UM MÊS APÓS ENCHENTE

"Nada será como antes": Moradores de São Sebastião do Caí convivem com o medo e os desafios de reconstrução

Rio Caí atingiu sua maior marca no dia 2 de maio, levando consigo inúmeras casas

Publicado em: 02/06/2024 19:58
Última atualização: 02/06/2024 20:32

São Sebastião do Caí se transformou em uma cidade marrom, consequência do barro de um Rio Caí que chegou a 17,60m no dia 2 de maio, mais de sete metros acima da cota de inundação. As marcas estão em todas as casas, até mesmo as que possuem dois andares ficaram encobertas. Um mês se passou e o rio está dentro de seu leito, não há mais alagamentos, grande parte dos destroços já foi removida e é feito um intenso trabalho de limpeza e recolhimento de entulhos.


Carlos e Daiane onde ficava sua casa, ao fundo, vizinhos também tiveram as casas destruídas Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

Contudo, nem todos os moradores já puderam voltar para suas casas. Muitos destes, nem mesmo tem casa para voltar. Atualmente, cerca de 50 famílias seguem abrigadas no Ginásio do Rio Branco e outras no Parque Centenário. Aqueles que voltaram para suas casas temem o que pode voltar a acontecer.

É o caso de Remi Petry, de 78 anos, que mora com a esposa e o filho há cerca de 200 metros do Rio Caí, onde a água cobriu os dois andares de sua casa. Com a residência limpa, Remi já comprou alguns móveis e busca um recomeço, mas ao presenciar uma enchente que jamais havia visto em seus 56 anos no local, ele não sabe o que temer no futuro.

Filho de remi mostra altura que chegou a água em sua casa, no segundo andarDário Gonçalves/GES-Especial
Remi Petry conta que a água chegou até a metade da chaminé vista ao fundoDário Gonçalves/GES-Especial
Por onde se olha, encontra-se uma cidade marromDário Gonçalves/GES-Especial
Marcas de onde a água chegou são vistas até nas construções mais altasDário Gonçalves/GES-Especial
Moradores aproveitaram domingo de sol para continuar com a limpezaDário Gonçalves/GES-Especial

Seu cunhado, Valdir Raimundo Ramos, 67 anos, mora na mesma rua. Em 2005, uma enchente entrou em sua casa e ele resolveu reconstruir sua casa 1,70m mais alta. Morando agora no segundo andar, a água chegou lá mesmo assim, “Minha filha, o marido e os filhos moram nesta outra casa no pátio, eles acabaram alugando um outro local e não sabem se voltam. Talvez eu faça o mesmo”, afirma.

Às margens do rio, as marcas são mais visíveisDário Gonçalves/GES-Especial
Às margens do rio, as marcas são mais visíveisDário Gonçalves/GES-Especial
Praças vazias e destruídasDário Gonçalves/GES-Especial
Por onde se olha, encontra-se uma cidade marromDário Gonçalves/GES-Especial
Marcas de onde a água chegou são vistas até nas construções mais altasDário Gonçalves/GES-Especial
Piscina de Valdir ainda com a água da enchenteDário Gonçalves/GES-Especial
Valdir morava na parte debaixo, após enchente em 2005, construiu para cima; desta vez, a água chegou no ar-condicionadoDário Gonçalves/GES-Especial

O casal Carlos Freitas, 65,e Daiane Freitas, 37, passam por uma situação ainda pior. Moradores da rua Coronel Guimarães, praticamente às margens do rio, tiveram sua casa destruída e levada pelas águas. Os dois ainda têm prestações até 2025 para pagar pelos móveis que compraram após a enchente de 2023. Desta vez, o recomeço será por inteiro. “Estamos tentando voltar ao normal, mas um normal diferente, nada será como antes”, comenta Carlos.

O casal e a filha de 11 anos estão abrigados na casa da mãe de Daiane e aproveitaram o domingo (2) de sol para voltar ao local e buscar por qualquer pertence que encontrar. “Neste momento, até mesmo um garfo e uma faca que encontrarmos precisamos pegar, porque ficamos sem nada e sem ter local para morar. Ficar abrigado por um mês na casa da minha mãe é uma coisa, mas isso não pode ser para sempre”, relata Daiane.

Da casa de Carlos e Daiane, nada sobrou.Dário Gonçalves/GES-Especial
O que sobrou da casa de Carlos e DaianeDário Gonçalves/GES-Especial
O que sobrou da casa de Carlos e DaianeDário Gonçalves/GES-Especial
Carlos também busca encontrar algo entre os destroçosDário Gonçalves/GES-Especial
Daiane procura por algum pertence que possa ter ficado no localDário Gonçalves/GES-Especial
Metade da casa foi levada pelas águasDário Gonçalves/GES-Especial

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Matérias Relacionadas