DADOS DA 2ª CRE
Um a cada cinco alunos da rede estadual precisa recuperar notas para passar de ano na região
Estudantes participam de programa de reforço que evita a reprovação escolar antes do início das aulas
Última atualização: 23/01/2024 11:55
Estudantes das escolas estaduais que não atingiram as médias ou tiveram número excessivo de faltas em 2022 têm uma última oportunidade para passar de ano. Iniciaram nessa quarta-feira (8) as aulas do projeto Estudos de Recuperação, desenvolvido pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc). Os alunos terão uma semana de aulas especiais e avaliações.
Na região da 2ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que compreende Novo Hamburgo e São Leopoldo, o órgão estima que um a cada cinco estudantes precisem de recuperação.
No Colégio Estadual 25 de Julho, em Novo Hamburgo, o primeiro dia foi tranquilo. O principal empecilho, de acordo com a direção, foi o curto espaço de tempo para organizar as atividades e convocar os alunos. "A escola está se adaptando para melhor receber os alunos. Os alunos em recuperação estão vindo para a escola e os que não estão vindo, estamos tentando contato com as famílias", afirma a diretora Andréia Müller.
Na escola Frederica Schütz Pacheco, eram esperados 31 estudantes para a recuperação. A escola tem, ao todo, 350 alunos. A adesão foi considerada boa pela direção. As famílias de três jovens optaram por não fazer a recuperação e preferiram que os estudantes repitam de ano, em função de estarem muito defasados.
Rotina
Nos primeiros dois dias, as atividades são focadas nas disciplinas de língua portuguesa e matemática. No primeiro ocorrem aulas de reforço e no segundo atividades de avaliação.
Para a diretora da escola Frederica, Daniela da Silva, a possibilidade de recuperação é válida, em função das perdas de aprendizagem durante a pandemia e pela alta evasão escolar. No entanto, Daniela pondera que a prática deve ser algo pontual. "Hoje estou vendo com bons olhos. A gente sabe que isso pode provocar em algumas pessoas uma impressão de que qualquer um passa e não precisa de esforço. Mas também temos que entender que a defasagem está muito grande. A gente precisa trazer os alunos de volta para a escola e sabemos que isso é difícil", diz.
Última oportunidade de aprovar
Por dois pontos em matemática, Yuri Eduardo de Andrade, 16 anos, ia repetir o 9º ano. O estudante afirma que seu desempenho escolar ficou abaixo do que costuma ser e avalia que a pandemia pesou. "Eu não conseguia prestar atenção, acabava não fazendo nada. Até colocar a cabeça em dia, demorou um pouco", afirma.
Yuri ficou feliz com a oportunidade de recuperar o conteúdo e garante que, no próximo ano, seu aproveitamento será melhor. "Vou me puxar mais para que, caso tenha a recuperação de novo, eu não precise fazer. É uma oportunidade para todo mundo que está com dificuldade. A maioria ficou por um ponto ou dois", diz.
Alunos aproveitando também em São Leopoldo
Na Escola Estadual Polisinos, que fica no bairro Rio Branco, o cronograma prevê períodos de aula nos três turnos. Pela manhã, são priorizadas turmas de ensino fundamental; à tarde e à noite, as de ensino médio. Em cada turno, seis períodos de matérias diferentes são realizados, a fim de atender os alunos que foram reprovados nestas matérias ou desistiram durante o ano.
"É por disciplina. Temos determinadas disciplinas e ele (o estudante) vem no dia e horário que tem a matéria que ele precisa recuperar", explica o diretor da instituição, Eloyr Raul Schneider, destacando que 18% dos cerca de 1,1 mil alunos poderão participar da recuperação.
Na tarde desta quarta-feira, uma das disciplinas oferecidas era a de matemática e o aluno do 1º ano do ensino médio Kleiton Rodrigues, 17 anos, aproveitou para relembrar os ensinamentos na matéria. Ele conta que acabou reprovando de ano, quando mudou o turno de aula que estudava do noturno para a tarde. Agora, ele vai aproveitar os estudos para melhorar as notas em cinco matérias. "Essa oportunidade é uma mão na roda", resumiu, sobre a possibilidade de seguir para o 2º ano.
Em Canoas, críticas ao modelo
Diretor da Escola Estadual André Leão Puente, Felipi Vidal Fraga classificou a medida tomada pelo Estado como "desestimulante" para a maioria dos alunos que se empenharam ao longo do ano passado inteiro pela aprovação. O diretor de 36 anos diz entender que a medida foi tomada visando recuperar estudantes que evadiram. Porém, ela pode ser vista como um sinal que "qualquer estudante pode passar de ano".
"Ao criar um recurso que pode viabilizar a aprovação de um estudante que não obteve mais de 75% da presença ao longo do ano letivo, o Estado está divulgando que qualquer um não precisa frequentar as aulas e mesmo assim pode conseguir passar de ano", opina.
Dos 1,2 mil alunos, cerca de 300 foram chamados para o reforço, mas a maioria não apareceu. "Acho que o Estado não vai conseguir trazer de volta a maioria dos estudantes que evadiram, porque eles não pararam de estudar por falta de esforço", frisa. "A situação está muito difícil e muitos precisaram parar de estudar para trabalhar e ajudar em casa. É o que observo."
Colaboraram: Priscila Carvalho e Leandro Domingos
Estudantes das escolas estaduais que não atingiram as médias ou tiveram número excessivo de faltas em 2022 têm uma última oportunidade para passar de ano. Iniciaram nessa quarta-feira (8) as aulas do projeto Estudos de Recuperação, desenvolvido pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc). Os alunos terão uma semana de aulas especiais e avaliações.
Na região da 2ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que compreende Novo Hamburgo e São Leopoldo, o órgão estima que um a cada cinco estudantes precisem de recuperação.
No Colégio Estadual 25 de Julho, em Novo Hamburgo, o primeiro dia foi tranquilo. O principal empecilho, de acordo com a direção, foi o curto espaço de tempo para organizar as atividades e convocar os alunos. "A escola está se adaptando para melhor receber os alunos. Os alunos em recuperação estão vindo para a escola e os que não estão vindo, estamos tentando contato com as famílias", afirma a diretora Andréia Müller.
Na escola Frederica Schütz Pacheco, eram esperados 31 estudantes para a recuperação. A escola tem, ao todo, 350 alunos. A adesão foi considerada boa pela direção. As famílias de três jovens optaram por não fazer a recuperação e preferiram que os estudantes repitam de ano, em função de estarem muito defasados.
Rotina
Nos primeiros dois dias, as atividades são focadas nas disciplinas de língua portuguesa e matemática. No primeiro ocorrem aulas de reforço e no segundo atividades de avaliação.
Para a diretora da escola Frederica, Daniela da Silva, a possibilidade de recuperação é válida, em função das perdas de aprendizagem durante a pandemia e pela alta evasão escolar. No entanto, Daniela pondera que a prática deve ser algo pontual. "Hoje estou vendo com bons olhos. A gente sabe que isso pode provocar em algumas pessoas uma impressão de que qualquer um passa e não precisa de esforço. Mas também temos que entender que a defasagem está muito grande. A gente precisa trazer os alunos de volta para a escola e sabemos que isso é difícil", diz.
Última oportunidade de aprovar
Por dois pontos em matemática, Yuri Eduardo de Andrade, 16 anos, ia repetir o 9º ano. O estudante afirma que seu desempenho escolar ficou abaixo do que costuma ser e avalia que a pandemia pesou. "Eu não conseguia prestar atenção, acabava não fazendo nada. Até colocar a cabeça em dia, demorou um pouco", afirma.
Yuri ficou feliz com a oportunidade de recuperar o conteúdo e garante que, no próximo ano, seu aproveitamento será melhor. "Vou me puxar mais para que, caso tenha a recuperação de novo, eu não precise fazer. É uma oportunidade para todo mundo que está com dificuldade. A maioria ficou por um ponto ou dois", diz.
Alunos aproveitando também em São Leopoldo
Na Escola Estadual Polisinos, que fica no bairro Rio Branco, o cronograma prevê períodos de aula nos três turnos. Pela manhã, são priorizadas turmas de ensino fundamental; à tarde e à noite, as de ensino médio. Em cada turno, seis períodos de matérias diferentes são realizados, a fim de atender os alunos que foram reprovados nestas matérias ou desistiram durante o ano.
"É por disciplina. Temos determinadas disciplinas e ele (o estudante) vem no dia e horário que tem a matéria que ele precisa recuperar", explica o diretor da instituição, Eloyr Raul Schneider, destacando que 18% dos cerca de 1,1 mil alunos poderão participar da recuperação.
Na tarde desta quarta-feira, uma das disciplinas oferecidas era a de matemática e o aluno do 1º ano do ensino médio Kleiton Rodrigues, 17 anos, aproveitou para relembrar os ensinamentos na matéria. Ele conta que acabou reprovando de ano, quando mudou o turno de aula que estudava do noturno para a tarde. Agora, ele vai aproveitar os estudos para melhorar as notas em cinco matérias. "Essa oportunidade é uma mão na roda", resumiu, sobre a possibilidade de seguir para o 2º ano.
Em Canoas, críticas ao modelo
Diretor da Escola Estadual André Leão Puente, Felipi Vidal Fraga classificou a medida tomada pelo Estado como "desestimulante" para a maioria dos alunos que se empenharam ao longo do ano passado inteiro pela aprovação. O diretor de 36 anos diz entender que a medida foi tomada visando recuperar estudantes que evadiram. Porém, ela pode ser vista como um sinal que "qualquer estudante pode passar de ano".
"Ao criar um recurso que pode viabilizar a aprovação de um estudante que não obteve mais de 75% da presença ao longo do ano letivo, o Estado está divulgando que qualquer um não precisa frequentar as aulas e mesmo assim pode conseguir passar de ano", opina.
Dos 1,2 mil alunos, cerca de 300 foram chamados para o reforço, mas a maioria não apareceu. "Acho que o Estado não vai conseguir trazer de volta a maioria dos estudantes que evadiram, porque eles não pararam de estudar por falta de esforço", frisa. "A situação está muito difícil e muitos precisaram parar de estudar para trabalhar e ajudar em casa. É o que observo."
Colaboraram: Priscila Carvalho e Leandro Domingos
Na região da 2ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que compreende Novo Hamburgo e São Leopoldo, o órgão estima que um a cada cinco estudantes precisem de recuperação.