EDUCAÇÃO
Universidades da região têm bolsas 100% gratuitas do programa Professor do Amanhã
Feevale, Unisinos e Unilasalle estão entre as instituições que oferecem formação gratuita para formar novos professores e suprir carências da rede pública
Última atualização: 01/03/2024 14:28
As universidades do Vale dos Sinos, Feevale (Novo Hamburgo), Unisinos (São Leopoldo) e Unilasalle (Canoas) foram contempladas com bolsas de estudo 100% gratuitas do programa Professor do Amanhã, do governo do Estado. Ao todo, 11 instituições comunitárias de Ensino Superior enviaram 35 propostas que, juntas, receberão mil vagas para a formação de docentes em cursos de licenciatura.
Feevale, Unisinos e Unilasalle foram contempladas com 300 bolsas de estudos, 100 para cada universidade. Para a instituição de Novo Hamburgo, o edital, divulgado em edição extra do Diário Oficial do Estado, na sexta-feira (23), concedeu 60 vagas para o curso de História e outras 40 para Letras - Português.
Para Canoas, os cursos contemplados foram os mesmos, porém, 50 vagas para cada. Por fim, à universidade de Canoas, as 100 vagas foram distribuídas da seguinte forma: História, 25; Letras - Português-Inglês, 15; Letras - Português, 10; Matemática, 40; e Biologia, 10.
O objetivo do programa é formar novos professores para suprir carências da rede pública de Educação Básica. "O resultado reflete o interesse das nossas universidades comunitárias no programa, pois possuem um grande pertencimento às localidades onde estão inseridas. É um projeto inovador não só do ponto de vista da concessão de bolsas aos estudantes e à universidade, como também do tipo de formação, conectada com as demandas do século 21", destaca o vice-governador Gabriel Souza, coordenador do Gabinete de Projetos Especiais, do qual o Professor do Amanhã faz parte.
"É preciso uma renovação na educação"
Reitor da Feevale, Cleber Prodanov explica que a universidade vinha desde 2019 com conversas junto ao governo do Estado buscando bolsas para todos os cursos de formação. “A Feevale recebeu 100 vagas, e a gente sabe que é extremamente importante trabalhar com formação de professores. Há um apagão de professores, a profissão não é muito atrativa pelo plano de carreira e também se torna caro. É importante darmos essa partida”, comenta.
Prodanov ressalta também que seguirá nas tratativas para, ano após ano, ampliar o número de bolsas e de cursos. “Hoje, a média de idade do professor é bastante alta, então é preciso uma renovação. Formar novos professores, atrair os jovens, que saibam lidar com as novas tecnologias”, completa.
De acordo com o Reitor da Unilasalle, Cledes Antonio Casagrande, a inclusão da Instituição no Programa auxiliará no fortalecimento da educação básica no Estado. “Esta é uma boa iniciativa para que o Poder Público, em parceria com as Universidade Comunitárias, comece realmente a solucionar esse problema da falta de professores. Este é o primeiro passo significativo e que mostra uma tendência do Estado e das Universidades a ter, no futuro, uma atenção ainda maior com essa realidade”, afirma.
Déficit de professores
Conforme a professora da Escola de Humanidades e coordenadora do programa Professor do Amanhã na Unisinos, Regina Urmersbach, existe a previsão de que, até 2040, o Brasil poderá ter um déficit de 235 mil professores na educação básica devido à baixa procura dos jovens aos cursos de licenciatura. “O desequilíbrio está estreitamente relacionado à baixa procura e a um conjunto de fatores, como a baixa atratividade da carreira docente. Além de programas como esses, é preciso de políticas que revejam o plano de carreira e as condições de trabalho dos professores”, afirma.
Para ela, o programa será uma forma de contribuir com um direito humano fundamental, que é ter acesso à educação de qualidade aos acadêmicos e seus alunos. “A Unisinos nasce com as licenciaturas, ou seja, formar professores é um compromisso jesuíta com a educação. Acredito que estamos contribuindo, pois são muitos os desafios do nosso tempo, desde a erradicação da pobreza e a consecução da justiça social até a luta contra as alterações climáticas. Os professores são atores fundamentais para esta visão do futuro”, conclui.
Quem pode concorrer a bolsas de estudo
As bolsas serão destinadas a estudantes que tenham concluído o ensino médio, preferencialmente em escolas públicas ou como bolsistas integrais em instituições privadas. Também serão considerados professores efetivos da rede pública estadual, com pelo menos três anos de experiência, que não possuam diploma de graduação. É requisito adicional ter participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e obtido, no mínimo, 400 pontos.
Os beneficiários das bolsas devem comprometer-se a realizar 300 horas de prática de ensino na rede pública estadual. Após a conclusão do curso, deverão dedicar no mínimo 1.920 horas a atividades docentes na mesma rede. Após a formatura, serão automaticamente incluídos no Cadastro de Contratações Temporárias, indicando a preferência pela Coordenadoria Regional de Educação.