Quase quatro meses após o começo da maior enchente da história de São Leopoldo, as três últimas escolas que ainda estavam sem aulas retomaram suas atividades na manhã desta segunda-feira (26).
Ao todo, a cidade teve 18 instituições da rede municipal afetadas pela cheia, impactando 9.597 estudantes. Hoje, voltaram às aulas as escolas municipais de Educação Infantil (EMEIs) Brinco de Princesa, no bairro Vicentina, Girassol, no bairro Santos Dumont e Acácia Mimosa, na Vila Paim.
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (Smed), nestes educandários foram realizadas pintura, substituição de pisos, revisão da rede elétrica e renovação das divisórias, além de limpeza e substituição da areia das pracinhas e do mobiliário.
Juntas, estas três instituições de ensino atendem a 364 crianças. Na avaliação da titular da Smed, Renata de Matos, apesar de melhorias ainda estarem sendo feitas, a recuperação das escolas de forma a poderem receber os estudantes foi rápida.
LEIA TAMBÉM: Ciclone na costa do RS intensifica frio e marcas negativas podem se repetir nesta segunda-feira
“Recuperar 18 escolas da forma como recuperamos, de fazermos todo o investimento necessário já que algumas precisaram ter forro, piso e pintura renovados, foi um tempo bastante rápido considerando o volume de obras que precisaram ser feitas”, comenta.
Segundo ela, na Emei Brinco de Princesa, ainda seguem sendo realizadas a pintura de aberturas internas e externas e a colocação de portas. Na Emei Acácia Mimosa, junto com a obra de reabilitação da escola, continua sendo realizada uma outra melhoria, que não tem relação com a enchente.
“É uma cobertura de uma área, uma compensação urbanística que foi feita para a escola e junto a ela, temos também a licitação para fazermos todos os complementares dessa cobertura, como a instalação de banheiros acessíveis, pintura, arquibancada, esgoto cloacal e pluvial, melhorias estas que já têm ordem de início para os próximos dias”, explica.
SAIBA MAIS: Vestibular da UFRGS está com inscrições abertas para 97 cursos de ensino superior; veja como participar
Na Emei Girassol, Renata destaca que foi realizado o básico para o retorno dos estudantes. Isso porque, uma escola completamente nova está sendo construída nos fundos do prédio atual. “É uma obra de mais de R$ 6 milhões que está em execução e com expectativa de entrega para março do ano que vem”, diz. “Em todas as outras escolas a gente tem obras em andamento, mas nenhuma delas que comprometa nem a segurança, nem a qualidade do atendimento”, completa.
O feliz retorno
Na Emei Brinco de Princesa, as atividades foram suspensas a partir do dia 29 de abril, quando alunos e funcionários tiveram de ser retirados de ônibus do local uma vez que a rua em frente à instituição de ensino já estava alagada no final da tarde. Por conta dos problemas de escoamento da via, a escola já havia sido construída num nível mais alto que a rua.
“Quando alagava. A água chegava no máximo no terceiro degrau. Quando ouvimos falar em enchente, imaginávamos que seria uns dois dias de alagamentos na rua apenas”, recorda a diretora da escola, Cristina Dexheimer. O que ninguém imaginava é que na rua, o volume da água atingiria os três metros. Dentro da escola foram 2,40 metros de água. “Perdemos tudo”, lamenta Cristina.
Segundo ela, 99 dos 101 alunos matriculados tiveram perdas em casa por causa da enchente, além de 18 colaboradores. No entanto, graças a mobilização do Conselho Escolar e de professoras, uma rede de solidariedade foi formada, auxiliando famílias e recuperando todos os brinquedos perdidos em meio à água e à lama.
“Todos os brinquedos novos foram conseguidos por meio de doações. Recebemos donativos da Secretaria de Educação de Atibaia. As professoras iam até onde as crianças estavam para levar alimentos, roupas, calçados, e muito carinho. Nossa preocupação era saber como elas estavam”, comenta a presidente do Conselho Escolar, Audrey Juliane Ribeiro de Melo.
Moradora do bairro Campestre, a professora Shaistha Silva, 40, não teve a casa atingida pela enchente, mas se engajou na mobilização para arrecadar donativos e brinquedos para a escola e as famílias dos estudantes.
“Estávamos longe da escola, mas não estávamos longe deles. Formamos uma rede de apoio para as famílias e para reestruturar a nossa escola. Nossa preocupação sempre foi a vulnerabilidade das crianças frente a tudo o que estava acontecendo”, recorda.
Sobre o retorno, Shaistha, disse que já estava com saudades dos pequenos. “Senti falta dessa rotina com eles. É bom saber que aqui eles têm um lugar seguro e planejado para recebê-los”, diz.
LEIA TAMBÉM
- Categorias
- Tags