é muito bem-vindo. "Antes nós tínhamos dificuldade, era muita luta. Agora, a confederação começou a se desenvolver para fazer eventos esportivos de várias modalidades. Isso é motivador", declara.

Enquanto conversa com o apoio da intérprete Cristiane Ribeiro, Jefferson comenta que o surdoatleta mais antigo do vôlei é o Guilherme dos Santos Westermann, 58 anos. Para o veterano, é muito importante o retorno dos jogos. "Como o mais antigo, uso o esporte como confraternização com os ouvintes, com os surdos e com outros países. O esporte é saúde, é tudo de bom", define.

Os competidores da Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Costa Rica, Colômbia, Cuba, Equador, Estados Unidos, Jamaica, México, Paraguai, Peru, Uruguai, República Dominicana, Trinidad e Tobago e Venezuela estão participando de 12 modalidades. As regras são definidas pelo Comitê Internacional de Esportes para Surdos (ICSD) e seguidas pelos comitês de cada país. Para ser um surdoatleta é preciso ter perda auditiva nos dois (2) ouvidos superior a 55 decibéis. Além disso, não pode competir utilizando aparelho auditivo ou implante coclear.

País recebe competições pela segunda vez seguida

Os Jogos Pan-americanos de Surdos teve a sua primeira edição em 1975, em Caracas, na Venezuela, 4 anos após a fundação do Comitê Desportivo Pan-Americano para Surdos (COPANDIS). Desde então, foram mais 5 edições: Havana, Cuba (1999); Buenos Aires, Argentina (2003); Valencia, Venezuela (2007); Praia Grande (SP), Brasil (2012); e Canoas (RS), Brasil (2024). Os surdoatletas competem nas seguintes modalidades:

  • Atletismo (M e F)
  • Badminton (M e F)
  • Basquete 3x3 (M)
  • Futsal (M e F)
  • Futebol (M),
  • Karatê (M)
  • Natação (M e F)
  • Taekwondo (M e F)
  • Tênis (M)
  • Tênis de mesa (M e F)
  • Vôlei (M e F) 
  • Xadrez (M e F)

Os jogos são realizados pela Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS), Organização Pan-americana Desportiva de Surdos (PANAMDES), Federação Desportiva de Surdos do Rio Grande do Sul (FDSRS), do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, da Prefeitura de Canoas, da ULBRA, do ICOM-Libras e da Hand Talk, do Comando Militar do Sul e da Brigada Militar.

Brasil vence Canadá com jogadora referência

Nesta terça-feira (12), foi a vez da seleção brasileira feminina de vôlei entrar em quadra contra o Canadá. A jogadora Natália Martins fez o último ponto que garantiu a vitória por 3 a 0 para o Brasil. A surdoatleta é referência no esporte por ser a primeira jogadora surda a atuar profissionalmente no país.


Natália Martins inspira outros surdoatletas nas quadras Foto: Paulo Pires/GES

"É bom poder voltar a jogar, jogar com um grupo quase novo", afirma a mãe da Rebecca, 2 anos. Atualmente, Natália joga no Renasce Sorocaba, time do interior de São Paulo, mas já passou pelo Sesi/Uberlândia, Minas Tênis Clube e Osasco - todos times de ouvintes, como são chamados aqueles que ouvem em comparação com os surdos e deficientes auditivos.

"Para mim é um desafio e eu escolhi. Para mostrar que os ouvintes são inclusivos e para poder inspirar meninas e meninos que estão começando no esporte. Não tem preço que pague ver novas jogadoras em quadra", declara a camisa 19 da seleção.

Uma de suas companheiras é a Julia Pires, que veste a número 18. A gaúcha de Bagé, que atualmente mora em Curitiba, foi convocada para a seleção pela primeira vez em 2016. "Me sinto muito feliz. Agora que voltei para minha terra, tenho o apoio da minha família e amigos mais de perto. Isso é muito bom", comenta a jogadora.

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